A Teoria da Mudança é um modelo de planejamento usado por empreendedores sociais e organizações para descrever o impacto desejado causado por uma intervenção ou programa em uma determinada comunidade.
Se você se interessa por negócios sociais e sonha em realizar um projeto de impacto na sua empresa, esse é um dos métodos mais indicados. Ele facilita a visualização de ações práticas que, no longo prazo, vão melhorar a vida das pessoas.
Conheça o conceito e os estágios da Teoria da Mudança a seguir:
O que diz a Teoria da Mudança
Quem criou a Teoria da Mudança
Vantagens e desvantagens de aplicar a Teoria da Mudança
Quando aplicar o método da Teoria da Mudança
Os 6 estágios da Teoria da Mudança
A Teoria da Mudança é uma abordagem de planejamento que reúne atributos de avaliação, mensuração e acompanhamento do impacto de um programa. Ela trabalha com uma perspectiva de resultados a longo prazo, analisada a partir da sequência de resultados intermediários.
A aplicação da Teoria da Mudança começa com a descrição do que se espera alcançar, etapa que vai nortear o mapeamento do que deve ser feito no curto e médio prazo para chegar a esse objetivo. Para isso, é feita uma representação gráfica causal de como e por que uma mudança deve acontecer em um dado contexto.
Modelo de Teoria da Mudança adaptado do Planet B Insights
Assim fica mais fácil para todos os envolvidos visualizarem que os resultados de longo prazo só serão alcançados caso os de médio e curto prazo sejam atingidos. Representantes de todos os stakeholders devem fazer parte do processo, o que inclui diretores, colaboradores, parceiros e beneficiários do programa.
É importante lembrar que os indicadores de sucesso estabelecidos para os resultados de curto, médio e longo prazo devem ser mensuráveis. Também devem ser definidas ações específicas para alcançar cada um dos objetivos.
Os três tipos de organização que mais usam a Teoria da Mudança são:
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Não dá para mencionar apenas um nome como criador. A Teoria da Mudança é uma construção coletiva que se iniciou na década de 1950 e ganhou força na organização internacional sem fins lucrativos Aspen Institute.
Foi nesse espaço de debate que surgiu o Roundtable on Community Change, em 1990, cujas conclusões foram publicadas no livro “New Approaches to Evaluating Comprehensive Community Initiatives” (1995).
Dentre os pesquisadores que contribuíram para a definição do conceito estão Huey Chen, Peter Rossi, Michael Quinn Patton e Carol Weiss. Esta foi a grande responsável pela popularização do nome “Teoria da Mudança”, além de colocar como um dos objetivos a resposta a três perguntas fundamentais:
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As vantagens da Teoria da Mudança são:
Já como desvantagem podemos citar possíveis falhas que podem surgir na cadeia resultados, ao estabelecer metas de longo prazo que não podem ser alcançadas pelas de médio e curto. Por isso o indicado é combinar a Teoria da Mudança com outras metodologias de gestão.
A Teoria da Mudança é indicada para todo empreendedor ou grande organização que deseja ter uma compreensão clara e sistematizada dos resultados que deseja alcançar no longo prazo. O método também permite visualizar a forma e os passos necessários para alcançar os objetivos.
Algumas situações específicas em que a Teoria da Mudança pode ser aplicada são:
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O Center for Theory of Change, organização sem fins lucrativos que promove padrões e boas práticas na implementação da Teoria da Mudança, estabeleceu 6 estágios para aplicar o método e alcançar o objetivo de longo prazo desejado.
Conheça cada um deles abaixo:
O estágio 1 envolve o levantamento de todos os recursos necessários para implementar um programa, como valores financeiros, equipamentos, espaço físico, pessoal e conhecimento técnico. Sem eles, há grandes riscos de os objetivos intermediários e de longo prazo não serem alcançados.
Os insumos podem ser obtidos de diversas fontes, como financiadores, doações, voluntários, parcerias e apoio do governo. A disponibilidade e a qualidade também podem variar de acordo com o contexto e a capacidade dos parceiros do programa.
No caso de negócios sociais, os insumos podem vir de investidores ou de subsídio cruzado, termo se refere à elevação dos preços cobrados para um determinado grupo de consumidores. A ideia é obter receitas adicionais que compensem as perdas decorrentes da prestação do mesmo serviço a uma classe de clientes que paga preços inferiores ao custo de produção.
