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Big Data e Inteligência Artificial: o que esperar dos algoritmos no futuro

okleina • 2 de junho de 2021

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    Desde o início dos anos 2000, o Big Data faz parte do vocabulário de cientistas de dados, programadores e demais profissionais da tecnologia. O grande público o adotou em seguida, quando o e-commerce e as redes sociais passaram a fazer parte do seu dia a dia. Hoje o conceito está bem consolidado, mas sua influência na vida das pessoas ainda é motivo de muita discussão, especialmente com os avanços da Inteligência Artificial (IA).

    Afinal, o Big Data e a Inteligência Artificial trouxeram facilidades para governos, organizações e sociedade, ao mesmo tempo que levantaram questões éticas sobre o armazenamento, uso e posse dos dados. Existem mais dúvidas do que certezas sobre o assunto, que intriga cientistas das mais diferentes áreas de conhecimento, das Ciências Humanas às Biológicas.

    Dentre as diferentes vozes que debatem o impacto dos algoritmos em nossas vidas, uma se destacou nos últimos anos. É a do historiador Yuval Noah Harari, autor dos livros “Sapiens”, “Homo Deus” e “21 lições para o século 21” e professor convidado da  Pós PUCPR Digital.

    Neste artigo, você conhecerá as principais ideias deste pensador sobre o tema, além de saber o que esperar dos avanços do Big Data e da Inteligência Artificial no futuro. O conteúdo apresentado aqui é um resumo dos capítulos 3 e 4 do livro “21 lições para o século 21”.

    O significado de Inteligência Artificial

    Antes de prosseguirmos com o resumo das ideias de Yuval Harari, é preciso detalhar alguns conceitos. Apesar do que vemos na ficção científica, o verdadeiro significado de inteligência artificial é a capacidade de uma máquina realizar atividades de uma forma considerada inteligente. Ou seja, um dispositivo tecnológico deve conseguir simular habilidades humanas como a análise, o raciocínio e a percepção do ambiente.

    Diferentes pesquisadores da área trazem outras definições do conceito. Também podemos definir Inteligência Artificial como:

    • Campo do conhecimento dedicado a fazer os computadores realizarem atividades que, hoje, são feitas de forma mais eficiente pelos seres humanos.
    • Estudo do comportamento inteligente para transformá-lo em qualquer tipo de artefato por meio da engenharia.
    • Área que estuda simulações do comportamento inteligente por meio de métodos computacionais.
    • Tecnologia de processamento de informação que envolve raciocínio, aprendizado e percepção.
    • Ramo da ciência da computação voltado à automação do comportamento inteligente.

    A inteligência artificial já é um campo científico consolidado, tendo como marco inicial os trabalhos de Alan Turing na década de 1940. Além de profissionais da tecnologia, ela envolve pesquisadores da Filosofia, Linguística, Biologia, Psicologia e Neurociência, só para citar alguns exemplos.

    O significado de Big Data

    De forma resumida, o significado de Big Data é a junção e análise estratégica de um grande volume de dados. Todas estas informações precisam ser processadas para gerarem insights e oportunidades de negócio para as organizações. Suas principais características estão concentradas no que se convencionou chamar de “os 7 V’s do Big Data”:

    1. Volume: quantidade de dados coletados a serem analisados. Pode ser medido em Gigabytes (GB), Zettabites (ZB) e até em Yottabytes (YB).
    2. Velocidade: agilidade na captação e no tratamento dos dados;
    3. Vínculo: entendimento da conexão entre os dados, ou seja, como eles se relacionam e são hierarquizados;
    4. Variedade: como os dados são gerados, de forma estruturada, semiestruturada ou não estruturados;
    5. Variabilidade: analisa as variáveis relacionadas, como sazonalidades e eventos.
    6. Veracidade: análise da acurácia de dados para evitar o acúmulo de informações inúteis no seu sistema.
    7. Visualização: organização dos dados em esquemas visuais, como gráficos e tabelas.

    O que são dados

    Para compreender de fato o significado de Big Data, é preciso definir o que são dados. Os dados são o conhecimento bruto, que ainda não recebeu o tratamento adequado para oferecer informações relevantes. Este conhecimento é gerado por todas as pessoas todos os dias, seja no meio online ou no físico.

    Os exemplos mais comuns são nome, CPF, localização e número de cartão de crédito. Mas existem dados que são considerados mais sensíveis, como orientação política e condições de saúde.

    O que são algoritmos

    Com origem na matemática, os algoritmos são um conjunto de regras e procedimentos lógicos previamente definidos para se alcançar determinado objetivo, seguindo um número finito de etapas.

    Vamos falar bastante sobre eles nos próximos parágrafos.

    As revoluções que unem Big Data e Inteligência Artificial

    Duas revoluções devem acontecer em um futuro próximo. A primeira é a da biotecnologia, que tem o apoio da neurociência para decifrar o funcionamento do cérebro humano e dos sentimentos. O que as últimas descobertas científicas têm revelado é que os sentimentos são mecanismos bioquímicos que um ser vivo usa para calcular a sobrevivência. Como um mecanismo, ele segue padrões que podem ser identificados e manipulados.

    A segunda é a da tecnologia da informação, por meio dos avanços em IA e robótica. As duas revoluções combinadas produzirão algoritmos de Big Data que analisarão os sentimentos das pessoas. É o que já acontece na medicina, por exemplo. O diagnóstico e tratamento não é mais estabelecido pela sensação do paciente de estar doente ou saudável, mas pela tecnologia que monitora os dados biométricos de um indivíduo. O Big Data e a Inteligência Artificial já são usados no acompanhamento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.

    Este cenário se expandirá para outras áreas de nossa vida, moldando assim o uso dos algoritmos feito pelas grandes empresas de tecnologia. Se hoje já nos surpreendemos com a maneira como a Google, Facebook e Alibaba predizem nossos comportamentos, as próximas décadas prometem uma mudança de 180 graus na sociedade como a conhecemos.

    Aqui fazemos o mesmo alerta que Yuval Noah Harari: o que você lerá a seguir são hipóteses do que acontecerá no mundo após os impactos do Big Data e da Inteligência Artificial. Não há certeza de que as previsões feitas pelo autor de “21 lições para o século 21” irão, de fato, se concretizar.

    A autoridade dos algoritmos

    Por milênios, a humanidade acreditou que a autoridade tinha origem divina. Com os ideais do Iluminismo do século XVIII, a autoridade passou a ser exercida por seres humanos. E, nas próximas décadas, provavelmente os algoritmos serão os protagonistas.

    A autoridade dos algoritmos se dará a partir da percepção de que eles podem oferecer orientações melhores do que outros seres humanos – ou nós mesmos. Os primeiros sinais desta mudança já estão presentes com a indicação de conteúdo na Netflix e a seleção de publicações a que somos expostos no Instagram.

    Se passarmos a guiar nossas vidas pelos algoritmos, para Harari não fará mais sentido ver o mundo como o campo de ação de pessoas autônomas, que tentam todos os dias fazer as melhores escolhas. O mundo será um gigantesco fluxo de dados e nós, algoritmos bioquímicos que fazem parte de um sistema universal de processamento de informações.

    Algoritmos na tomada de decisão

    O uso de algoritmos na tomada de decisão será cada vez mais comum. Hoje já confiamos a eles a escolha do filme que iremos assistir ou da música que iremos ouvir. Nas próximas décadas, o Big Data e a Inteligência Artificial irão se aperfeiçoar a ponto de tomarem estas decisões por nós, de acordo com as previsões de Yuval Noah Harari:

    • Escolher o par romântico a partir de modelos preditivos que mostrem os possíveis cenários ao se envolver com determinada pessoa.
    • Escolher a profissão e a carreira com uma busca no Google, que, a partir dos algoritmos e as informações armazenadas que possui do usuário, analisaria os pontos fortes e fracos do indivíduo e ofereceria uma resposta.
    • Escolher em qual candidato votar em uma eleição.

    A tendência é que, com o passar dos anos, passemos a confiar mais nos algoritmos do que em nossos sentimentos. Nós sabemos que a maioria das pessoas não conhece bem a si mesma e ainda comete erros na hora de tomar qualquer decisão. Ao contrário da IA, o ser humano sobre com a falta de dados, regras confusas e incertezas da vida cotidiana. Assim delegaremos cada vez mais atividades para os algoritmos, o que pode nos levar a esquecermos como tomar decisões por nós mesmos.

    Big Data e Inteligência Artificial evoluirão a ponto de serem mais éticos que pessoas

    A definição do que é certo e errado ainda será responsabilidade da humanidade, no entanto, é provável que a tecnologia supere uma pessoa em decisões éticas. Em momentos de crise, é comum pessoas esquecerem a ética e seguirem suas emoções e instintos – como em um acidente de carro em que motorista foge sem prestar socorro à vítima, por medo da punição.

    Já que mencionamos o trânsito, o exemplo mais comum de tomada de decisões éticas por parte da tecnologia é o do carro autônomo. Além de evitar acidentes por falhas humanas como falta de atenção, o automóvel é capaz de seguir diretrizes éticas melhor do que humanos em momentos de crise, desde que seja programado para isso. Ele pode ser configurado para parar e ajudar estranhos em apuros ou mudar de pista para salvar a vida de uma criança que esteja em seu caminho (mesmo que isso signifique a morte do motorista).

