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Gestão de mudanças: o que é, tipos e como fazer

okleina • 28 de julho de 2022

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    “Mudar” é um verbo que acompanha as organizações há décadas. A partir da década de 1990 ele passou a ser acompanhado pelo advérbio “aceleradamente”.

    O motivo? A necessidade de se adaptar às inovações tecnológicas e ao futuro do trabalho.

    Apesar da urgência, empresas dos mais diferentes setores enfrentam os mesmos desafios na hora de implementar a gestão de mudanças.

    A 11ª edição da Pesquisa de Melhores Práticas em Gestão de Mudanças , realizada pela consultoria Prosci, mostrou que o principal entrave é a falta de tempo ou de recursos por parte do gerente que lidera o processo.

    As consequências são a estagnação do projeto, a falta de apoio dos colaboradores impactados e ruídos de comunicação entre as áreas da organização.

    Por isso a importância de entender o que é a gestão de mudanças e seus métodos: para saber explicar para todos os envolvidos, dos analistas à diretoria, por que o processo é necessário. Assim você tem mais chances de ganhar tempo e recursos para evitar que ele seja malsucedido.

    O que é a gestão de mudanças

    A gestão de mudanças é um processo sistematizado que recorre a ferramentas para orientar as pessoas envolvidas e, assim, alcançar o objetivo esperado, de acordo com a definição da Prosci.

    O termo também se refere a uma competência estratégica necessária para gestores que desejam melhorar a resposta de uma organização às mudanças sociais e tecnológicas.

    Mas o que significa uma mudança no ambiente organizacional?

    O conceito ainda é motivo de discussão entre consultores e pesquisadores. Podemos resumir as principais características das mudanças organizacionais nos seguintes pontos:

    • Toda alteração nos componentes organizacionais (pessoas, trabalho, estrutura ou cultura) ou nas relações da empresa com o ambiente, que pode ter consequências positivas ou negativas;
    • Tem como objetivo a eficiência, eficácia ou sustentabilidade organizacional;
    • Pode ser planejada ou não, tendo como motivações fatores internos ou externos, como uma crise;
    • Acontecimento temporal, ou seja, com uma data para começar e para terminar;
    • Recorre a um conjunto de técnicas cientificamente embasadas.

    Tipos de mudança organizacional

    O responsável pela gestão de mudanças deve conhecer os diferentes tipos de alterações pelas quais uma organização pode passar. Assim é possível se planejar para agir de acordo com o contexto da empresa.

    Os tipos de mudança organizacional são classificados de acordo com os seguintes critérios:

    • Intencionalidade;
    • Controle sobre o processo;
    • Dimensões organizacionais afetadas;
    • Frequência de ocorrência;
    • Profundidade das alterações;
    • Tipo de componente organizacional afetado.

    A partir deles, podemos listar os tipos que podem aparecer em um projeto de gestão de mudanças:

    1. Mudança organizacional intencional e não intencional

    • Intencional: o processo se inicia de forma consciente, a partir de uma decisão das lideranças da empresa;
    • Não intencional: o processo se inicia de maneira imprevista, sem partir de uma decisão consciente da organização.

    2. Mudança organizacional planejada, dirigida e espontânea

    • Planejada: o processo conta com etapas previamente definidas pelo gestor de mudanças;
    • Dirigida: o processo é controlado pelos executivos da empresa, mas não tem uma série de etapas previamente definidas;
    • Espontânea: o processo não é controlado pelos executivos da empresa.

    3. Mudança organizacional macro e micro

    • Macro: envolve uma ampla gama de dimensões internas e externas à organização;
    • Micro: envolve uma ou outra dimensão, ocorrendo de forma localizada em ambiente interno da organização.

    4. Mudança organizacional incremental e intermitente

    • Incremental: as mudanças acontecem de forma sequencial e constante para, no longo prazo, resultar em uma grande transformação na empresa;
    • Intermitente: as mudanças são pontuais e o processo tem curta duração.

    5. Mudança organizacional normal e radical

    • Normal: são feitas pequenas alterações na perspectiva global da organização;
    • Radical: são feitas grandes alterações na perspectiva global da organização.

    6. Mudança organizacional de natureza técnica e de natureza humana

    • Natureza técnica: o processo de mudança afeta mais as dimensões estruturais, tecnológicas e econômicas do que as relações humanas da organização;
    • Natureza humana: o processo de mudança afeta mais as relações humanas da organização do que as dimensões estruturais, tecnológicas e econômicas.

    Os maiores desafios da gestão de mudanças

    Pelo que você leu até aqui, dá para imaginar qual é o maior desafio da gestão de mudanças, não é mesmo?

    O fator humano.

