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Londres foi considerada a cidade mais inteligente do mundo pelo Cities Motion Index, ranking anual da IESE Business School da Universidade de Navarra que classifica smart cities de todos os continentes.
Mas qual a situação das cidades brasileiras? Em que posição estamos? E quais características determinam se uma cidade é ou não uma smart city?
É o que você vai ver logo mais.
Smart cities (ou “cidades inteligentes”, em português) são cidades que combinam investimentos em capital humano, social e tecnológico para impulsionar o crescimento econômico sustentável , a melhora na qualidade de vida da população e a gestão eficiente dos recursos naturais. Esse modelo pressupõe a participação ativa de cidadãs e cidadãos no planejamento e manutenção urbanos.
É importante destacar que não há uma única definição de smart city. Esse fenômeno de desenvolvimento urbano começou a ser conceituado na década de 1990, popularizando-se com o relatório “ Smart Cities: Ranking of European Medium-Sized Cities ”, elaborado por pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Viena em 2007.
Eles usaram como critérios para classificar as cidades inteligentes europeias a economia, a mobilidade, a governança e o autogerenciamento do espaço urbano feito por cidadãos conscientes e independentes.
Esse estudo inspirou a conceituação atual de smart cities, que se divide em duas categorias. A primeira se concentra no uso das tecnologias de informação e comunicação, as TICs, na infraestrutura urbana. A segunda inclui o capital social e o humano na equação do desenvolvimento urbano sustentável.
Independentemente da abordagem, as diferentes definições de smart city concordam que o objetivo final desse modelo é garantir o melhor uso dos recursos públicos, melhorando assim a vida das pessoas que vivem e circulam pela cidade. Isso pressupõe uma busca pela inovação constante, tanto por parte do poder público quanto por representantes da sociedade civil e da iniciativa privada.
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Quando se fala em classificar cidades como inteligentes, o IESE Cities in Motion Index é referência internacional. O estudo é elaborado pela IESE Business School da Universidade de Navarra, na Espanha, desde 2014. Em 2022, passou a analisar 183 cidades de todo o globo a partir de indicadores de sustentabilidade, justiça social e habitação.
Para elaborar o ranking de smart cities, são analisadas 9 dimensões:
Uma cidade inteligente deve ser capaz de atrair e reter talentos, planejar melhorias na educação e estimular a criatividade e a pesquisa científica.
Para medir o nível de capital humano de uma cidade, é preciso considerar o nível educacional da população e o acesso à cultura. O IESE Cities in Motion Index considera os seguintes indicadores para classificar uma smart city:
No estudo, coesão social significa o sentimento de pertencimento que as pessoas têm ao participar de um projeto ou vivenciar uma situação. Ou seja, a intensidade das interações sociais entre os habitantes de uma mesma cidade, que têm culturas, rendas e ocupações diferentes.
Os indicadores de coesão social usados para classificar as cidades inteligentes são:
Abrange os elementos necessários ao desenvolvimento econômico de uma cidade, como planejamento econômico, planejamento estratégico industrial, inovação e iniciativas empreendedoras.
Os indicadores avaliados são:
Em uma smart city, governança significa a efetividade do Estado em oferecer serviços públicos de qualidade ao mesmo tempo que otimiza o uso de recursos. Além disso, considera o incentivo à participação ativa dos cidadãos e a capacidade de envolvimento de empresas locais.
Para isso, o IESE Cities in Motion Index leva em conta:
Esta dimensão considera as ações tomadas para garantir um desenvolvimento sustentável, como construção de edifícios verdes, planos de transição energética, uso eficiente da água e demais recursos naturais e gestão de resíduos. Também inclui políticas públicas para minimizar os impactos das mudanças climáticas no curto, médio e longo prazo.
Os indicados analisados são:
Uma smart city deve facilitar o deslocamento e o acesso a serviços públicos por parte da população, independentemente do modal (metrô, ônibus, bicicleta ou a pé).
