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Negócios e Gestão

DeFi: entenda a tecnologia que está transformando o mercado financeiro

Por Olívia Baldissera   | 

O interesse de investidores brasileiros por ativos digitais fez com que o Brasil se tornasse o maior mercado cripto da América Latina e o 7º maior do mundo em setembro de 2022, segundo o relatório Global Crypto Adoption Index.

Essa demanda crescente por parte dos investidores fez com que a B3 criasse uma divisão de criptomoedas. As instituições financeiras tradicionais também passaram a oferecer criptoativos para os clientes. E vagas para especialistas no mercado cripto não param de ser abertas.

Para você não perder essa oportunidade de carreira, o Blog da Pós PUCPR Digital preparou uma série de guias essenciais para quem sonha em trabalhar no mercado de financeiro:

>>> Criptoativos: tudo o que você precisa saber para trabalhar com os ativos virtuais

>>> Investimentos ESG: como funcionam os ativos que estão em alta no mercado financeiro

>>> Investiu por impulso? As finanças comportamentais explicam o motivo

A seguir, você vai aprender o que é DeFi, tecnologia que promete revolucionar o mercado financeiro nos próximos anos.

Confira:

As origens e o conceito de DeFi
Vantagens e desvantagens do DeFi
Principais aplicações DeFi
Os 5 maiores protocolos DeFi do mundo
Como ficam as instituições financeiras tradicionais com o DeFi?
Seja especialista em cripto e em outras modalidades financeiras

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As origens e o conceito de DeFi

DeFi é a sigla em inglês para “Decentralized Finance” (“finanças descentralizadas”, em tradução livre). Ela se refere a uma tecnologia financeira emergente baseada em ledgers distribuídos, semelhante à usada pelas criptomoedas. Por isso um protocolo DeFi depende de uma blockchain para rodar serviços e produtos financeiros, como transferências e empréstimos. As operações ocorrem por meio de smart contracts, que descrevem e executam o acordo entre os usuários.

No mundo cripto, um ledger é como se fosse um livro contábil digital, que reúne todos os registros de transações de um determinado período de tempo. Ao contrário da versão analógica, as informações não podem ser apagadas nem adulteradas depois de registradas.

Já um smart contract é uma modalidade contratual 100% digital que permite a execução automática de regras pré-estabelecidas entre as partes. Elas precisam estabelecer todas as condições antes de serem transpostas para a linguagem computacional, pois, após esse processo, os contratantes não conseguem alterar os termos combinados.

Por fim, uma blockchain é um tipo de base de dados descentralizada que contém esse registro de transações. As informações são armazenadas em blocos, que são ligados entre si, como em uma rede.

Todos os blocos são protegidos por uma chave, chamada de “hash”, uma espécie de assinatura criptografada. Uma alteração na blockchain, como uma nova transação, leva à criação de um novo hash, evento que será comunicado a todas as pessoas que têm acesso à base de dados.

Todas as ações que acontecem na blockchain recebem um carimbo digital que contém a data e o horário em que foram realizadas, o que impossibilita mudanças retroativas.

Os participantes da rede têm acesso ao ledger para ficarem a par de todas as transações realizadas. Cada um deles é responsável por validar, ou não, as operações que acontecem na blockchain, sem precisar recorrer a um intermediário.

blockchainRepresentação gráfica de uma blockchain

Esse é um dos motivos das DeFi receberem esse nome: os usuários não precisam recorrer a instituições financeiras para realizar as operações. A negociação é peer-to-peer (P2P).

O projeto de descentralizar serviços financeiros começou em 2015, quando Rune Christensen criou a aplicação MakerDAO para rodar na rede Ethereum. A aplicação também dá nome para uma comunidade de governança descentralizada que faz a gestão da stablecoin Dai.

O propósito da MakerDAO é a liberdade financeira das pessoas, por meio de uma moeda digital acessível e estável. Essa liberdade seria não depender da intermediação de bancos para realizar transações ou adquirir serviços.

Ainda hoje a Ethereum é a principal rede onde rodam as aplicações DeFi. Idealizada por Vitalik Buterin em 2013, a Ethereum oferece uma plataforma open source (de código aberto) para usuários construírem aplicativos descentralizados (DApps).

Vantagens e desvantagens do DeFi

Assim como toda tecnologia emergente, o DeFi tem vantagens e desvantagens em relação aos serviços financeiros tradicionais.

Como vantagens, podemos listar:

  • Taxas mais baratas do que as praticadas por bancos e outras instituições;
  • Acesso livre aos serviços, independentemente de onde estiver, já que as operações do DeFi não são controladas por governos;
  • Mais uma fonte de renda passiva, pois quem empresta dinheiro ou deixa um ativo em uma plataforma DeFi para gerar liquidez recebe juros;
  • Não é necessário informar nome, endereço ou CPF para realizar as operações.

IMPORTANTE: o DeFi não é 100% anônimo. Lembre-se de que todas as transações são registradas na blockchain.

