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Arquitetura e Sustentabilidade

As dimensões e os pilares da sustentabilidade

Por Olívia Baldissera   | 

A sustentabilidade protagoniza a agenda de governos e de empresas, do mercado financeiro e da sociedade como um todo.

A preocupação com o impacto da atividade humana também já altera a dinâmica do mundo do trabalho, que passa a exigir de organizações e profissionais a capacidade de produzir sem exaurir os recursos naturais que serão necessários para a sobrevivência das próximas gerações.

Mas o que “sustentabilidade” significa de fato?

Mais do que preservar a natureza, o termo engloba uma multidimensionalidade que tem sido discutida por entidades internacionais e pesquisadores nas últimas décadas.

Continue a leitura para conhecer as definições mais bem aceitas de sustentabilidade, além de entender como ela afeta o meio organizacional e o mercado de trabalho.

Confira:

O conceito de sustentabilidade
O que é desenvolvimento sustentável
Dimensões da sustentabilidade
Os 3 pilares da sustentabilidade
A sustentabilidade e o mercado de trabalho

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O conceito de sustentabilidade

Sustentabilidade é o suprimento das necessidades do presente sem o comprometimento da capacidade das gerações futuras de satisfazerem as próprias necessidades.

Essa é a definição da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgada em 1987 no relatório “Our Common Future” (“Nosso Futuro Comum”, em tradução para o português), também chamado de Relatório Brundtland.

Nessa perspectiva, a sustentabilidade pressupõe um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a proteção ambiental e a justiça social. Ela deve ser abordada de forma integrada e global, envolvendo ações coordenadas em níveis local, nacional e internacional.

Esse conceito começou a ser discutido na primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, a Conferência de Estocolmo. Realizado em junho de 1972, o encontro visava a chamar a atenção internacional para a degradação ambiental e à poluição.

A ONU criou uma comissão exclusiva para o tema em 1983, liderada pela ex-primeira ministra norueguesa e médica Gro Harlem Brundtland. A Comissão Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento tinha como missão estabelecer padrões de desenvolvimento sustentável par aos países, a partir das pesquisas sobre os impactos da atividade humana no planeta.

O resultado foi a publicação do relatório “Our Common Future”, que falamos por aqui, e o estabelecimento do conceito de “desenvolvimento sustentável”.

Em 2020, uma equipe liderada pelo pesquisador Christoph Rupprecht, então no Research Institute for Humanity and Nature (RIHN), propôs uma expansão para o conceito de sustentabilidade.

No artigo “Multispecies sustainability”, publicado no periódico “Global Sustainability” da Universidade de Cambridge, os pesquisadores criticam a visão corrente de que a natureza se trata apenas de um recurso a ser aproveitado pelos seres humanos.

A verdadeira sustentabilidade estaria no respeito as necessidades interdependentes de todas os seres vivos, tanto no presente quanto no futuro. Assim, eles chegaram ao conceito de “sustentabilidade multiespécies”: 

"Sustentabilidade multiespécie significa atender às necessidades diversas, mutáveis, interdependentes e irredutivelmente inseparáveis de todas as espécies do presente, ao mesmo tempo em que aprimora a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades.".

Para a equipe de Christoph Rupprecht, é por meio dessa perspectiva que a sociedade vai conseguir implementar um desenvolvimento sustentável real.

O que é desenvolvimento sustentável

O desenvolvimento sustentável é o conjunto de processos e caminhos necessários para se alcançar a sustentabilidade, de acordo com o mesmo Relatório Brundtland: 

“[O desenvolvimento sustentável deve ser entendido como] um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender as necessidades e aspirações humanas.”.

É uma proposta de longo prazo, o que implica limitações sobre o uso de recursos ambientais e respeito à capacidade da biosfera de absorver os efeitos das atividades humanas.

O conceito se consolidou no cenário internacional em 1992, no Rio de Janeiro, com a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a ECO-92. Os representantes dos países membros se comprometeram a considerar componentes econômicos, ambientais e sociais nas políticas de governo, além de assinarem a Declaração do Rio e a Agenda 21.

Nos anos seguintes, a ONU estabeleceu agendas norteadoras para as ações dos países membros, baseadas na ideia de desenvolvimento sustentável:

  • Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM): elaborados nos anos 2000, a partir de uma perspectiva global. Os 8 ODM abrangiam a promoção da dignidade humana e o enfrentamento à pobreza, à fome, às doenças, ao analfabetismo, à degradação ambiental e à discriminação contra as mulheres. 
  • Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): propostos em 2015 como uma atualização dos ODM, visando à erradicação da pobreza em todas as suas formas até 2030. Contemplam os 3 pilares da sustentabilidade, que são as dimensões econômica, social e ambiental.

Os 17 ODS seriam os caminhos que a sociedade como um todo, no nível global e local, deve percorrer para promover a sustentabilidade. Os 17 ODS são:

  1. Erradicação da pobreza
  2. Fome zero e agricultura sustentável
  3. Saúde e bem-estar
  4. Educação de qualidade
  5. Igualdade de gênero
  6. Água potável e saneamento
  7. Energia limpa e acessível
  8. Trabalho decente e crescimento econômico
  9. Indústria, inovação e infraestrutura
  10. Redução das desigualdades
  11. Cidades e comunidades sustentáveis
  12. Consumo e produção responsáveis
  13. Ação contra a mudança global do clima
  14. Vida na água
  15. Vida terrestre
  16. Paz, justiça e instituições eficazes
  17. Parcerias e meios de implementação 

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Divulgação/Nações Unidas Brasil.Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Divulgação/Nações Unidas Brasil

Dimensões da sustentabilidade

Para estudiosos do tema, as definições trazidas pelo Relatório Brundtland não contemplam a multidimensionalidade da sustentabilidade, o que dificulta colocar suas ideias em prática e, assim, alcançar os 17 ODS.

