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A China é a segunda maior economia do mundo, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas nem sempre o país asiático ocupou essa posição no cenário global.
Foram décadas de reformas, ainda que sob o regime comunista, para a China receber o título de “fábrica do mundo” e se tornar referência em tecnologia.
Aqui você vai encontrar um resumo de como essa nação da Ásia Oriental chegou ao crescimento econômico atual. Boa leitura!
Para entender como a China se tornou um ator principal no cenário global, é preciso conhecer a história da economia chinesa dos últimos 50 anos:
Os anos 1970 marcaram o início de uma transformação profunda na economia chinesa. Até o final dessa década, a China estava sob o regime de planejamento centralizado, caracterizado pela autossuficiência e isolamento do comércio internacional. No entanto, após a morte de Mao Tsé-Tung em 1976 e a ascensão de Deng Xiaoping como líder dois anos depois, a China começou um processo gradual de abertura econômica e reforma.
Deng Xiaoping lançou a política de “Reformas e Abertura” em 1978, com foco na modernização dos setores agrícola, industrial, científico-tecnológico e de defesa. Isso permitiu que a China se integrasse ao comércio global e adotasse um sistema mais orientado para o mercado. O ponto de partida foi a criação de Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), como Shenzen, que serviram como experimentos para políticas econômicas de mercado.
Na década de 1980, as reformas continuaram a todo vapor. A ênfase estava no setor agrícola, com a introdução do sistema de responsabilidade contratual, em que os agricultores podiam vender seu excedente de produção no mercado livre após cumprirem suas cotas com o governo. Isso resultou em um aumento significativo da produtividade agrícola.
Ao mesmo tempo, as Zonas Econômicas Especiais atraíram investimentos estrangeiros, ajudando a impulsionar a industrialização. As empresas estatais passaram por uma reforma gradual, movendo-se de um controle rígido para uma gestão mais flexível e voltada ao mercado.
Em 1992, após a “Tour do Sul” de Deng Xiaoping, as reformas econômicas receberam novo ímpeto, com uma abordagem ainda mais orientada ao mercado. A China aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, consolidando seu papel na economia global.
Durante esse período, as empresas estatais foram reestruturadas e o setor privado começou a ganhar força. As Zonas Econômicas Especiais continuaram a crescer, e as cidades costeiras se tornaram centros de manufatura e exportação.
Nos anos 2000, a China consolidou sua posição como a “fábrica do mundo”, devido a sua mão de obra barata e à infraestrutura em rápida expansão.
O país também começou a fazer investimentos maciços em inovação e desenvolvimento tecnológico, buscando mover-se para além da produção de baixo valor agregado.
No entanto, esse período também viu o surgimento de desigualdades regionais, com as regiões costeiras prosperando mais rapidamente que as áreas rurais do interior.
Em 2010, o foco da economia chinesa mudou para o crescimento da demanda interna e a redução da dependência de exportações. A iniciativa “Made in China 2025” foi lançada, com o objetivo de tornar a China uma líder global em setores de alta tecnologia, como robótica, inteligência artificial e biotecnologia.
O governo chinês também começou a abordar problemas estruturais, como o elevado endividamento de empresas estatais e a bolha imobiliária que ameaça até hoje a estabilidade econômica.
Nos anos recentes, a China enfrentou novos desafios, incluindo a guerra comercial com os Estados Unidos, as consequências da pandemia de COVID-19 e principalmente o fim do bônus demográfico de sua população.
O país buscou fortalecer sua economia doméstica por meio de uma política de “dupla circulação”, que enfatiza tanto o mercado interno quanto o comércio internacional.
O modelo econômico chinês é frequentemente descrito como uma mistura de socialismo com características de livre mercado. Embora o Estado mantenha o controle sobre setores estratégicos, como energia e transporte, há uma abertura significativa para o setor privado e o investimento estrangeiro.
Ou seja, a China adota um sistema de “economia socialista de mercado”, em que o planejamento estatal coexiste com elementos de mercado livre, possibilitando a rápida adaptação às condições econômicas globais.
Desde o início das reformas, a China experimentou uma taxa de crescimento econômico impressionante. Entre 1978 e 2010, o PIB do país cresceu a uma taxa média anual de cerca de 9%, tornando-se a segunda maior economia do mundo. O desenvolvimento rápido foi alimentado por uma combinação de industrialização, urbanização, comércio internacional e investimento em infraestrutura.
Apesar do sucesso econômico, a China enfrenta desafios significativos. A desigualdade de renda entre as áreas urbanas e rurais, o envelhecimento da população e a sustentabilidade ambiental são questões críticas.
O endividamento elevado de empresas estatais e governos locais também representa um risco para a estabilidade financeira. Além disso, o controle estatal sobre o sistema bancário e financeiro limita a eficiência do mercado e a alocação de capital.
A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na economia chinesa, especialmente no início de 2020, quando a produção industrial caiu drasticamente devido aos bloqueios e à interrupção das cadeias globais de suprimentos.
No entanto, a resposta ágil do governo, com estímulos fiscais e monetários, ajudou a economia a se recuperar rapidamente, tornando-se uma das poucas grandes economias a crescer em 2020.
Além disso, a pandemia acelerou a transição para uma economia mais digital, com empresas de tecnologia desempenhando um papel vital na recuperação econômica.
Os principais setores da economia da China incluem manufatura, tecnologia, serviços e agricultura. O país asiático é o maior produtor mundial de bens manufaturados, especialmente em setores como eletrônicos, têxteis e produtos químicos.
O setor de tecnologia tem crescido rapidamente, com empresas como Alibaba, Tencent, e Huawei liderando o caminho em áreas como e-commerce, telecomunicações e inteligência artificial.
A agricultura continua a ser um setor importante, empregando uma grande parcela da população, embora sua contribuição para o PIB tenha diminuído com o avanço da industrialização e do setor de serviços.
Ao longo das últimas cinco décadas, a economia da China passou por uma transformação extraordinária desde a adoção das reformas de abertura na década de 1970, evoluindo de uma economia agrária e isolada para a segunda maior potência econômica mundial.
Esse sucesso foi impulsionado por uma combinação de políticas voltadas para o livre mercado, industrialização acelerada e uma integração estratégica com o comércio global.
Contudo, o país enfrente desafios complexos, como o aumento da desigualdade, o envelhecimento da população e questões ambientais, além de lidar com os impactos contínuos da pandemia de COVID-19.
À medida que a China avança no século 21, sua capacidade de equilibrar o crescimento econômico com a sustentabilidade e a inovação tecnológica será crucial para manter seu papel de liderança na economia global.
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