Sedentarismo cognitivo: impactos da IA na cognição humana

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Tassiane Valin • 17 de setembro de 2025

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    A cognição humana é um campo vasto e complexo, responsável por englobar um conjunto de habilidades fundamentais que possibilitam ao indivíduo interagir com o mundo. Entre essas capacidades, destacam-se a memória, a atenção, o raciocínio lógico, o pensamento crítico e a criatividade.

    A memória permite o armazenamento e a recuperação de informações, constituindo a base para a aprendizagem. A atenção, por sua vez, possibilita o foco em estímulos relevantes em meio a uma multiplicidade de informações. O raciocínio e o pensamento crítico oferecem as ferramentas necessárias para analisar situações, resolver problemas e tomar decisões conscientes, enquanto a criatividade favorece a inovação e a geração de novas ideias.

    Esses processos cognitivos não atuam isoladamente, mas de forma interdependente, formando um sistema dinâmico que dá suporte à aquisição, ao processamento e à aplicação do conhecimento em diferentes contextos. Além disso, a cognição é influenciada por fatores biológicos, emocionais, sociais e culturais, o que a torna singular em cada indivíduo. Um fator que vem influenciando a cognição humana é a tecnologia.

    A utilização de sistemas de navegação por GPS, por exemplo, modificou a forma como exercitamos a orientação espacial. Da mesma maneira, as ferramentas de busca transformaram os padrões de recuperação da memória, enquanto as redes sociais, com a predominância de conteúdos de formato curto, têm sido associadas à diminuição da capacidade de atenção.

    Mais recentemente, com o surgimento da inteligência artificial (IA), emergem novos desafios cognitivos, que afetam especialmente a aquisição e o processamento do conhecimento, o raciocínio, a aprendizagem, a criatividade e o pensamento crítico.

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    Como o uso da IA afeta a cognição humana

    A IA tem emergido como uma tecnologia capaz de impactar em processos cognitivos fundamentais e de introduzir riscos significativos. Pesquisas recentes revelam que seu impacto se estende do raciocínio e da aprendizagem até a criatividade e o pensamento crítico, configurando um cenário ambivalente que exige análise cuidadosa.

    Um estudo conduzido pela Universidade Carnegie Mellon, em parceria com a Microsoft, revelou que quanto maior a dependência da inteligência artificial para a execução de tarefas, menor era a capacidade de pensamento crítico dos participantes. De forma inversa, aqueles que utilizaram menos a tecnologia conseguiram preservar melhor seu desempenho cognitivo.

    Os pesquisadores destacam que, embora o uso da IA seja frequentemente associado a ganhos de eficiência, essa narrativa pode ser enganosa e até mesmo apresentar riscos para a autonomia e a capacidade reflexiva dos indivíduos, mostrando que a promessa de produtividade imediata nem sempre se traduz em benefícios cognitivos a longo prazo.

    Outros dados apontam que a IA pode influenciar diretamente a tomada de decisões, a autoconfiança e a vulnerabilidade à desinformação. O uso intensivo dessas ferramentas foi associado a escolhas menos criteriosas e a maior acomodação mental. Além disso, evidências apontam que usuários tendem a confiar excessivamente nos conselhos gerados por IA, mesmo quando estes contradizem informações disponíveis ou seu próprio julgamento, fortalecendo crenças equivocadas e ampliando a aceitação de notícias falsas.

    Em experimentos com tarefas de escrita, constatou-se melhora significativa no desempenho imediato, mas sem correspondência no avanço conceitual ou na habilidade de compartilhar conhecimento.

    Outro ponto de alerta diz respeito à atrofia de habilidades e a crescente dependência dessas ferramentas. Em campos como a programação, o suporte automatizado oferecido por geradores de código ou feedback de IA mostrou-se capaz de prejudicar a autonomia, enfraquecer a capacidade de resolução de problemas e tornar os usuários excessivamente dependentes.

    Os efeitos da IA também se manifestam na criatividade. Embora escritores com menos habilidade consigam produzir narrativas mais originais com auxílio dessas tecnologias, observa-se uma redução da diversidade coletiva, já que os textos tornaram-se mais homogêneos.

    Essa homogeneização sugere o risco de reforço de padrões repetitivos, limitando o pensamento divergente e, consequentemente, a inovação. A criatividade deve ser compreendida como uma habilidade que precisa ser exercitada, de modo que a dependência excessiva da IA pode enfraquecer seu desenvolvimento humano.

    Outra função afetada é a memória. Alguns especialistas alertam para o risco de uma espécie de “amnésia digital”, ou seja, a perda da capacidade de memorizar e reter informações devido à terceirização do processamento cognitivo.