    O pesquisador e professor emérito da Universidade de San Diego Stephen Robbins considera o fator humano como uma fonte individual de resistência à mudança nas organizações. Ela se manifesta no comportamento dos colaboradores, nos mais diferentes níveis hierárquicos.

    No livro “Comportamento organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro” (2010), o autor classifica as causas dos desafios da gestão de mudança em duas categorias:

    1. Fontes individuais de resistência à gestão de mudanças

    • Dificuldade em mudar hábitos que ajudam a lidar com a complexidade do trabalho;
    • Sentimento de ameaça devido à alta necessidade de segurança;
    • Receio de não ter o mesmo desempenho de antes, em especial quando o salário depende da produtividade, ou seja, da quantidade de entregas;
    • Medo do desconhecido e da incerteza;
    • Seletividade de informações para não sair da zona de conforto;
    • Perda de função, poder ou prestígio dentro da organização;
    • Desconfiança no processo de gestão de mudança.

    2. Fontes organizacionais de resistência à gestão de mudanças

    • Inércia estrutural devido às regras e mecanismos internos;
    • Projeto de mudança limitado a um pequeno núcleo da empresa, sem abranger o sistema como um todo;
    • Inércia dos colaboradores de um departamento ou setor;
    • Ameaça à existência de grupos especializados;
    • Ameaça às relações de poder estabelecidas;
    • Ameaça ao controle de recursos de uma determinada área da empresa.

    3 métodos de como fazer a gestão de mudanças

    Depois de conhecer o conceito e os tipos de alterações organizacionais, é o momento de planejar a gestão de mudanças.

    Os 3 métodos abaixo são usados há décadas pelas organizações nos processos de gestão de mudanças. Eles são um ótimo ponto de partida para o planejamento das ações.

    Se você quiser ir além e conhecer estratégias de como lidar com o fator humano, a Pós PUCPR Digital desenvolveu o curso Pessoas, Gestão e Comportamento .

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    1. Método ADKAR

    Desenvolvido pelo fundador da consultoria Prosci, Jeffrey Hiatt, o método ADKAR é focado nas pessoas envolvidas no processo de mudança.

    O nome do modelo baseia-se nos resultados que os colaboradores precisam alcançar para a mudança organizacional acontecer:

    • Awareness: todos os envolvidos devem ter consciência da necessidade da mudança;
    • Desire: todos os envolvidos devem apoiar e desejar participar do processo de mudança;
    • Knowledge: todos os envolvidos devem conhecer as etapas do processo de mudança;
    • Ability: todos os envolvidos devem desenvolver as habilidades necessárias para contribuir com o processo de mudança;
    • Reinforcement: todos os envolvidos devem ter seus esforços reconhecidos, assim gerando o reforço necessário para sustentar o processo de mudança.

    A proposta do método ADKAR é oferecer um entendimento completo sobre a gestão de mudanças dentro da organização, garantindo assim que os colaboradores saibam como o projeto os afeta e aceitem o processo.

    2. Os 8 passos de Kotter para a gestão de mudanças

    Nos livros “Leading Change” (1995) e “Accelerate” (2014), o professor da Harvard Business School John Kotter desenvolveu um método de gestão de mudanças baseado em 8 passos :

    1. Criar um senso de urgência: ajudar os colaboradores a entenderem a necessidade da mudança por meio de uma comunicação que frise a importância de agir imediatamente;
    2. Estabelecer alianças sólidas: estimular a participação de voluntários que sejam capazes de liderar, organizar e comunicar as atividades;
    3. Desenvolver uma visão estratégica e planejar iniciativas: explicitar como a mudança vai melhorar o dia a dia de todos, além de explicar como os colaboradores podem contribuir com o processo de forma prática;
    4. Conquistar o apoio de todos: mudanças em larga escala só vão acontecer quando a maioria dos colaboradores se unirem em prol de um objetivo em comum;
    5. Eliminar barreiras para realizar ações: remover processos ineficientes e acabar com os silos para garantir que os stakeholders tenham liberdade para trabalhar no projeto;
    6. Obter conquistas no curto prazo: estabelecer metas de curto prazo e comunicar ao time quando elas forem alcançadas. Essa ação motiva os profissionais envolvidos a continuarem;
    7. Manter a aceleração: busque realizar pequenas alterações de melhoria em sistemas, estruturas e políticas até que o projeto de gestão de mudanças se concretize;
    8. Instituir as mudanças: deixe claro para todos os envolvidos as conexões entre os novos comportamentos e o sucesso organizacional. Reforce essa mensagem até que os hábitos antigos tenham sido substituídos.

    Os 8 passos de Kotter visam a dar mais transparência ao processo e a diminuir as fontes de resistência no meio organizacional.

