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Pós-graduação

À mão ou digitando: como fazer anotações para estudar melhor?

Por Olívia Baldissera   | 

Do Ensino Fundamental à pós-graduação, somos incentivados por professores a fazer anotações das aulas, sejam elas presenciais ou online. A prática auxilia na memorização do conteúdo e ainda a manter a concentração no que está sendo dito, por isso muitas vezes levamos este hábito para nossa vida profissional. É comum vermos bloquinhos de anotação, tablets e notebooks em palestras, workshops e reuniões de trabalho.

Também é comum ouvirmos que anotar à mão é mais eficiente do que digitar no computador. Mas será que isso é verdade? Cientistas dos mais diferentes campos, como a Educação, a Neurociência e a Psicologia, tentam responder a esta pergunta pelo menos desde a primeira década do século 20. Nos últimos anos, eles se uniram para formar uma nova área do conhecimento e encontrar a resposta, as Learning Sciences.

A seguir, você conhecerá os últimos estudos das Learning Sciences sobre o assunto. Este artigo irá ajudá-lo a aprender como fazer anotações mais eficientes para seus estudos, além de decidir se as escreverá à mão ou no computador.

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É melhor escrever ou digitar?

Escrever é melhor do que digitar caso você se distraia facilmente com notificações no smartphone ou no notebook. Mas, em relação à retenção de conhecimento, a ciência ainda não ofereceu uma resposta conclusiva sobre como fazer anotações à mão pode ser mais eficiente do que a digitação.

Há estudos que corroboram a ideia de que escrever é melhor do que digitar, enquanto outros mostram que anotar no computador é mais eficaz. Um artigo científico de 2014 de pesquisadores da Universidade de Princeton e da Universidade da Califórnia concluiu que não há diferenças significativas na memorização do conteúdo quando os estudantes não podem revisar suas anotações antes de uma prova.

Os cientistas realizaram três experimentos com um grupo de 67 estudantes universitários para verificar se escrever à mão é melhor do que digitar. Os voluntários foram divididos em dois grupos, um deveria fazer anotações à mão e outro no notebook (que estava desconectado da internet para evitar distrações). Todos assistiram a palestras gravadas do TEDx Talks e, em seguida, deveriam responder questões factuais e conceituais sobre o que aprenderam.

No primeiro experimento, os participantes que fizeram anotações à mão se saíram melhor nas respostas às questões conceituais do que os que usaram o notebook. Ao anotar no computador, os estudantes praticamente transcreveram as palestras do TEDx Talks na íntegra. Os pesquisadores perceberam que anotar à mão forçou os participantes a escrever o conteúdo com suas próprias palavras, o que auxilia no processamento da informação.

No entanto, escrever ou digitar não fez diferença no desempenho nas questões factuais. Por isso foi realizado mais um experimento para comprovar estas conclusões. O grupo que fez as anotações no computador foi orientado a não transcrever as palestras e a usar suas próprias palavras ao digitar. Mesmo assim, quem anotou à mão teve melhores resultados nos testes conceituais.

O terceiro e último experimento mostrou que escrever é melhor que digitar tanto para responder as questões factuais quanto às conceituais, desde que os estudantes pudessem revisar as anotações antes de fazer a prova.

Como fazer anotações para estudar melhor também intrigou pesquisadores da Universidade da Geórgia, que publicaram em 2017 um artigo científico com um resultado bem diferente. O experimento conduzido mostrou que digitar é melhor do que escrever quando os estudantes precisam responder questões factuais e que exigem adaptar o conteúdo anotado para ilustrações, como em disciplinas de biologia e matemática. Os voluntários foram orientados a consultar suas anotações antes de fazer a prova.

Outro artigo sobre como fazer anotações, publicado em 2018, tentou entender estes diferentes resultados. Os pesquisadores realizaram mais um experimento com estudantes universitários, que deveriam fazer anotações de uma aula, à mão ou no computador.

Depois, os voluntários deveriam responder uma prova sobre o conteúdo, mas apenas alguns puderam revisar o que anotaram. Isso criou quatro condições para a realização do teste:

  • Estudantes que fizeram anotações no computador e não puderam revisar;
  • Estudantes que fizeram anotações no computador e puderam revisar;
  • Estudantes que fizeram anotações à mão e não puderam revisar;
  • Estudantes que fizeram anotações à mão e puderam revisar.

Após a realização da prova, os pesquisadores concluíram que a eficiência de escrever ou digitar em sala de aula depende da possibilidade de os alunos revisarem suas anotações antes de uma prova.

Em resumo, de nada adianta anotar todo o conteúdo de uma aula se você não conseguir consultá-lo depois.

Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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