Já as desvantagens são:

  • Exigência de um alto nível de alfabetização digital para operar as plataformas, que muitas vezes não têm interfaces amigáveis;
  • Alta volatilidade dos tokens de plataformas DeFi;
  • Alvo cada vez mais visado por hackers. No primeiro semestre de 2022, os ataques hackers a protocolos DeFi aumentaram em 800% em relação ao mesmo período de 2021, o que representou uma perda de US$ 1,22 bilhão.

Principais aplicações DeFi

As principais aplicações DeFi são as exchanges descentralizadas (DEX), empréstimos e stablecoins.

Exchanges descentralizadas (DEX)

Espécie de corretora, as DEX possibilitam que usuários negociem criptoativos entre si, sem a necessidade de intermediários. Todo o processo é controlado por meio de smart contracts.

Empréstimos

Plataformas que oferecem empréstimos em criptoativos aos usuários, geralmente com taxas menores do que as praticadas pelas instituições financeiras tradicionais.

Não há intermediários envolvidos no processo, que é regido sob smart contracts. No entanto, os usuários precisam dar uma garantia para ter acesso aos empréstimos.

Stablecoins

Criptomoedas atreladas a algum ativo convencional, como o dólar e o ouro. No caso do dólar, por exemplo, uma unidade de stablecoin equivale a US$ 1.

A proposta deste criptoativo é garantir maior estabilidade aos investidores, que precisam lidar com a alta volatilidade de criptomoedas como a Bitcoin.

Os 5 maiores protocolos DeFi do mundo

De acordo com o DeFi Pulse, os 5 maiores protocolos DeFi do mundo são:

1. MakerDAO

  • Rede: Ethereum
  • Setor: empréstimos
  • Token nativo: MKR

Plataforma descentralizada de crédito que trabalha com a stablecoin Dai, cujo valor está atrelado ao dólar. Qualquer pessoa pode fazer um empréstimo, desde que arque com as taxas de estabilidade – geralmente menores do que as praticadas pelas instituições financeiras tradicionais.

2. Curve Finance

  • Rede: Ethereum
  • Setor: DEXes
  • Token nativo: CRV

Lançada em 2020, a Curve Finance é focada na negociação de stablecoins. As taxas também são menores dos que as praticadas no mercado tradicional.

3. Aave

  • Rede: Ethereum
  • Setor: empréstimos
  • Token nativo: AAVE

Na plataforma Aave, os usuários podem emprestar criptomoedas entre si e lucrar com os juros cobrados. Os juros são ajustados automaticamente, de acordo com a oferta e a demanda no protocolo.

4. Uniswap

  • Rede: Ethereum
  • Setor: DEXes
  • Token nativo: UNI

Plataforma descentralizada focada na negociação de tokens por meio de pools de liquidez – fundos de criptoativos protegidos por smart contracts. Toda pessoa pode trocar tokens ou receber juros por contribuir com o fundo.

A Uniswap também permite aos usuários criarem polls de liquidez e estabelecer taxas de negociação, desde que o criador forneça um valor equivalente de ETH e um token ERC20.

5. Compound

  • Rede: Ethereum
  • Setor: empréstimos
  • Token nativo: COMP

O Compound é um protocolo descentralizado de empréstimo que permite aos usuários emprestar criptoativos ao pool de liquidez, ganhando assim juros pelo empréstimo. As taxas são ajustadas automaticamente, via algoritmos, de acordo com a oferta e a demanda.

Como ficam as instituições financeiras tradicionais com o DeFi?

A procura cada vez maior por criptoativos obrigou bancos e financeiras a se integrarem a esse mercado. Mesmo que o conceito de DeFi preveja a inexistência de intermediários, as instituições se adaptaram e passaram a oferecer produtos com exposição a criptomoedas.

Um exemplo são os ETFs, sigla em inglês para “Exchange Traded Fund”. São fundos de investimento que tem como referência algum índice da bolsa de valores, como o Ibovespa. Eles podem contemplar ações de empresas estrangeiras, papéis de renda fixa e criptomoedas.

Também há uma movimentação das plataformas DeFi se aproximarem das instituições financeiras. A Aave lançou o Aave Arc em 2022, uma versão permissionada do protocolo. Ela dá acesso à blockchain a usuários previamente selecionados, como bancos e corretoras. No caso da Arc, foram aprovadas 30 instituições, entre elas a Bluefire Capital e CoinShares.

nquanto isso, o Legislativo da União Europeia (UE) propõe uma supervisão automatizada dos protocolos DeFi na Ethereum, mais um passo para a regulamentação do setor. Em outubro de 2022, o Parlamento Europeu aprovou um projeto de lei que dá mais proteção aos investidores, chamado de Markets in Crypto Assets Regulation (MiCA).

O texto obriga provedores de carteiras de criptomoedas a revelarem a identidade de quem realiza pagamentos com esse tipo de ativo, além de dar diretrizes de marketing para empresas de ativos digitais.

A ideia de supervisionar os protocolos DeFi ainda está em estudo e não há previsão de implementação.

No Brasil, uma iniciativa de regulamentação é o Projeto de Lei 4401/2021, que propõe incluir prestadoras de serviços de ativos virtuais no rol de instituições sujeitas às disposições do Código Penal. O PL ainda está em tramitação na Câmara dos Deputados e o texto não prevê o DeFi.

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Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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