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Economia da China: da abertura econômica aos dias atuais

28 de setembro de 2024

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    A China é a segunda maior economia do mundo, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas nem sempre o país asiático ocupou essa posição no cenário global. 

    Foram décadas de reformas, ainda que sob o regime comunista, para a China receber o título de “fábrica do mundo” e se tornar referência em tecnologia. 

    Aqui você vai encontrar um resumo de como essa nação da Ásia Oriental chegou ao crescimento econômico atual. Boa leitura! 

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    A história recente da economia da China

    Para entender como a China se tornou um ator principal no cenário global, é preciso conhecer a história da economia chinesa dos últimos 50 anos: 

    Década de 1970: pré-abertura e abertura da economia chinesa 

    Os anos 1970 marcaram o início de uma transformação profunda na economia chinesa. Até o final dessa década, a China estava sob o regime de planejamento centralizado, caracterizado pela autossuficiência e isolamento do comércio internacional. No entanto, após a morte de Mao Tsé-Tung em 1976 e a ascensão de Deng Xiaoping como líder dois anos depois, a China começou um processo gradual de abertura econômica e reforma. 

    Deng Xiaoping lançou a política de “Reformas e Abertura” em 1978, com foco na modernização dos setores agrícola, industrial, científico-tecnológico e de defesa. Isso permitiu que a China se integrasse ao comércio global e adotasse um sistema mais orientado para o mercado. O ponto de partida foi a criação de Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), como Shenzen, que serviram como experimentos para políticas econômicas de mercado. 

    A economia da China na década de 1980 

    Na década de 1980, as reformas continuaram a todo vapor. A ênfase estava no setor agrícola, com a introdução do sistema de responsabilidade contratual, em que os agricultores podiam vender seu excedente de produção no mercado livre após cumprirem suas cotas com o governo. Isso resultou em um aumento significativo da produtividade agrícola. 

    Ao mesmo tempo, as Zonas Econômicas Especiais atraíram investimentos estrangeiros, ajudando a impulsionar a industrialização. As empresas estatais passaram por uma reforma gradual, movendo-se de um controle rígido para uma gestão mais flexível e voltada ao mercado. 

    As reformas da década de 1990 

    Em 1992, após a “Tour do Sul” de Deng Xiaoping, as reformas econômicas receberam novo ímpeto, com uma abordagem ainda mais orientada ao mercado. A China aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, consolidando seu papel na economia global. 

    Durante esse período, as empresas estatais foram reestruturadas e o setor privado começou a ganhar força. As Zonas Econômicas Especiais continuaram a crescer, e as cidades costeiras se tornaram centros de manufatura e exportação. 

    China vira “fábrica do mundo” nos anos 2000 

    Nos anos 2000, a China consolidou sua posição como a “fábrica do mundo”, devido a sua mão de obra barata e à infraestrutura em rápida expansão.

    O país também começou a fazer investimentos maciços em inovação e desenvolvimento tecnológico, buscando mover-se para além da produção de baixo valor agregado. 

    No entanto, esse período também viu o surgimento de desigualdades regionais, com as regiões costeiras prosperando mais rapidamente que as áreas rurais do interior. 

    Década de 2010: liderança em tecnologia 

    Em 2010, o foco da economia chinesa mudou para o crescimento da demanda interna e a redução da dependência de exportações. A iniciativa “Made in China 2025” foi lançada, com o objetivo de tornar a China uma líder global em setores de alta tecnologia, como robótica, inteligência artificial e biotecnologia.

    O governo chinês também começou a abordar problemas estruturais, como o elevado endividamento de empresas estatais e a bolha imobiliária que ameaça até hoje a estabilidade econômica. 

    2020 aos dias atuais 

    Nos anos recentes, a China enfrentou novos desafios, incluindo a guerra comercial com os Estados Unidos, as consequências da pandemia de COVID-19 e principalmente o fim do bônus demográfico de sua população. 

    O país buscou fortalecer sua economia doméstica por meio de uma política de “dupla circulação”, que enfatiza tanto o mercado interno quanto o comércio internacional. 