O IESE Cities in Motion Index analisa os seguintes indicadores nessa dimensão:
O planejamento urbano não se resume ao projeto de ruas e moradias. Ele deve incluir a criação de espaços públicos verdes e acessibilidade, criando cidades compactadas e conectadas. Isso envolvendo o poder público, organizações da sociedade civil, cidadãos, cientistas e representantes do setor privado.
A classificação de smart cities nessa dimensão envolve a análise de:
Uma cidade com perfil internacional é aquela que tem um planejamento estratégico para o turismo, atrai investimentos estrangeiros e tem representação no exterior.
Nesta dimensão, são avaliados:
A última dimensão das smart cities avalia a extensão do uso de tecnologias da comunicação e informação (TICs), o que reflete na melhora da qualidade de vida da população. O desenvolvimento tecnológico também possibilita um modelo produtivo mais sustentável do ponto de vista ambiental e social.
Os indicadores usados pelo IESE Cities in Motion Index aqui são:
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O IESE Cities in Motion Index inclui seis capitais brasileiras no ranking. Apesar de terem iniciativas de inovação pontuais, elas têm um índice inferior a 45, o que significa uma baixa performance nas dimensões avaliadas.
As cidades brasileiras que fazem parte das smart cities classificadas pelo IESE Cities in Motion Index são:
Já as dez cidades mais inteligentes do mundo têm índices superiores a 70. São elas:
As cidades brasileiras figuram nas últimas posições do ranking de 183 países por terem indicadores baixos nos quesitos de infraestrutura, desigualdade social, governança e investimento em pesquisa e tecnologia.
Vamos pegar São Paulo para ilustrar a situação. No IESE Cities in Motion Index de 2022, a capital paulista conquistou uma boa colocação na dimensão “Perfil Internacional”, a 27 ª posição em uma lista de 183 cidades. A metrópole também tem iniciativas premidas pelo Instituto Smart City Business America, como o Programa de Ciências Comportamentais , o Empreenda Fácil e o MEI Nota Fácil.
No entanto, nas demais dimensões do index, São Paulo tem indicadores que refletem a grande desigualdade social da capital. Por exemplo, o índice de Gini do município é de 0,6453 – o índice varia entre 0 e 1 e, quanto maior o valor, maior é a desigualdade econômica.
Já no quesito mobilidade a capital paulista está na 177ª posição. De acordo com o Numbeo , plataforma usada pelos pesquisadores da Universidade de Navarra para elaborar o IESE Cities in Motion Index, o tempo média gasto para se deslocar de um ponto para outro na cidade de São Paulo é de 50 minutos. Esse número coloca a metrópole entre as 30 cidades com maior tempo de deslocamento, em uma lista de 239 municípios.
Isso não significa que as cidades brasileiras não possam alcançar o modelo de smart cities. Existem iniciativas de pesquisa e de incentivo de prefeituras, estados e governo federal que visam a conectar os municípios e melhorar a qualidade de vida da população.
Um exemplo positivo é o projeto Smart City Laguna , criado em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, em 2011. Considerada a primeira cidade inteligente inclusiva do mundo, o projeto, de iniciativa privada, contou com a construção de casas apoiadas pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Os moradores contam com sinal gratuito de WiFi, postes inteligentes, espaços comunitários ao ar livre, bibliotecas, ciclovias e cozinhas compartilhadas.
E desde 2019 o governo federal coleta informações de todos os municípios brasileiros para fazer um diagnóstico de maturidade para Cidades Inteligentes e Sustentáveis, com o objetivo de elaborar uma política nacional para smart cities.
Seja no Brasil ou em outros países, as smart cities são um caminho promissor para enfrentar os problemas sociais e os impactos das mudanças climáticas. Esse modelo deve tornar as cidades um ambiente mais acolhedor, saudável e democrático para as gerações presentes e futuras.
Por okleina
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