O economista Ignacy Sachs propõe desagregar a sustentabilidade em 8 dimensões quantificáveis, que podem passar por intervenções específicas e localizadas:

  1. Social: distribuição de renda, qualidade de vida e maior igualdade social;
  2. Cultural: equilíbrio entre tradição e inovação, dando autonomia a projetos nacionais, ao mesmo tempo em que promove a confiança e abertura para o mundo;
  3. Ecológica: preservação dos recursos naturais, bem como limitação de uso;
  4. Ambiental: respeito aos ecossistemas naturais;
  5. Territorial: equilíbrio entre os meios urbanos e rurais, implementação de estratégias de desenvolvimento local;
  6. Econômica: equilíbrio econômico entre setores, segurança alimentar, modernização dos meios produtivos e incentivo a pesquisas científicas;
  7. Política nacional: proteção da democracia e dos direitos humanos, além de incentivo à parceria entre governos e empreendedores;
  8. Política internacional: promoção da paz e da cooperação internacional, controle financeiro, gestão da diversidade natural e cultural e cooperação científica.

Os 3 pilares da sustentabilidade

A proposta do Relatório Brundtland também implica a participação de organizações da iniciativa privada. Para ajudar as empresas a direcionarem suas ações em prol do desenvolvimento sustentável, o sociólogo e fundador da consultoria SustainAbility, John Elkington, elaborou o modelo dos 3 pilares da sustentabilidade – também chamado de “triple bottom line” ou “tripé da sustentabilidade”.

No livro “Cannibals with forks” (1997), Elkington definiu e popularizou os pilares da sustentabilidade:

  1. Ambiental
  2. Social
  3. Econômico

Para Elkington, os pilares devem servir como norteadores das decisões relacionadas à gestão organizacional e à execução de um modelo de negócio. Uma empresa só pode ser considerada lucrativa se funcionar a partir dos 3 pilares.

A sustentabilidade e o mercado de trabalho

Podemos analisar a influência da preocupação com a sustentabilidade e com o desenvolvimento sustentável no mundo do trabalho a partir de duas perspectivas, a organizacional e a do indivíduo profissional.

Do ponto de vista organizacional, a mudança mais imediata é a adoção dos preceitos ESG.

O ESG é a sigla para:

  • Enviromental (ambiente): abrange medidas de proteção do meio ambiente, o que inclui esforços para conter as mudanças climáticas, preservação da biodiversidade e gestão de resíduos;
  • Social: abrange medidas que valorizam as pessoas, sejam os consumidores ou os colaboradores. Inclui ações de diversidade, inclusão, equidade, privacidade, proteção de dados e relações trabalhistas;
  • Governance (Governança): abrange medidas de gestão, que tratam sobre ouvidoria, combate à corrupção e responsabilidade fiscal.

O termo ESG foi usado pela primeira vez no estudo “Who Cares Wins — Connecting Financial Markets to a Changing World”, realizado pela ONU em 2004 para servir como um guia de sustentabilidade para o mercado financeiro. O documento foi endossado por 20 instituições financeiras, incluindo o Banco do Brasil.

>>> Leia também: O que são os investimentos ESG

Do ponto de vista profissional, o mercado tem exigido outro tipo de habilidades além das socioemocionais. São as green skills, também chamadas de “habilidades verdes”.

O relatório "Global Green Skills 2022" do LinkedIn mostrou que, no ano passado, pelo menos 10% dos anúncios de vagas na rede social tinham habilidades verdes como pré-requisito. Outra conclusão do documento foi o aumento da participação de “talentos verdes” nas empresas em 38,5% entre 2015 e 2022. 

O que seriam essas habilidades verdes?

As green skills são o conhecimento, as competências, os valores e as atitudes necessárias para trabalhar em atividades econômicas que contribuem para a proteção do meio ambiente e para o uso sustentável dos recursos naturais, segundo a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI)

Um profissional que tem green skills domina os seguintes conhecimentos básicos:

  • Eficiência energética;
  • Energias renováveis;
  • Gestão de resíduos;
  • Agricultura sustentável;
  • Transporte sustentável;
  • Gerenciamento de água;
  • Construções sustentáveis;
  • Educação ambiental;
  • Preceitos do ESG.

As green skills podem ser desenvolvidas por todo profissional em cursos de pós-graduação, um ótimo caminho para quem quer trabalhar com sustentabilidade.

Na Pós PUCPR Digital, são oferecidas 3 especializações para quem quer desenvolver suas green skills:

Outro caminho é investir em cursos rápidos, que tratam sobre questões específicas relacionadas à sustentabilidade. Nesse formato, a Pós PUCPR Digital oferece:

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💡Quer se aprofundar na discussão sobre sustentabilidade? Confira as fontes consultadas e obras mencionadas para este guia do Blog da Pós PUCPR Digital:

Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora, é apaixonada por pesquisa, planejamento e conteúdo. Contribui para o blog da Pós PUCPR Digital desde 2021.

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