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    Modelo, desenvolvimento e problemas da economia da China 

    O modelo econômico chinês é frequentemente descrito como uma mistura de socialismo com características de livre mercado. Embora o Estado mantenha o controle sobre setores estratégicos, como energia e transporte, há uma abertura significativa para o setor privado e o investimento estrangeiro. 

    Ou seja, a China adota um sistema de “economia socialista de mercado”, em que o planejamento estatal coexiste com elementos de mercado livre, possibilitando a rápida adaptação às condições econômicas globais. 

    Desde o início das reformas, a China experimentou uma taxa de crescimento econômico impressionante. Entre 1978 e 2010, o PIB do país cresceu a uma taxa média anual de cerca de 9%, tornando-se a segunda maior economia do mundo. O desenvolvimento rápido foi alimentado por uma combinação de industrialização, urbanização, comércio internacional e investimento em infraestrutura. 

    Apesar do sucesso econômico, a China enfrenta desafios significativos. A desigualdade de renda entre as áreas urbanas e rurais, o envelhecimento da população e a sustentabilidade ambiental são questões críticas. 

    O endividamento elevado de empresas estatais e governos locais também representa um risco para a estabilidade financeira. Além disso, o controle estatal sobre o sistema bancário e financeiro limita a eficiência do mercado e a alocação de capital. 

    O impacto da pandemia na economia da China 

    A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na economia chinesa, especialmente no início de 2020, quando a produção industrial caiu drasticamente devido aos bloqueios e à interrupção das cadeias globais de suprimentos. 

    No entanto, a resposta ágil do governo, com estímulos fiscais e monetários, ajudou a economia a se recuperar rapidamente, tornando-se uma das poucas grandes economias a crescer em 2020. 

    Além disso, a pandemia acelerou a transição para uma economia mais digital, com empresas de tecnologia desempenhando um papel vital na recuperação econômica. 

    Os setores da economia chinesa 

    Os principais setores da economia da China incluem manufatura, tecnologia, serviços e agricultura. O país asiático é o maior produtor mundial de bens manufaturados, especialmente em setores como eletrônicos, têxteis e produtos químicos. 

    O setor de tecnologia tem crescido rapidamente, com empresas como Alibaba, Tencent, e Huawei liderando o caminho em áreas como e-commerce, telecomunicações e inteligência artificial. 

    A agricultura continua a ser um setor importante, empregando uma grande parcela da população, embora sua contribuição para o PIB tenha diminuído com o avanço da industrialização e do setor de serviços. 

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    Conclusão

    Ao longo das últimas cinco décadas, a economia da China passou por uma transformação extraordinária desde a adoção das reformas de abertura na década de 1970, evoluindo de uma economia agrária e isolada para a segunda maior potência econômica mundial.

    Esse sucesso foi impulsionado por uma combinação de políticas voltadas para o livre mercado, industrialização acelerada e uma integração estratégica com o comércio global. 

    Contudo, o país enfrente desafios complexos, como o aumento da desigualdade, o envelhecimento da população e questões ambientais, além de lidar com os impactos contínuos da pandemia de COVID-19. 

    À medida que a China avança no século 21, sua capacidade de equilibrar o crescimento econômico com a sustentabilidade e a inovação tecnológica será crucial para manter seu papel de liderança na economia global. 

    💡Quer saber mais sobre a economia da China? Confira as fontes consultadas para a elaboração deste artigo: 

    • Banco Mundial (2021). Rebalancing Act – From Recovery to High-Quality Growth. China Economic Update, December 2021. 
    • Huang, Y. (2008). Capitalism with Chinese Characteristics: Entrepreneurship and the State. Cambridge University Press. 
    • Lardy, N. R. (1998). China's Unfinished Economic Revolution. Brookings Institution Press. 
    • Lardy, N. R. (2019). The State Strikes Back: The End of Economic Reform in China? Peterson Institute for International Economics. 
    • Lin, J. Y. (2012). Demystifying the Chinese Economy. Cambridge University Press. 
    • Naughton, B. (2007). The Chinese Economy: Transitions and Growth. MIT Press. 
    • Wu, F., Liu, G., Guo, N., Li, Z., & Deng, X. (2021). The impact of COVID-19 on China’s regional economies and industries. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11442-021-1859-3 

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