

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit
Acompanhe
A presença da inteligência artificial (IA) em nosso cotidiano já não é novidade: ela organiza playlists, sugere filmes, ajuda no trabalho e até participa das nossas conversas. No entanto, quando o assunto é saúde mental, essa tecnologia ganha outra dimensão e desperta debates importantes.
Nos últimos anos, aplicativos, chatbots e plataformas digitais passaram a oferecer atendimentos mediados por algoritmos, prometendo ampliar o acesso ao cuidado psicológico e tornar o suporte emocional mais acessível.
Isso levanta uma questão inevitável: até que ponto a IA pode realmente ajudar em momentos de fragilidade emocional, algo que tradicionalmente envolve escuta atenta, vínculo e empatia humana?
Para refletir sobre isso, é fundamental observar como a inteligência artificial tem sido utilizada por pessoas que buscam apoio para lidar com sentimentos e dificuldades.
Com o avanço da tecnologia, novas formas de suporte emocional vêm ganhando espaço. Chatbots, aplicativos e outras ferramentas digitais funcionam como alternativas acessíveis para acolhimento, orientação ou acompanhamento psicológico, complementando a terapia tradicional. Eles permitem que usuários interajam com sistemas de IA capazes de escutar, responder e auxiliar na organização de sentimentos, ampliando o acesso ao cuidado.
O crescimento da IA acompanha a demanda global por saúde mental, especialmente no cenário pós-pandemia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), países em desenvolvimento apresentam uma lacuna de tratamento de 76% a 85% nos transtornos mentais, resultado da escassez de profissionais, das limitações financeiras e do estigma ainda presente.
Nesse contexto, a IA surge como ferramenta promissora, oferecendo soluções baseadas em evidências que complementam a terapia tradicional e ajudam a prevenir o agravamento de condições psicológicas.
Entre os principais benefícios da IA no apoio psicológico, destacam-se a acessibilidade, já que pessoas em regiões remotas ou com restrições financeiras podem receber apoio, e a disponibilidade contínua, que garante presença imediata em situações de crise.
A IA também promove autonomia terapêutica, permitindo que pacientes pratiquem técnicas de autocuidado, como exercícios terapêuticos, ou registrem emoções entre sessões.
Experiências internacionais reforçam esse potencial. Na Inglaterra, o chatbot Limbic Access é utilizado no sistema público de saúde para triagem de pacientes e encaminhamento ao programa NHS Talking Therapies, voltado ao tratamento de ansiedade e depressão.
Estudos mostram ainda que terapias digitais baseadas em IA reduzem sintomas de depressão e ansiedade, como no uso de chatbots em contextos educacionais, e podem auxiliar terapeutas humanos por meio de sistemas de reconhecimento de voz e gestos.
Além dos chatbots, a IA vem sendo incorporada a terapias digitais validadas clinicamente, que complementam tratamentos e ampliam o alcance do cuidado. Por exemplo, pacientes em acompanhamento para ansiedade podem receber indicações de ferramentas de IA para uso em casa.
Outros estudos investigaram a aplicação da IA em processos de psicoterapia. Os resultados destacam efeitos positivos também como ferramenta de acolhimento quando o atendimento profissional não está disponível, permitindo que usuários compartilhem experiências traumáticas de forma catártica. Os estudos enfatizam, entretanto, a necessidade de atenção ao avanço dessas tecnologias e às questões éticas envolvidas em seu uso.
Desta forma, embora a inteligência artificial traga avanços importantes para o cuidado emocional, oferecendo maior acessibilidade, disponibilidade e suporte contínuo, nem tudo são flores.
O uso de IA na terapia e na saúde mental apresenta também desafios éticos relevantes, como questões de privacidade, segurança dos dados e limitações na capacidade de estabelecer vínculo humano. Por isso, é fundamental considerar a tecnologia como um complemento às práticas terapêuticas tradicionais.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP), em nota sobre o uso de inteligência artificial na psicologia, destaca a necessidade de cautela no emprego desses sistemas no cuidado de pessoas em sofrimento mental. A IA não possui compreensão, consciência ou julgamento ético; ela apenas simula aspectos do comportamento inteligente por meio de algoritmos estatísticos.
É fundamental lembrar que, em qualquer contexto, a tecnologia não substitui o discernimento técnico ou ético da psicóloga ou do psicólogo, profissionais sujeitos à orientação e fiscalização dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs).
Dessa forma, a IA deve ser vista como uma aliada, capaz de organizar informações e apoiar decisões de forma mais rápida e contextualizada, sem substituir o papel humano no cuidado psicológico.
A nota também ressalta que o uso crescente de ferramentas de IA exige que os profissionais da psicologia adotem uma postura crítica, ética e atenta, capaz de avaliar limites, riscos e possibilidades de sua aplicação, sempre mantendo a centralidade da atuação humana na escuta, no cuidado e no respeito à subjetividade.
