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Direito

7 oportunidades de carreiras jurídicas no Direito 4.0

Por Olívia Baldissera   | 

O que você imaginava fazer quando terminou sua graduação em Direito? 

Ser um advogado associado a um grande escritório de advocacia, talvez. Ou abrir o próprio negócio e atuar como consultor especialista em um ramo do Direito. Quem sabe ser analista jurídico em uma grande organização. 

O leque de oportunidades de carreira é amplo no meio jurídico. E ele se abriu ainda mais com o Direito 4.0. 

Ao ler esta expressão, imaginamos que você deve ter lembrado da Indústria 4.0. Sim, pensar nela ajuda a entender melhor o conceito que explica a transformação digital do meio jurídico. 

Além de aprender mais sobre o Direito 4.0, aqui você vai encontrar: 

  1. O que é Direito 4.0 
    1.1 Os benefícios do Direito 4.0 para a atuação jurídica  
    1.2 A diferença entre Direito 4.0 e Direito Digital  
  2. 7 carreiras emergentes do Direito 4.0 
    2.1 Data Protection Officer (DPO) 
    2.2 Empreendedor de lawtechs/legaltechs 
    2.3 Head de inovação em escritórios de advocacia 
    2.4 Analista de dados e jurimetria 
    2.5 Especialista em segurança da informação 
    2.6 Operações jurídicas 
    2.7 Consultor de eDiscovery 
  3. Como o profissional jurídico pode se adaptar ao Direito 4.0 

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O que é Direito 4.0

O Direito 4.0 é um fenômeno que engloba a automação e a integração de novas tecnologias às atividades jurídicas, otimizando processos e aumentando a produtividade. 

Lembra que falamos lá no começo sobre a Indústria 4.0? Muitos das condições tecnológicas da Quarta Revolução Industrial também valem para o Direito 4.0, como o uso de Inteligência Artificial (IA), robótica, Internet das Coisas (IoT), Big Data e Cloud Computing.

Se quiser saber mais sobre essas novas tecnologias, confira estes artigos do Blog da Pós PUCPR Digital: 

>>> Data Science, Big Data e Data Analytics: qual é a diferença? 

>>> Descubra a relação entre Ciência de Dados e IA

>>> O que é machine learning

>>> O que é Cloud Computing ou computação em nuvem

A transformação digital dos últimos anos permitiu que uma série de funções realizadas manualmente fossem automatizadas. Se antes os procedimentos em um escritório de advocacia e departamentos eram analógicos, hoje eles contam com softwares e aplicativos jurídicos que armazenam e otimizam a análise de dados para tomadas de decisão mais inteligentes. 

Os benefícios do Direito 4.0 para a atuação jurídica

O maior benefício do Direito 4.0 é a agilidade que as novas tecnologias trazem para o dia a dia do profissional jurídico. A automação reduz o tempo de redação de petições, consultas à jurisprudência e análise do histórico de processos. Também há a redução da burocracia e a otimização da gestão do escritório ou do departamento jurídico. 

Um exemplo que ilustra bem as facilidades que o Direito 4.0 trouxe para a prática jurídica é a coleta de assinaturas. Antes era preciso enviar documentos por Correios ou buscar pessoalmente a assinatura de clientes, advogados e testemunhas, que dependia da tinta sobre o papel. Hoje a coleta acontece de forma mais ágil e segura com os serviços de assinatura eletrônica.  

Resolução de conflitos em ambiente virtual, acompanhamento online de casos e diminuição de custos são outros exemplos de benefícios do Direito 4.0. 

E não, o advogado não será substituído por um robô. Ele se tornou ainda mais importante na entrega de valor do serviço jurídico, ao dar sentido ao grande volume de dados que estão acessíveis graças aos avanços tecnológicos. 

O advogado também é o grande responsável por definir estratégias e explicar para o cliente os meandros da legislação. Para isso, ele conta com as ferramentas do Legal Design, abordagem que se inspira no Design Thinking para humanizar os serviços jurídicos e que veio na esteira das mudanças do Direito 4.0.

A diferença entre Direito 4.0 e Direito Digital

Direito 4.0 e Direito Digital não são sinônimos, apesar de ambos terem ganhado destaque no debate público com a transformação digital das organizações e da sociedade.

O conceito de Direito 4.0 trata especificamente dos processos de automação e de integração de novas tecnologias no meio jurídico. Já o Direito Digital é uma releitura das práticas jurídicas motivada pela massificação da internet na sociedade.

