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Arquitetura e Sustentabilidade

Mineração urbana: recuperando tesouros ocultos nas cidades

Por Redação Pós PUCPR Digital   | 

Enquanto caminhamos pelas ruas das cidades, estamos cercados por uma fonte valiosa de recursos que muitas vezes passa despercebida: o lixo.

Sim, isso mesmo.

Por meio da mineração urbana, é possível extrair tesouros ocultos do que foi descartado pelas pessoas e pela indústria.

Conheça esse processo a seguir:

O que é mineração urbana? 
A diferença entre mineração tradicional e mineração urbana 
Benefícios da mineração urbana 
Os limites da mineração urbana 

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O que é mineração urbana?

Também chamada de mineração secundária, a mineração urbana é o processo de obtenção de matéria-prima a partir de resíduos gerados no meio urbano. Esses resíduos são reciclados e reutilizados pela indústria, que os coloca novamente em circulação.

Praticamente qualquer tipo de resíduos pode ser recuperado pela mineração urbana: de metais como ouro, prata, cobre e alumínio, presentes em smartphones e demais eletrônicos, ao entulho gerado na construção civil.

O termo também se refere a uma área de fronteira do conhecimento que fomenta o desenvolvimento de modelos de negócio sustentáveis, além de técnicas alinhadas às necessidades e regulamentações vigentes.

O nome desse processo, “mineração urbana”, foi cunhado na década de 1980 pelo pesquisador Hideo Nanjyo, professor da Universidade de Tohoku, no Japão.

Essa prática, que ganhou destaque nas últimas décadas, tem se mostrado uma solução sustentável para reduzir o impacto ambiental causado pela ação humana. Em vez de extrair recursos naturais em áreas remotas, a mineração urbana concentra-se em reaproveitar os recursos já existentes, promovendo a transição à economia circular

Um aspecto crucial da mineração urbana é a implementação da logística reversa, sistema que possibilita a coleta, triagem e recuperação dos materiais para reintroduzi-los na cadeia produtiva. Ela pode ser feita pelas próprias marcas que colocaram os produtos no mercado ou por empresas especializadas em reciclagem.

>>> Leia também: Os 5 R’s da sustentabilidade

A diferença entre mineração tradicional e mineração urbana

A principal diferença entre a mineração tradicional e a mineração urbana está na fonte da matéria-prima.

Enquanto a mineração tradicional implica a extração de recursos naturais, como minerais e metais preciosos, em áreas geograficamente específicas, a mineração urbana concentra-se em recuperar e reutilizar materiais presentes nos resíduos urbanos.

Essa abordagem contribui para a preservação dos recursos naturais, uma vez que reduz a necessidade de extração de novos minérios e evita a degradação ambiental associada a essa prática.

Benefícios da mineração urbana

Além de preservar os recursos naturais, a mineração urbana contribui para a redução de emissão dos gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera.

Como exemplo, vamos usar o levantamento feito pela equipe de reportagem do portal eCycle, com informações do Anuário da Reciclagem 2021 e do método de geração de RCEs (Reduções Certificadas de Emissões) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).

Entre 2020 e 2021, 651 organizações de catadores direcionaram 326,7 mil toneladas de material para reciclagem, o que representa um potencial de redução de 153,7 mil toneladas de CO2.

Esse potencial decorre da diminuição da produção de novos materiais (como plástico, metal e vidro) equivalentes à quantidade coletada. Entra na conta a redução de emissão de gás metano proveniente da decomposição dos materiais em aterros e lixões.

Outro benefício é econômico. Com a mineração urbana de cobre, alumínio, ouro e prata, seria possível economizar R$ 4 bilhões no Brasil na produção de novos produtos pela indústria.

>>> Leia também: Smart cities, a combinação de tecnologia e sustentabilidade no meio urbano

Os limites da mineração urbana

Em artigo publicado na Foresight, observatório de políticas sobre o clima do Centro Euro-Mediterraneo sui Cambiamenti Climatici (CMCC), o jornalista Davide Michielin explicou o que impede a expansão da mineração urbana.

Há uma lacuna entre o potencial de produção de matéria-prima da mineração urbana e a quantidade de material que realmente pode ser recuperado. Atualmente, o foco é a obtenção de metais valiosos, como cobre, prata e ouro, o que coloca em segundo plano o processo de reciclagem de outros resíduos.

Também há limitações na recuperação de materiais obtidos em aterros sanitários e lagoas de rejeitos. Para a maioria desses materiais, as taxas de reciclagem são inferiores a 10% da quantidade potencialmente reciclável.

Falando especificamente do Brasil, a questão é os baixos índices de reciclagem do país, apesar de contarmos com uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10).

O país gera 27,7 milhões de toneladas de lixo todos os anos, mas apenas 4% desses resíduos são reciclados, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Dentre os fatores para esses baixos índices está a falta de infraestrutura de muitas cidades para fazer a coleta, a triagem e o direcionamento dos materiais para que voltem ao ciclo produtivo.

Apesar das limitações, a mineração urbana se mostra como uma solução inovadora e sustentável para diversos setores da economia. É mais uma ferramenta fundamental no combate às mudanças climáticas.

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Redação Pós PUCPR Digital

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