Embora a IA ofereça benefícios, eles coexistem com custos sociais, psicológicos, ambientais e éticos. Entre os riscos mais relevantes estão a perpetuação de práticas discriminatórias por algoritmos, a vulnerabilidade da confidencialidade, a substituição de vínculos humanos por interações automatizadas e a falta de transparência em diversos processos decisórios mediados pela tecnologia.
Outro fator a ser destacado é que o uso de IA em contextos psicológicos pode produzir respostas enganosas ou potencialmente prejudiciais para os usuários. Quando apresentadas com alta assertividade e aparente autoridade, essas ferramentas podem gerar superconfiança do indivíduo na exatidão das informações, induzir ao erro, reforçar discriminações de raça, classe e gênero, e comprometer a confidencialidade de dados sensíveis.
Esses aspectos comprometem não apenas a qualidade da atuação profissional, mas também os direitos fundamentais das pessoas atendidas.
A preocupação se intensifica quando se trata de informações sensíveis sobre saúde mental, cujo manejo demanda atenção especial quanto ao sigilo, ao consentimento informado e à responsabilidade ética do profissional.
Embora capazes de gerar textos interativos e aparentar fluidez, esses sistemas funcionam a partir de grandes volumes de dados e modelos matemáticos projetados para identificar padrões, sem compreender adequadamente sentimentos ou afetos, nem possuir critério ético.
A inteligência artificial apresenta limitações importantes que impedem a substituição da terapia humana. A relação terapêutica vai muito além da troca de informações: envolve empatia, acolhimento e construção de confiança — elementos que a IA não consegue reproduzir de forma genuína. Além disso, permanecem desafios éticos significativos, como a confidencialidade, a privacidade dos dados e o uso adequado das informações coletadas.
Do ponto de vista técnico, a IA pode interpretar mal uma situação ou fornecer respostas inadequadas, especialmente em casos graves, como risco de suicídio, violência ou crises psicóticas. Tal situação pode ocasionar prejuízos significativos para esses indivíduos com demandas tão sensíveis.
Há ainda o risco de desumanização do cuidado, reduzindo a complexidade da saúde mental a um atendimento automatizado e mecânico, sem considerar as nuances da experiência humana.
Portanto, a IA não deve ser vista como substituta da terapia realizada por psicólogos, mas como uma ferramenta complementar. A experiência humana presente na relação terapêutica é fundamental para apoiar e auxiliar indivíduos em sofrimento psicológico. Essa conexão, carregada de empatia e compreensão, não pode ser reproduzida pela inteligência artificial. A própria interação entre paciente e terapeuta exerce um efeito terapêutico por si só.
Desta forma, a IA pode funcionar como apoio para organização de informações, prática de habilidades ou acompanhamento entre sessões, mas não substitui a presença, a escuta qualificada e a responsabilidade ética que caracterizam o cuidado humano em saúde mental.
O uso da inteligência artificial (IA) na terapia envolve a aplicação de chatbots, aplicativos e plataformas digitais para oferecer suporte emocional, organizar informações e complementar tratamentos psicológicos tradicionais, ampliando o acesso ao cuidado em saúde mental.
Entre os principais benefícios estão a acessibilidade (especialmente em regiões remotas ou para pessoas com restrições financeiras), a disponibilidade 24 horas, o apoio contínuo entre sessões, a autonomia terapêutica e o auxílio aos profissionais na triagem e no acompanhamento de pacientes.
Não. A IA na terapia funciona como ferramenta complementar, mas não substitui a presença humana, a empatia, a escuta qualificada e a construção de vínculo terapêutico que caracterizam a atuação profissional da psicologia.
Os riscos incluem vulnerabilidade na confidencialidade dos dados, respostas inadequadas em situações graves, perpetuação de preconceitos por vieses algorítmicos, falta de transparência nas decisões e risco de desumanização do cuidado.
Exemplos incluem o uso do chatbot Limbic Access no sistema de saúde da Inglaterra (NHS) para triagem de pacientes, além de terapias digitais que reduzem sintomas de ansiedade e depressão, complementando o atendimento humano.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) recomenda cautela, lembrando que a IA não possui compreensão, consciência ou julgamento ético. Assim, deve ser usada apenas como suporte e nunca como substituta do discernimento técnico e ético dos psicólogos.
A IA pode ser útil para acolhimento inicial, registro de emoções, prática de técnicas de autocuidado, triagem de pacientes e organização de informações entre sessões, sempre sob supervisão profissional quando se trata de saúde mental.
A IA não compreende sentimentos, pode interpretar mal contextos complexos, não cria vínculos humanos genuínos e pode falhar em situações críticas, como crises de suicídio ou violência. Por isso, deve ser usada apenas como aliada complementar ao tratamento humano.
💡 Quer saber mais sobre o impacto do uso da IA na saúde mental? Confira as fontes consultadas para a elaboração deste artigo:
Por Redação
Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!
Assine a News da Pós para ficar por dentro das novidades
Receba conteúdos sobre:
Formulário enviado com sucesso!