A advogada e professora convidada da Pós PUCPR Digital, Patrícia Peck Pinheiro, explica de forma clara o conceito de Direito Digital em livro do mesmo nome. 

O Direito Digital é uma especialidade que reúne competências necessárias para aliar, por exemplo, o Direito Civil, Direito Penal, Direito Empresarial e Direito Tributário às novas tecnologias.

patricia-peck-pinheiro-direito-4-0A advogada e professora convidada da Pós PUCPR Digital Patrícia Peck Pinheiro é referência nacional em LGPD, Direito Digital e proteção de dados.

7 carreiras emergentes do Direito 4.0 

Com o Direito 4.0, novas carreiras despontaram no meio jurídico. Muitas delas, aliás, motivadas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que está em vigor em todo o território nacional desde 2021.

Para atuar em cada uma delas, é preciso ir além do bacharelado em Direito e buscar se atualizar em cursos, workshops, palestras e especializações. Muitas delas não exigem uma formação específica, podendo ser exercidas por profissionais da Administração, Tecnologia da Informação, Marketing, Ciência de Dados e Segurança da Informação. 

A lista a seguir é uma adaptação do artigo do advogado e fundador da Advogado de Startups Academy, Marcílio Guedes Drummond, publicado no Migalhas. 

1. Data Protection Officer (DPO)

O DPO é considerado uma nova profissão, que passou a existir oficialmente com a General Data Protection Regulation (GDPR), na União Europeia, e com a LGPD, no Brasil. 

O DPO é o profissional responsável pela proteção de dados dentro de uma organização, garantindo a segurança das informações de clientes, fornecedores e da própria empresa. 

Faltam profissionais especializados em LGPD e segurança da informação no mercado. Por isso o DPO é bastante valorizado no mercado e pode receber um salário de até R$ 20 mil por mês, segundo levantamento do PageGroup de 2021.

>>> Saiba mais sobre o trabalho e as responsabilidades de um DPO 

2. Empreendedor de lawtechs/legaltechs

Empreender no meio jurídico não se resume a abrir um escritório de advocacia. Estima-se que, em 2019, havia 150 startups jurídicas no Brasil, um aumento de 300% em relação a 2017, segundo levantamento da Associação Brasileira de Lawtechs & Legaltechs (AB2L). 

A AB2L, aliás, faz um mapeamento frequente das empresas inovadoras do setor. A versão mais recente pode ser consultada aqui.

As startups jurídicas podem ser divididas em duas categorias, as legaltechs e as lawtechs: 

  • Legaltech: startups que oferecem soluções para automatizar operações e procedimentos de advogados, escritórios de advocacia e departamentos jurídicos;
  • Lawtech: startups que oferecem soluções que facilitam procedimentos jurídicos para o público final, ou seja, para quem é de fora do meio do Direito.

Aqui no Brasil, do ponto de vista prático, não há diferença entre as legaltechs e as lawtechs. As duas cumprem a função de aliar à tecnologia ao Direito.

Atualmente, a AB2L divide as startups juríticas em 11 tipos de legaltechs:

  1. Analytics e jurimetria
  2. Automação e gestão de documentos
  3. Compliance
  4. Conteúdo, consultoria e educação jurídica
  5. Extração e monitoramento de dados públicos
  6. Gestão jurídica
  7. Inteligência artificial
  8. Redes de profissionais
  9. Soluções tecnológicas em regulamentação
  10. Resolução de conflitos online
  11. Soluções tecnológicas para questões tributárias

Viu quantas opções existem para empreender no meio jurídico graças ao Direito 4.0? 

3. Head de inovação em escritórios de advocacia

Os escritórios de advocacia precisam se adaptar às mudanças do Direito 4.0 para permanecerem relevantes no mercado. Para isso, devem contar com a ajuda de profissionais jurídicos que saibam aliar a inovação a modelos tradicionais. 

O head de inovação na advocacia deve promover a cultura data driven no escritório, além de pensar em novos serviços e formas de captar clientes. 

O profissional do Direito que pensa em seguir na área deve conhecer fundamentos do legal design, futurismo, marketing, growth hacking e modelos educacionais. 

4. Analista de dados e jurimetria

O Judiciário brasileiro gera um volume gigantesco de dados todos os dias. Com as novas tecnologias adotadas no Direito 4.0, é possível acessá-los e interpretá-los para ter insights poderosos nos mais diferentes casos. 

Extrair informações de todos estes dados ganhou um nome próprio: jurimetria. Ela é a estatística aplicada do Direito, dando concretude a um campo do conhecimento abstrato. 

O uso de dados no meio jurídico permite uma compreensão funcional dos acontecimentos sociais e, assim, um melhor embasamento das decisões judiciais. A jurimetria também auxilia a verificar o impacto dessas decisões na sociedade, além de orientar novos rumos legislativos. 

>>> Conheça o conceito e exemplos de estudos da jurimetria

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5. Especialista em segurança da informação

O Brasil é o 5º maior alvo de ataques hackers a empresas do mundo, segundo estudo da consultoria alemã Roland Berger. Por isso cada vez mais organizações buscam ter no quadro de colaboradores especialistas em cibersegurança.

A cibersegurança é a prática de proteção de hardwares e softwares contra roubo ou danos, como servidores, dispositivos móveis, redes e aplicativos. Ela engloba também a proteção de dados e boas práticas de privacidade. 

Como faltam profissionais capacitados em segurança da informação, os salários são bastante atrativos. Um gerente de cibersegurança pode ganhar R$ 25 mil, de acordo com o mesmo levantamento do PageGroup que mencionamos no começo do texto.

6. Operações jurídicas

Chamadas em inglês de “legal operations” ou “legal ops”, as operações jurídicas são um departamento que consolida os fluxos de atividades fundamentais para o funcionamento de escritórios de advocacias e setores jurídicos de uma organização. Assim a equipe jurídica precisa apenas se concentrar no que for relacionado à esfera legal. 

O departamento de operações jurídicas não tem as mesmas responsabilidades que o departamento jurídico de uma empresa. Sua função é administrar o financeiro, vendas, gestão de pessoas, tecnologia, comunicação, análise de dados e planejamento estratégico. 

A equipe de legal ops deve reunir 12 competências fundamentais para tornar o jurídico interno de um escritório ou organização mais eficiente, segundo o Corporate Legal Operations Consortium (CLOC):

  1. Business Intelligence;
  2. Gestão Financeira;
  3. Gestão de Firmas e Fornecedores;
  4. Governança da Informação;
  5. Gestão do conhecimento;
  6. Otimização e Saúde da Organização;
  7. Operações Práticas;
  8. Gerenciamento de Projetos/Programas;
  9. Modelos de Prestação de Serviços;
  10. Planejamento Estratégico;
  11. Tecnologia;
  12. Treinamento e Desenvolvimento.

7. Consultor de eDiscovery

O termo faz referência a uma prática que vem da época da internet discada. O Electronic Discovery, ou simplesmente eDiscovery, é um conjunto de métodos de pesquisa e obtenção de dados para serem usados como evidências em processos judiciais. 

Os tipos de provas só aumentaram com a massificação da internet e dos smartphones. Podem ser e-mails, mensagens do WhasApp, comentários em redes sociais, arquivos de áudio, vídeo, sites, fotos, imagens, planilhas eletrônicas e softwares. 

E não basta fazer a busca. É preciso um profissional jurídico capacitado para reconhecer quais informações são relevantes para cada tipo de caso. 

Como o profissional jurídico pode se adaptar ao Direito 4.0

É preciso ter em mente que a transformação é contínua no Direito 4.0. Sempre haverá novos conhecimentos a serem adquiridos de acordo com os avanços tecnológicos e as mudanças na sociedade.  

Para você ter uma ideia sobre a continuidade das transformações, há pesquisadores das ciências jurídicas que já estudam o Direito 5.0, que se preocupa em um uso mais humanizado e amigável das novas tecnologias no meio jurídico. 

Se você quiser continuar relevante na sua área de atuação, e isso vale para outras áreas além do Direito, é preciso incorporar a mentalidade do lifelong learning. Neste artigo reunimos alguns hábitos que vão te ajudar a “aprender a aprender”.

Paralelamente, é importante acompanhar as notícias sobre as últimas tecnologias, ler artigos analíticos sobre os impactos da digitalização na sociedade, participar de eventos e fazer cursos sobre Direito Digital, LGPD, segurança da informação e áreas relacionadas.

E sempre é bom lembrar: adquirir novas habilidades e conhecimentos não acontece de uma vez, da noite para o dia. É preciso ter paciência, dedicação e, o mais importante, respeitar o seu próprio ritmo de aprendizagem. 

Se você quiser se aprofundar ainda mais nas relações entre tecnologia e Direito, confira os artigos do Blog da Pós PUCPR Digital.

Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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