Vamos usar como exemplo nesse e nos demais estágios da Teoria da Mudança um programa social que pretende reduzir a evasão escolar de adolescentes em uma determinada comunidade. Os insumos necessários para começar a intervenção seriam:
As ações concretas realizadas para implementar a intervenção ou programa. As atividades são planejadas com base nos resultados esperados e nos recursos disponíveis.
Alguns exemplos são:
As atividades devem ser planejadas de forma a alcançar o maior número possível de pessoas, maximizando o impacto do programa. Ao implementá-las, é importante monitorar e avaliar o progresso para, quando for preciso, ajustar as estratégias e garantir os resultados esperados.
São os resultados imediatos ou tangíveis das atividades implementadas no estágio anterior. Eles são medidos com indicadores quantitativos, como:
O terceiro estágio da Teoria da Mudança ajuda a avaliar o progresso do programa no curto prazo, ao fornecer evidências sobre o alcance e eficácia das atividades implementadas.
No entanto, os produtos por si só não são sinônimo de que o programa alcançou os objetivos de longo prazo. Lembre-se de que eles são apenas uma medida dos efeitos imediatos das atividades.
Voltemos ao nosso exemplo do programa de redução de evasão escolar. Um dos produtos que pode ser mensurado é o número de estudantes atendidos, a frequência às aulas de reforço ou a participação dos pais nas reuniões.
São as mudanças que têm relação direta com os produtos do estágio 3. Elas geralmente acontecem no médio prazo, sendo medidas por indicadores qualitativos e quantitativos.
Os resultados intermediários mostram se as atividades realizadas estão contribuindo para alcançar os objetivos estabelecidos. São cruciais para avaliar se o programa está no caminho certo para alcançar os objetivos definidos no estágio 5.
Em nosso exemplo sobre o programa de combate à evasão escolar, os resultados intermediários podem incluir mudanças no:
A performance do estágio 4 é mensurada por meio de pesquisas de opinião ou entrevistas. Os dados obtidos ajudam a identificar o que precisa ser ajustado no decorrer da implementação do programa. Outra função é comunicar o progresso da intervenção a todos os stakeholders.
São os impactos de longo prazo que o programa pretende alcançar. Envolvem as mudanças mais significativas e amplas que podem acontecer na vida dos beneficiários, levando anos para se manifestar.
Os resultados finais são mensurados por meio de indicadores quantitativos. Em nosso exemplo, a diminuição na taxa de evasão escolar e o aumento no número de concluintes do Ensino Médio na comunidade atendida já seriam um excelente outcome.
Mas há outros números relacionados ao desempenho dos estudantes que poderiam ser acompanhados, como o aumento nas médias do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O efeito mais amplo e duradouro que o programa tem na sociedade ou no ambiente em que está inserido. O impacto pode ser positivo ou negativo, intencional ou não intencional.
É uma consequência cumulativa de todas as atividades, produtos e resultados intermediários alcançados pelo programa. Assim como no estágio anterior, pode levar anos para se manifestar. Por isso, a avaliação frequentemente é realizada décadas após a conclusão do programa.
A mensuração do impacto é um processo complexo e envolve a identificação de um grupo de comparação, que não recebeu a intervenção, para avaliar os efeitos atribuíveis ao programa. Além disso, a avaliação pode ser influenciada por fatores externos que afetam a população atendida, tornando difícil atribuir completamente a mudança à intervenção.
A pandemia, por exemplo, foi um fato externo que levou a maiores taxas de evasão escolar no Brasil entre 2020 e 2021. Em nosso programa, ela prejudicaria a atividade de aumentar a frequência dos estudantes às aulas regulares.
Pode parecer que os estágios 5 e 6 da Teoria da Mudança tratam da mesma coisa, por isso vamos mais uma vez recorrer ao nosso exemplo do programa de combate à evasão escolar para entender a diferença.
Nesse cenário, o resultado final seria os adolescentes da comunidade beneficiada terminarem o Ensino Médio. Já o impacto seria a melhoria da empregabilidade dos jovens na fase adulta, ao se sentirem estimulados a continuar a estudar e a fazer uma faculdade.
💡Quer saber mais sobre a Teoria da Mudança? Confira algumas obras dos pesquisadores mencionados e as fontes consultadas para este guia do Blog da Pós PUCPR Digital: