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Yuval Noah Harari

Lifelong learning: como aprender a aprender com 3 hábitos simples

Por Olívia Baldissera   | 

Você deve ter algum tio ou avô que trabalhou a vida inteira em um único lugar e exerceu uma única profissão. Se compararmos o mundo em que eles viviam com o nosso, parece uma realidade tão distante, não é mesmo?

O mercado de trabalho mudou muito e novas profissões foram criadas para atender as demandas da sociedade contemporânea, cada vez mais tecnológica. Hoje é exigido de um profissional uma gama de habilidades que não existiam em um passado próximo, e provavelmente novos conhecimentos serão cobrados dentro de uma década.

É difícil dizer com exatidão o que você terá que aprender nos próximos dez anos para continuar relevante na sua área de atuação, mas uma coisa é certa: antes de saber o que aprender, é preciso saber como aprender a aprender.

Afinal, você precisará estar pronto para adquirir novos conhecimentos quando necessário, momentos que serão cada vez mais comuns no futuro. Ao longo deste século, as pessoas precisarão se reinventar algumas vezes no decorrer de suas vidas profissionais para acompanhar os avanços tecnológicos. Muito provavelmente elas terão que mudar de área de atuação e exercer funções que nunca imaginaram realizar. Para serem bem-sucedidas, precisarão adotar uma postura de lifelong learning.

Esta é uma das conclusões de Yuval Noah Harari, autor de “21 lições para o século 21” e professor convidado da Pós PUCPR Digital. A seguir, a partir das principais ideias do historiador sobre o futuro da educação, você entenderá o que é lifelong learning com mais detalhes e como se adaptar a este novo mundo do trabalho. Também verá como aprender a aprender hoje mesmo, adotando alguns hábitos simples no seu dia a dia.

O que é lifelong learning

Lifelong learning é a aprendizagem ao longo da vida, de forma voluntária, proativa e permanente. Também são usados como sinônimos do termo as expressões “educação continuada” ou “aprendizado continuado”. Este conceito abrange uma postura em relação ao ensino formal, ao definir a atitude de pessoas que continuam a estudar após concluírem o Ensino Superior e, na teoria, já terem definido uma profissão para si.

Lifelong learning significa ainda:

  • Uma política que permite a indivíduos terem acesso à informação e usarem-na nos lugares apropriados, além de serem orientados a como aprender a aprender a partir da criatividade e do pensamento crítico;
  • Aprendizado ininterrupto essencial para atender as mudanças cada vez mais aceleradas da sociedade;
  • Estratégia essencial que garante o desenvolvimento e sustentabilidade da informação, por meio das habilidades e competências dos indivíduos.
  • Política que tem como objetivo auxiliar profissionais inexperientes a mudarem de área, dando papel ativo ao indivíduo no processo de aprendizagem.

Apesar de ter ganhado destaque nos últimos anos com a transformação digital, o lifelong learning remonta à década de 1970, como uma política de ensino. Entidades internacionais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) defendiam em seus relatórios a prática do aprendizado ao longo da vida. A Unesco, em especial, utilizou o conceito para desenvolver um programa de life skills para adultos em 1973.

A União Europeia (UE) incluiu o lifelong learning em suas políticas educacionais nos anos 2000, por considerá-lo uma importante estratégia para evitar o desemprego. Aqui no Brasil, o termo ganhou destaque a partir de 2017, com reportagens nos grandes jornais do país.

Na prática, o lifelong learning é adotado por pessoas que concluem mais de uma pós-graduação, realizam cursos rápidos, participam de palestras e conferências e consomem conteúdo atualizado sobre sua área de atuação. Elas são chamadas de “lifelong learners” e geralmente são indivíduos automotivados que buscam conhecimento por razões profissionais ou pessoais, de forma voluntária e contínua.

Toda pessoa pode se tornar um lifelong learner. Para isso, é preciso entender o aprendizado como um processo, que se renova com frequência. E, assim como para exercer uma nova função ou mudar de área, seguir o lifelong learning implica adquirir novas qualificações, como:

  • Planejar os estudos por si mesmo;
  • Autoavaliar o nível de aprendizagem;
  • Ser ativo no processo de aprendizagem;
  • Aprender em qualquer ambiente, seja presencial ou virtual;
  • Desenvolver a capacidade de aprender com pares e com orientação de professores;
  • Aplicar as estratégias de aprendizado adequadas para diferentes situações.

A literatura científica sobre o tema também aponta 8 competências gerais que, aliadas ao lifelong learning, contribuem para o indivíduo a se manter atualizado e acompanhar as mudanças no mercado de trabalho:

  1. Habilidades de comunicação na língua materna;
  2. Habilidades de comunicação em língua estrangeira;
  3. Domínio de conceitos básicos de ciências e tecnologia;
  4. Competência numérica;
  5. Domínio de estratégias de aprendizagem;
  6. Competências sociais e cívicas;
  7. Empreendedorismo;
  8. Expressão e awareness cultural.

A vida antes e depois do lifelong learning

Antes do conceito de lifelong learning entrar em voga, a vida das pessoas geralmente se dividia em duas fases complementares, uma focada no estudo e outra no trabalho. Na primeira, o indivíduo acumulava informações, desenvolvia aptidões e construía sua identidade. Na segunda, todo o conhecimento acumulado era aplicado para construir uma carreira e contribuir para a sociedade.

Este modelo já está se tornando obsoleto, como explica Yuval Noah Harari em "21 lições para o século 21". As mudanças cada vez mais aceleradas, aliadas ao aumento da expectativa de vida, farão com que as pessoas tenham que se reinventar a todo instante. Ou seja: aprender novas habilidades, exercer outras funções e migrar para outras áreas de atuação.

