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Você deve ter algum tio ou avô que trabalhou a vida inteira em um único lugar e exerceu uma única profissão. Se compararmos o mundo em que eles viviam com o nosso, parece uma realidade tão distante, não é mesmo?
O mercado de trabalho mudou muito e novas profissões foram criadas para atender as demandas da sociedade contemporânea, cada vez mais tecnológica. Hoje é exigido de um profissional uma gama de habilidades que não existiam em um passado próximo, e provavelmente novos conhecimentos serão cobrados dentro de uma década.
É difícil dizer com exatidão o que você terá que aprender nos próximos dez anos para continuar relevante na sua área de atuação, mas uma coisa é certa: antes de saber o que aprender, é preciso saber como aprender a aprender.
Afinal, você precisará estar pronto para adquirir novos conhecimentos quando necessário, momentos que serão cada vez mais comuns no futuro. Ao longo deste século, as pessoas precisarão se reinventar algumas vezes no decorrer de suas vidas profissionais para acompanhar os avanços tecnológicos. Muito provavelmente elas terão que mudar de área de atuação e exercer funções que nunca imaginaram realizar. Para serem bem-sucedidas, precisarão adotar uma postura de lifelong learning.
Esta é uma das conclusões de Yuval Noah Harari , autor de “21 lições para o século 21” e professor convidado da Pós PUCPR Digital. A seguir, a partir das principais ideias do historiador sobre o futuro da educação, você entenderá o que é lifelong learning com mais detalhes e como se adaptar a este novo mundo do trabalho. Também verá como aprender a aprender hoje mesmo, adotando alguns hábitos simples no seu dia a dia.
Lifelong learning é a aprendizagem ao longo da vida, de forma voluntária, proativa e permanente. Também são usados como sinônimos do termo as expressões “educação continuada” ou “aprendizado continuado”. Este conceito abrange uma postura em relação ao ensino formal, ao definir a atitude de pessoas que continuam a estudar após concluírem o Ensino Superior e, na teoria, já terem definido uma profissão para si.
Lifelong learning significa ainda:
Apesar de ter ganhado destaque nos últimos anos com a transformação digital, o lifelong learning remonta à década de 1970, como uma política de ensino. Entidades internacionais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) defendiam em seus relatórios a prática do aprendizado ao longo da vida. A Unesco, em especial, utilizou o conceito para desenvolver um programa de life skills para adultos em 1973.
A União Europeia (UE) incluiu o lifelong learning em suas políticas educacionais nos anos 2000, por considerá-lo uma importante estratégia para evitar o desemprego. Aqui no Brasil, o termo ganhou destaque a partir de 2017, com reportagens nos grandes jornais do país.
Na prática, o lifelong learning é adotado por pessoas que concluem mais de uma pós-graduação, realizam cursos rápidos, participam de palestras e conferências e consomem conteúdo atualizado sobre sua área de atuação. Elas são chamadas de “lifelong learners” e geralmente são indivíduos automotivados que buscam conhecimento por razões profissionais ou pessoais, de forma voluntária e contínua.
Toda pessoa pode se tornar um lifelong learner. Para isso, é preciso entender o aprendizado como um processo, que se renova com frequência. E, assim como para exercer uma nova função ou mudar de área, seguir o lifelong learning implica adquirir novas qualificações , como:
A literatura científica sobre o tema também aponta 8 competências gerais que, aliadas ao lifelong learning, contribuem para o indivíduo a se manter atualizado e acompanhar as mudanças no mercado de trabalho:
Antes do conceito de lifelong learning entrar em voga, a vida das pessoas geralmente se dividia em duas fases complementares, uma focada no estudo e outra no trabalho. Na primeira, o indivíduo acumulava informações, desenvolvia aptidões e construía sua identidade. Na segunda, todo o conhecimento acumulado era aplicado para construir uma carreira e contribuir para a sociedade.
Este modelo já está se tornando obsoleto, como explica Yuval Noah Harari em "21 lições para o século 21". As mudanças cada vez mais aceleradas, aliadas ao aumento da expectativa de vida, farão com que as pessoas tenham que se reinventar a todo instante. Ou seja: aprender novas habilidades, exercer outras funções e migrar para outras áreas de atuação.
Adaptar-se às mudanças não é fácil, especialmente quando chegamos a uma fase da vida em que buscamos estabilidade. Harari explica que existem razões neurológicas para isso. Mesmo com a neuroplasticidade, o cérebro adulto demanda bastante energia para reconectar neurônios e religar sinapses.
Por isso que o lifelong learning implica dominar diferentes estratégias de aprendizado, para assim otimizar o tempo (e a energia) dispendida para aprender algo novo. Ainda, por ser uma atividade que exige esforço, é necessário mudar a percepção em relação ao estudo e encará-lo como algo prazeroso, e não uma mera obrigação.
Sim, mudanças são cansativas e elevam os níveis de estresse. Para Yuval Noah Harari, o primeiro passo de como aprender a aprender neste futuro tão próximo é desenvolver a flexibilidade mental e o equilíbrio emocional. É preciso aceitar e se sentir à vontade com o que não sabe, entender que a mudança é a única constante.
Em outras palavras, saber lidar com a mudança no mercado de trabalho exige investir em um processo de autoconhecimento ou, nas palavras do autor de "21 lições para o século 21", conhecer melhor o próprio sistema operacional.
O processo de autoconhecimento é longo, mas existem hábitos que você pode incluir na sua rotina para potencializar seu aprendizado. Eles são indicados por neurocientistas a pessoas de todas as idades :
A parte 5 do livro "21 lições para o século 21" não se chama "Resiliência" por acaso. Para Yuval Noah Harari, exatamente pela frequência com que teremos que lidar com as mudanças, temos que nos tornar resilientes para nos reinventarmos, aprendermos novas habilidades e, assim, continuarmos relevantes no futuro do trabalho.
Mas o que esta palavra quer dizer? Resiliência é a capacidade do ser humano de responder de maneira positiva às adversidades do dia a dia. Ele reconhece o potencial de risco desta situação adversa, mas é capaz de mobilizar recursos pessoais e contextuais para enfrentá-la.
A resiliência não é algo inato, ou seja, pode ser desenvolvido pelo indivíduo. Por isso Yuval Noah Harari defende que ela deve ser trabalhada desde a primeira infância, nas escolas. Afinal, muito provavelmente as crianças que nasceram nesta década exercerão profissões que ainda não existem. Isso exige um sistema educacional que foque no desenvolvimento de habilidades comportamentais.
Para Harari, as escolas de hoje deveriam minimizar as habilidades técnicas e enfatizar habilidades para propósitos genéricos na vida. Assim as crianças estariam sendo preparados para lidar com as mudanças frequentes e manteriam o equilíbrio emocional para lidar com situações que não são familiares. O historiador menciona os 4 C's que deveriam ser ensinados nas escolas, tema defendido por pedagogos:
É impossível dizer com exatidão quais profissões irão surgir nos próximos anos, porém organizações internacionais oferecem pistas das carreiras do futuro, por meio das novas tecnologias que estão se popularizando.
Uma delas é a Cognizant Technology Solutions, que elaborou uma lista com as 21 profissões do futuro, que devem aparecer até 2028. Saiba mais sobre as atividades de cada uma destas profissões.
Quer aprofundar seu conhecimento sobre lifelong learning e futuro do trabalho? Garanta sua vaga na superclass exclusiva de Yuval Noah Harari e comece a aprender a aprender agora mesmo.
Por okleina
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