    Estudos indicam que atividades como resumir o material e realizar escrita reflexiva subsequente podem favorecer a memória, ao permitir que novos conhecimentos se integrem aos já existentes. No entanto, na prática cotidiana costuma ser realizada de forma passiva, muitas vezes sem engajamento profundo com o conteúdo, o que reduz sua eficácia.

    Pesquisas recentes sugerem que a confiança exagerada na IA também reduz o engajamento crítico e promove o chamado “descarregamento cognitivo”, processo em que tarefas intelectuais passam a ser delegadas à tecnologia, comprometendo a autorregulação e a reflexão. Tais efeitos tornam-se ainda mais evidentes no campo educacional, onde dificuldades já existentes são amplificadas pela dependência de suporte tecnológico.

    Como lidar com a dependência e preservar a cognição humana

    Para lidar com a dependência cognitiva em relação à inteligência artificial, é essencial adotar abordagens que promovam a autonomia intelectual e o engajamento ativo com as tarefas. Deve-se cultivar o hábito da reflexão crítica sobre as informações fornecidas por sistemas de IA, avaliando sua validade e relevância antes de aceitá-las como verdade.

    É recomendável alternar entre o uso de ferramentas digitais e métodos tradicionais de aprendizagem, como a escrita de resumos, anotações à mão, esquemas conceituais e exercícios de memorização, de modo a reforçar a retenção de conhecimento e o raciocínio independente.

    O incentivo à resolução de problemas sem apoio tecnológico imediato também fortalece as funções cognitivas. O desenvolvimento de hábitos de verificação, questionamento e análise própria ajuda a manter habilidades de raciocínio, criatividade e pensamento crítico, prevenindo a sobrecarga de confiança na tecnologia e promovendo uma interação mais equilibrada e consciente com sistemas de IA.

    Perguntas frequentes sobre IA e cognição humana

    O que é cognição humana?

    É o conjunto de processos mentais que permite ao ser humano adquirir, processar, armazenar e aplicar conhecimento. Inclui memória, atenção, raciocínio lógico, pensamento crítico e criatividade, que atuam de forma interdependente para interpretar o mundo e tomar decisões.

    Quais são as principais funções cognitivas?

    As funções centrais da cognição são: memória (armazenar e recuperar informações), atenção (foco em estímulos relevantes), raciocínio lógico (resolver problemas), pensamento crítico (avaliar e questionar ideias) e criatividade (gerar soluções inovadoras).

    Quais fatores influenciam a cognição humana?

    Aspectos biológicos (genética, idade), emocionais (estresse, motivação), sociais (convivência, cultura) e tecnológicos (uso de dispositivos, IA) afetam diretamente a capacidade de raciocinar, aprender e criar.

    Qual a diferença entre cognição e inteligência?

    A cognição é o conjunto de processos mentais que possibilitam aprender, pensar e lembrar. Já a inteligência é a capacidade de aplicar esses processos para resolver problemas, adaptar-se e criar soluções. Em resumo, cognição é o “como” pensamos; inteligência é o “quão bem” usamos esse pensamento.

    O que é disfunção cognitiva?

    É a alteração ou declínio de funções como memória, atenção e raciocínio. Pode ser temporária, causada por estresse, falta de sono ou depressão, ou estar associada a doenças neurológicas, como Alzheimer e demências.

    Como a tecnologia impacta a cognição humana?

    Ferramentas digitais mudaram a forma de memorizar, se orientar e manter a atenção. Por exemplo, GPS reduz o exercício da orientação espacial, conteúdos curtos em redes sociais diminuem a capacidade de foco e o uso intenso de IA pode enfraquecer o pensamento crítico e a autonomia.

    De que maneira a inteligência artificial interfere nos processos cognitivos?

    A IA pode ampliar a produtividade e ajudar na aprendizagem, mas também gera riscos: excesso de confiança nas respostas automáticas, “amnésia digital” (dependência da máquina para lembrar informações), menor capacidade de reflexão e homogeneização das ideias criativas.

    Quais estratégias ajudam a preservar a cognição?

    Praticar aprendizado ativo, como escrever resumos e resolver problemas sem apoio tecnológico imediato; alternar métodos digitais e analógicos; e avaliar criticamente informações fornecidas por IA são práticas que mantêm memória, raciocínio e pensamento crítico em bom funcionamento.

    💡 Quer saber mais sobre IA e cognição humana? Confira as fontes consultadas para a elaboração deste artigo:

    Por Redação

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