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Arquitetura e Sustentabilidade

Os 5 R’s da sustentabilidade na arquitetura

Por Olívia Baldissera   | 

Os verbos repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar compõem a política dos 5 R’s da sustentabilidade, promovida pela Zero Waste International Alliance e popularizada pela ativista Bea Johnson em 2013.

Naquele ano, Johnson lançou o livro “Zero Waste Home: the Ultimate Guide to Simplifying your Life by Reducing your Waste”. A proposta do guia era levar os preceitos dos 5 R’s para dentro da casa das pessoas. 

Hoje esses princípios são seguidos antes mesmo de uma casa ser habitada, por meio de projetos de arquitetura sustentável

A seguir, você vai conhecer estratégias que podem ser usadas no planejamento e execução de projetos arquitetônicos que respeitam os 5 R’s da sustentabilidade. Acompanhe: 

  1. Repensar
  2. Recusar
  3. Reduzir
  4. Reutilizar
  5. Reciclar 

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1. Repensar

Repensar hábitos de consumo e ações cotidianas que impactam o meio ambiente é o primeiro princípio.

Na arquitetura, esse R significa avaliar todo o ciclo de vida de uma edificação, do seu planejamento à sua manutenção. Isso envolve usar materiais e mão de obra locais, reconsiderar decisões meramente estéticas e reduzir ao máximo o impacto ambiental no entorno da construção.

Também envolve ajustar todas as etapas do projeto arquitetônico às boas práticas do Green Building Council (GBC), detalhadas nos pré-requisitos da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)

  • Condições da localização e transporte;
  • Espaço sustentável;
  • Eficiência no uso da água;
  • Eficiência no uso da energia e atmosfera;
  • Eficiência no uso de materiais e recursos;
  • Qualidade ambiental interna;
  • Inovação e processos;
  • Créditos de prioridade regional, que são ações sugeridas pelo GBC para melhorar o desempenho da edificação.

Não basta o projeto seguir boas práticas de sustentabilidade. É preciso que os fornecedores as sigam também, o que pode ser verificado com a ajuda dos selos ambientais.

O mais conhecido é o EPD, sigla em inglês para “Environmental Product Declarations”, que segue as normas ISO 14025 e ISO 21930, tendo reconhecimento internacional.

>>> Leia também: As dimensões e os pilares da sustentabilidade

2. Recusar

O segundo R da sustentabilidade é a recusa de itens descartáveis.

Na arquitetura, podemos pensar na recusa de incluir materiais baseados em hidrocarbonetos (ou seja, plásticos). Eles podem ser substituídos por:

Lã de rocha

A lã de rocha surge a partir de rocha magmática e escória, subprodutos da produção de aço. Tem propriedades como resistência ao fogo, capacidades acústicas e térmicas, resistência à água e durabilidade em condições extremas.

Nos últimos anos, tem sido cada vez mais utilizada por arquitetos e designers preocupados com a sustentabilidade, que buscam materiais econômicos e esteticamente agradáveis. Exemplos de edificações que usam esse material são a O2 Arena, em Londres, e o Aeroporto de Hong Kong.

Fungos remodelados

Os fungos que crescem em árvores e no solo podem ser usados para emular materiais como a borracha, o poliestireno e a cortiça. Isso possibilita que sejam usados em embalagens e projetos de isolamento acústico.

Duas empresas que têm se destacado na pesquisa e produção desse tipo de material é a MycoWorks e a Ecovative.

Compensado de fibras de madeira recuperadas

O compensado de madeira convencional agride o meio ambiente ao usar uma cola à base de formaldeído, uma substância tóxica.

A empresa NU Green desenvolveu o Uniboard, um material feito de resíduos industriais ou fibras de madeira recuperadas que não usa formaldeído como cola. Assim, esse material reduz o lixo em aterros sanitários e emite menos gases de efeito estufa (GEE) em comparação com o compensado tradicional na sua produção. 

>>> Leia também: Sustentabilidade, a sexta onda de inovação

3. Reduzir

Esse princípio defende a redução da quantidade de resíduos produzidos. Hoje, podemos estendê-lo à diminuição do consumo de energia, da emissão de GEE e até da pegada ecológica.

O uso de materiais não contaminantes, duráveis e recicláveis na arquitetura é um exemplo. Algumas boas práticas são:

  • Prever sistemas leves em vez de estruturas pesadas no projeto, o que reduz o uso de matérias-primas.
  • Diminuir a quantidade de concreto em uma estrutura por meio de um dimensionamento consciente.
  • Adotar sistemas construtivos secos.
  • Usar materiais produzidos em locais próximos à construção, diminuindo assim a emissão de GEE.

Outro exemplo é a adoção da metodologia Building Information Modeling (BIM), que tem como objetivo coordenar todas as informações de um projeto, inclusive os custos e resíduos gerados.

O BIM reduz erros e desperdícios de material. Os softwares mais conhecidos que seguem esse método de trabalho são o Revit®, o ArchiCAD® e o AllPlan®.

Lembrando que a construção civil emitiu 10 toneladas de GEE em 2021, de acordo com o Relatório de Status Global de Edificação e Construção de 2022 da Organização das Nações Unidas (ONU). O setor foi responsável por 34% da demanda de energia e por 37% das emissões de CO2 relacionadas a energia e processos. 

>>> Leia também: Smart cities, a combinação de tecnologia e sustentabilidade no meio urbano

4. Reutilizar

Reutilizar implica em dar uma nova utilidade a objetos que seriam descartados. Na arquitetura, isso deve ser feito sem usar energia.

O reuso não se restringe aos materiais de construção. Esse princípio está presente na reutilização de edifícios pré-existentes para novas funções, em vez de criar uma edificação do zero, processo chamado de reuso adaptativo.

É o caso de hotéis que viram habitações populares ou de antigas fábricas que recebem escritórios e coworkings.

>>> Leia também: Os 11 princípios do urbanismo sustentável

5. Reciclar

O último R da sustentabilidade trata do processo de reciclagem, que, de forma simplificada, transforma materiais pré-existentes em novos produtos. Isso evita a extração de recursos naturais e reduz a quantidade de resíduos descartados.

Os materiais da construção civil que são mais fáceis de reciclar são:

  • Aço: sua versão reciclada é usada em pregos, arames e vergalhões para concreto armado.
  • Concreto: é possível reciclar o concreto endurecido com a ajuda de um britador especial. O resultado são agregados reciclados mais leves, o que reduz custos de produção e transporte.
  • Madeira: o uso de madeira de demolição já se popularizou no Brasil. Ela pode ser empregada em peças estruturais ou na produção de ripas para pallets. A moagem para fabricar chapas de MDF é bastante comum.
  • Isopor: com a reciclagem, o isopor pode se transformar em objetos de acabamento ou em tinta.
  • Vidro: pode ser transformado em fibra de vidro ou combinado ao concreto para criar pisos e bancadas de granilite. 

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Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora, é apaixonada por pesquisa, planejamento e conteúdo. Contribui para o blog da Pós PUCPR Digital desde 2021.

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