André Moreno: “Estamos vivendo um tsunami de ansiedade no Brasil”

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Redação Pós PUCPR Digital • 7 de agosto de 2025

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    É comum pensarmos que a preocupação é um estado anterior à ansiedade. Será mesmo? 


    Contrariando essa ideia, o psicólogo André Moreno defendeu que a preocupação já é, em si própria, um componente da ansiedade. 


    Esse foi o argumento central da palestra "Quando a preocupação vira ansiedade?", que fez parte da programação da Semana da Saúde Mental: Transtornos da Atualidade, realizada pela Artmed e Pós PUCPR Digital entre 28 de julho e 1º de agosto de 2025. 


    Moreno, que atua com foco em Transtornos de Ansiedade na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), também questionou três premissas que tradicionalmente guiam o entendimento da relação entre preocupação e ansiedade. 


    André Moreno é professor convidado do curso Estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental para Transformar Vidas da Pós PUCPR Digital

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    O tsunami de ansiedade no Brasil 

    No início da palestra, Moreno destacou que o Brasil ocupa uma "triste liderança" como o país com maior prevalência de problemas relacionados à ansiedade no mundo. "Não estamos vivendo apenas uma onda da ansiedade, mas um verdadeiro tsunami", afirmou o psicólogo. 


    Para ele, esse cenário se agrava porque vivemos em um mundo que "incentiva e estimula respostas de ansiedade o tempo inteiro", e muitas vezes os caminhos para buscar ajuda não estão claros para a população. 


    Em seguida, Moreno se concentrou em desafiar três perguntas guia comumente utilizadas para compreender a ansiedade: 


    1. "Quando a preocupação vira ansiedade?" 
    2. "Qual a diferença entre preocupação normal e patológica?" 
    3. "Como diferenciar preocupação produtiva e improdutiva?" 


    Ele argumentou que essas perguntas partem de premissas equivocadas, o que pode levar a respostas insuficientes e até mesmo prejudicar o tratamento. 

    A laptop screen displays a video of Prof. André Moreno discussing why changing habits is difficult, with text overlay:

    Primeira desconstrução: preocupação como componente da ansiedade

    Contrariando a ideia tradicional de que existe um estado de "preocupação pré-ansiedade", Moreno explicou que a preocupação já é, em si própria, um componente da ansiedade. 


    "A ansiedade é uma resposta complexa frente a ameaças futuras, que já carrega características de pensamentos, reações fisiológicas, emoções e comportamentos", esclareceu. 


    Ele definiu a preocupação como um processo verbal caracterizado por estímulos negativos, intrusivos e repetitivos. Essas características já representam uma manifestação da ansiedade, não um estado anterior a ela. 

    Segunda desconstrução: não há diferença qualitativa entre preocupações

    Quanto à diferenciação entre preocupação "normal" e "patológica", André Moreno propôs uma mudança de perspectiva. 


    Em vez de buscar diferenças qualitativas, o foco deveria estar nos fatores de desenvolvimento e manutenção que intensificam o sofrimento. 


    "Indivíduos que não sofrem com transtorno de ansiedade e aqueles que sofrem talvez não tenham diferenças na experiência da preocupação, mas sim na complexidade do caso", explicou. 


    Entre esses fatores estão: 


    • Crenças metacognitivas: estruturas de significado sobre o próprio funcionamento cognitivo 
    • Viés atencional: foco excessivo na preocupação e eventos futuros 
    • Intolerância à incerteza: dificuldade de lidar com situações incertas 
    • Sensibilidade à ansiedade: percepção da própria ansiedade como ameaçadora 

    Terceira desconstrução: preocupação X resolução de problemas

    Por fim, Moreno contestou a ideia de que existiria uma "preocupação produtiva". Segundo ele, preocupar-se e resolver problemas são processos completamente diferentes. 


    "A preocupação não é voltada para a resolução da ameaça, mas para ganhar previsibilidade e controle", destacou. 


    Enquanto a resolução de problemas foca em soluções concretas por etapas, a preocupação parte da premissa de que problemas não deveriam existir. 

    Uma nova abordagem para lidar com preocupação e ansiedade

    O questionamento dessas três premissas traz implicações importantes para o tratamento: 


    • Identificação precoce: ao entender a preocupação como componente da ansiedade, terapeutas podem identificar outros sinais que passam despercebidos 
    • Intervenção preventiva: permite trabalhar com fatores de desenvolvimento antes que se tornem quadros graves 
    • Recursos terapêuticos ampliados: oferece mais ferramentas para casos leves e moderados 


    Para Moreno, em vez de estabelecer limites rígidos entre "normal" e "patológico", o mais adequado é trabalhar com a ideia de um continuum que permite intervenções mais precoces e eficazes. 


    "Talvez esteja na hora de fazermos novas perguntas, ao invés dessas perguntas guia que seguimos fazendo, mas que não têm substrato teórico, experimental ou terapêutico", concluiu. 

    Perguntas frequentes sobre preocupação e ansiedade

    Quais premissas da relação entre preocupação e ansiedade devem ser questionadas?

    Para André Moreno, são três: 

    • "Quando a preocupação vira ansiedade?" 
    • "Qual a diferença entre preocupação normal e patológica?" 
    • "Como diferenciar preocupação produtiva e improdutiva?" 
    Qual a relação entre preocupação e ansiedade?

    Segundo o psicólogo André Moreno, a preocupação não é um estágio anterior à ansiedade, mas sim um componente estrutural da própria ansiedade, caracterizado por pensamentos repetitivos, negativos e intrusivos diante de ameaças futuras.

    Existe diferença entre preocupação “normal” e “patológica”?

    De acordo com o psicólogo André Moreno, não há uma diferença qualitativa entre esses dois tipos. O que muda é a intensidade e a complexidade dos fatores que mantêm o sofrimento, como crenças metacognitivas, viés atencional, intolerância à incerteza e sensibilidade à ansiedade.

    É possível ter preocupação produtiva?

    Moreno contesta esse conceito. Para ele, preocupar-se e resolver problemas são processos distintos. A preocupação busca previsibilidade e controle, enquanto a resolução de problemas envolve ações práticas, organizadas em etapas.

    Quais são os fatores que mantêm o ciclo da preocupação ansiosa?

    Os principais fatores apontados são: 

    • Crenças metacognitivas: ideias sobre o próprio pensamento 
    • Viés atencional: foco desproporcional no que pode dar errado 
    • Intolerância à incerteza: rejeição de situações ambíguas 
    • Sensibilidade à ansiedade: medo de sentir medo 
    O que significa tratar a ansiedade como um “continuum”?

    Significa entender que não existe uma linha rígida entre normal e patológico. A ansiedade se manifesta em graus diferentes, e esse olhar permite agir antes que o sofrimento se intensifique.

    *Conteúdo feito com a ajuda de IA 

    Por Redação

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