Adaptar-se às mudanças não é fácil, especialmente quando chegamos a uma fase da vida em que buscamos estabilidade. Harari explica que existem razões neurológicas para isso. Mesmo com a neuroplasticidade, o cérebro adulto demanda bastante energia para reconectar neurônios e religar sinapses.

Por isso que o lifelong learning implica dominar diferentes estratégias de aprendizado, para assim otimizar o tempo (e a energia) dispendida para aprender algo novo. Ainda, por ser uma atividade que exige esforço, é necessário mudar a percepção em relação ao estudo e encará-lo como algo prazeroso, e não uma mera obrigação.

Como aprender a aprender neste mundo cada vez mais tecnológico

Sim, mudanças são cansativas e elevam os níveis de estresse. Para Yuval Noah Harari, o primeiro passo de como aprender a aprender neste futuro tão próximo é desenvolver a flexibilidade mental e o equilíbrio emocional. É preciso aceitar e se sentir à vontade com o que não sabe, entender que a mudança é a única constante.

Em outras palavras, saber lidar com a mudança no mercado de trabalho exige investir em um processo de autoconhecimento ou, nas palavras do autor de "21 lições para o século 21", conhecer melhor o próprio sistema operacional.

3 hábitos para aprender a aprender

O processo de autoconhecimento é longo, mas existem hábitos que você pode incluir na sua rotina para potencializar seu aprendizado. Eles são indicados por neurocientistas a pessoas de todas as idades:

  1. Alterne tarefas mais difíceis com as que você tem mais facilidade: o cérebro humano trabalha de duas formas diferentes quando falamos em aprendizado. O primeiro é o modo focado, quando prestamos atenção em uma leitura ou vídeo, e o segundo é o difuso, quando estamos relaxados. O ideal é alternar entre estes dois modos para que o aprendizado seja efetivo. Em uma tarefa que você considera mais complicada, o seu cérebro estará no modo focado, enquanto em algo mais simples ele estará relaxado. Por isso a importância de alternar estas atividades.
  2. Trabalhe com um sistema de recompensas: Dedique 25 minutos a uma tarefa e concentre-se ao máximo neste período de tempo, sem alternar com outras atividades. Finalizado este intervalo, dê a si mesmo uma recompensa, como assistir a um vídeo ou rolar o feed do Instagram por 5 ou 10 minutos. Também conhecido como Pomodoro, este método também trabalha os modos focado e difuso do cérebro.
  3. Recorde ativamente o que você acabou de ler: já aconteceu com você de ler e reler a mesma página de um livro e, ainda assim, não memorizar o que estava escrito? Para evitar este tipo de situação, anote nas margens do livro ou em um caderno as ideias-chave do texto que você acabou de ler. Em seguida, tire os olhos do livro e tente lembrar o que você anotou. Repita os termos em sua cabeça ou em voz alta. Assim você não estará apenas memorizando uma informação, mas construindo o entendimento sobre aquele conteúdo.

Para lidar com as mudanças: o que é resiliência

A parte 5 do livro "21 lições para o século 21" não se chama "Resiliência" por acaso. Para Yuval Noah Harari, exatamente pela frequência com que teremos que lidar com as mudanças, temos que nos tornar resilientes para nos reinventarmos, aprendermos novas habilidades e, assim, continuarmos relevantes no futuro do trabalho.

Mas o que esta palavra quer dizer? Resiliência é a capacidade do ser humano de responder de maneira positiva às adversidades do dia a dia. Ele reconhece o potencial de risco desta situação adversa, mas é capaz de mobilizar recursos pessoais e contextuais para enfrentá-la.

A resiliência não é algo inato, ou seja, pode ser desenvolvido pelo indivíduo. Por isso Yuval Noah Harari defende que ela deve ser trabalhada desde a primeira infância, nas escolas. Afinal, muito provavelmente as crianças que nasceram nesta década exercerão profissões que ainda não existem. Isso exige um sistema educacional que foque no desenvolvimento de habilidades comportamentais.

Os 4 C’s que devem ser ensinados nas escolas

Para Harari, as escolas de hoje deveriam minimizar as habilidades técnicas e enfatizar habilidades para propósitos genéricos na vida. Assim as crianças estariam sendo preparados para lidar com as mudanças frequentes e manteriam o equilíbrio emocional para lidar com situações que não são familiares. O historiador menciona os 4 C's que deveriam ser ensinados nas escolas, tema defendido por pedagogos:

  1. Pensamento crítico
  2. Comunicação
  3. Colaboração
  4. Criatividade

As profissões do futuro

É impossível dizer com exatidão quais profissões irão surgir nos próximos anos, porém organizações internacionais oferecem pistas das carreiras do futuro, por meio das novas tecnologias que estão se popularizando.

Uma delas é a Cognizant Technology Solutions, que elaborou uma lista com as 21 profissões do futuro, que devem aparecer até 2028. Saiba mais sobre as atividades de cada uma destas profissões.

  1. Detetive de dados
  2. Facilitador de TI
  3. Oficial de ética de sourcing
  4. Gestor de desenvolvimento de negócios de inteligência artificial
  5. Mestre de edge computing
  6. Walker/Talker
  7. Conselheiro de compromisso de saúde
  8. Técnico de saúde assistida por inteligência artificial
  9. Analista de cybercidade
  10. Diretor de portfólio genômico
  11. Gerente de equipe humanos-máquinas
  12. Coach de bem-estar financeiro
  13. Alfaiate digital
  14. Chief Trust Officer
  15. Analista de quantum machine learning
  16. Guia de loja virtual
  17. Corretor de dados pessoais
  18. Curador de memórias pessoais
  19. Construtor de jornadas de realidade aumentada
  20. Controlador de estradas
  21. Oficial de diversidade genética

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Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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