    3. Framework 7-S da McKinsey

    Em 1982, os então consultores da McKinsey Thomas J. Peters e Robert H. Waterman publicaram o livro “In Search of Excellence”. A obra sistematizou o framework que ficou conhecido como 7-S , indicado para avaliar como diferentes setores de uma organizam trabalham juntas.

    De acordo com o modelo, uma empresa depende de sete elementos para funcionar, divididos em duas categorias:

    Elementos rígidos

    São tangíveis, fáceis de identificar e fáceis de controlar. Alguns exemplos são planos corporativos, tabelas organizacionais e demais documentos de processos e gestão.

    • Strategy (estratégia): plano da organização para aprimorar a vantagem competitiva;
    • Structure (estrutura): como a organização é estruturada e quem se reporta para quem;
    • Systems (sistemas): conjunto de processos, rotinas de trabalho e descrição de funções que explicam como o trabalho é feito.

    Elementos suaves

    São mais difíceis de descrever, pois são intangíveis e subjetivos. Essas características os tornam mais difíceis de mudar.

    Alguns exemplos são as habilidades dos colaboradores, os valores da empresa e a cultura organizacional.

    • Shared values (valores compartilhados): os valores que se refletem na cultura organizacional e na ética de trabalho individual;
    • Style (estilo): padrões de comportamento de grupos específicos, como gestores e outros profissionais;
    • Staff (equipe): o conjunto de colaboradores da organização e da capacidade de cada um deles;
    • Skills (habilidades): o conjunto de competências essenciais para o funcionamento da organização.

    O framework da McKinsey mostra que todos os sete elementos estão interligados. Isso significa que, se um é afetado, os demais também sofrem alterações.

    O modelo é bastante utilizado em empresas que vão começar um processo de gestão de mudanças e precisam alinhar diferentes departamentos e processos.

    💡Quer saber mais sobre gestão de mudanças? Confira algumas obras dos pesquisadores mencionados e as fontes consultadas para este artigo do Blog da Pós PUCPR Digital :

    • KOTHER, John P. Accelerate: building strategic agility for a faster-moving world . Cambridge: Harvard Business Review Press, 2014.
    • KOTHER, John P. Liderando mudanças: transformando empresas com a força das emoções. Trad. de Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: Alta Books Editora, 2017.
    • KOTTER INC. The 8-Step Process for Leading Change . Kotter Inc., 6 dez. 2016. Disponível em: < https://www.kotterinc.com/8-step-process-for-leading-change/ >. Acesso em 28 jul. 2022.
    • MCKINSEY QUARTERLY. Enduring Ideas: The 7-S Framework . McKinsey & Company, 1º mar. 2008. Disponível em < https://www.mckinsey.com/business-functions/strategy-and-corporate-finance/our-insights/enduring-ideas-the-7-s-framework >. Acesso em 28 jul. 2022.
    • PETERS, Thomas J.; WATERMAN, Robert H. In search of excellence: lessons from america's best-run companies . New York: Harper & Row, 1982.
    • PROSCI. Gestão de mudanças: impulsionar o sucesso da mudança preparando, equipando e apoiando as pessoas para que prosperem durante a mudança . Prosci, 24 set. 2020. Disponível em: < https://peoplechange.com.br/o-que-e-gestao-de-mudancas/ >. Acesso em 28 jul. 2022.
    • PROSCI. Gestão de mudanças: o que é e por quê? Prosci, 2 jan. 2019. Disponível em: < https://gestaodemudanca.com.br/gestao-de-mudancas/gestao-de-mudancas-o-que-e-e-por-que/ >. Acesso em 28 jul. 2022.
    • PROSCI. O que é o ADKAR MODEL . Prosci, 16 set. 2020. Disponível em: < https://peoplechange.com.br/o-que-e-adkar-model/ >. Acesso em 28 jul. 2022.
    • PROSCI. Pesquisa de Melhores Práticas em Gestão de Mudanças 11ª Edição . Prosci, nov. 2020. Disponível em: < https://materiais.peoplechange.com.br/e-book-pesquisa-de-melhores-praticas-em-gestao-de-mudancas-prosci-11-edicao >. Acesso em 28 jul. 2022.
    • ROBBINS, S. P; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento Organizacional – Teoria e prática no contexto brasileiro . 14º ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
    • SANTOS, M. S. S. Gestão da mudança organizacional: uma revisão teórica . 2014. Dissertação (Mestrado em Gestão Empresarial) – Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, FGV, Rio de Janeiro.
    • SILVA, J. R. G. da. Comunicação e mudança em organizações brasileiras: desvendando um quadro de referência sob a ótica do sujeito e da reconstrução de identidades . 2001. Tese (Doutorado em Administração) – Instituto de Administração e Gerência, PUC-Rio, Rio de Janeiro.

    Por okleina

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