    Yuval Noah Harari imagina que montadoras como Tesla ou Toyota poderão oferecer aos consumidores dois tipos de carros autônomos, um egoísta e outro altruísta. O primeiro será programado para preservar a vida do dono a qualquer custo, mesmo que isso signifique matar outras pessoas. Já o segundo sacrificará o dono por um bem maior. Quem escolherá o modelo será o consumidor a partir de sua visão filosófica.

    Outro exemplo citado em “21 lições para o século 21” é o processo seletivo de empresas. Se o algoritmo que selecionar os currículos para uma vaga for programado para ignorar a raça e o gênero dos candidatos, provavelmente ele evitará muitos casos de discriminação no mundo do trabalho.

    A IA também pode errar: as imperfeições do algoritmo

    Não, os algoritmos não são perfeitos e, assim como os humanos, eles também podem errar. A falha mais evidente está no processo de sua criação, que pode ser influenciado pelos vieses dos programadores. Ideologias políticas, preconceitos e interesses econômicos podem estar por trás do código.

    O dono da tecnologia também influencia no funcionamento dos algoritmos. Eles podem ser usados para cercear direitos humanos, como a liberdade de expressão e o direito de ir e vir, criando assim verdadeiras ditaduras digitais.

    Ainda, os algoritmos podem levar a novas formas de discriminação e opressão. O Big Data e a Inteligência Artificial se tornarão tão complexos que não perceberemos quando a tecnologia cometer algum erro na tomada de decisão.

    Para ilustrar este risco, Harari menciona bancos que usam IA para decidir a quem oferecer empréstimos. Alguém poderá ter o pedido de dinheiro recusado injustamente, mas, ao questionar a decisão com o gerente, será informado de que "o algoritmo que decidiu, não podemos fazer nada". Se o cliente perguntar o que há de errado com ele, os funcionários do banco tampouco saberão dizer.

    A quem pertencerão os dados

    Você diria hoje que é dono dos seus dados? Ou será que eles pertencem às big techs do Vale do Silício? Há algum tempo ouvimos que “os dados são o novo petróleo”, por isso as informações se tornaram sinônimo de poder.

    Harari defende a regulamentação da propriedade dos dados para evitar abusos como os do Cambridge Analytica e, em um futuro próximo, uma nociva concentração da riqueza mundial nas mãos de uma pequena elite. Já há iniciativas neste sentido, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil , que está em vigor desde setembro de 2020.

    Apesar deste artigo tratar sobre o futuro do Big Data e da Inteligência Artificial, as tentativas de monopólio de dados já fazem parte do nosso dia a dia. Google, Facebook, Alibaba, Amazon, Tencent... Todas estas gigantes da tecnologia captam a atenção dos usuários e a oferece para outras empresas, que pode veicular seus anúncios nestes canais.

    Entretanto, tirar os dados das mãos da iniciativa privada e nacionalizá-los não é a solução, do ponto de vista do autor. A nacionalização pode levar a ditaduras digitais, se políticos usarem as informações para fins inescrupulosos, como manipular o resultado de uma eleição.

    Deu para perceber que o futuro do Big Data e da Inteligência Artificial é bastante difícil de prever, não é mesmo? O tema é complexo e não se esgota no livro “21 lições para o século 21”. Yuval Harari traz mais observações sobre o impacto das novas tecnologias na humanidade em “Homo Deus: uma breve história do amanhã”. O historiador é referência mundial em futurologia e aborda o tema em palestras, conferências e colunas de jornal.

    Quem é Yuval Noah Harari, autor de “21 lições para o século 21”

    Yuval Noah Harari é professor do Departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém. Hoje se concentra na pesquisa dos processos da macro-história. Em seus livros e artigos para imprensa, tenta responder questões como: existe justiça na história? As pessoas ficaram mais felizes com o desenrolar da história? Que questões éticas a ciência e a tecnologia levantam no século 21?

    Antes de se tornar um guru do século 21, realizou pesquisas sobre a Baixa Idade Média e o Renascimento. Em 2011 lançou o livro que o tornou mundialmente famoso, "Sapiens: uma breve história da humanidade", em que argumenta que o Homo sapiens domina o mundo hoje por ser o único ser vivo capaz de cooperar de forma flexível e de acreditar em coisas imateriais.

    "Homo Deus: Uma breve história do amanhã" veio em seguida, apresentando questões filosóficas e hipóteses sobre o futuro da humanidade. Por fim, Harari revisou e organizou entrevistas, palestras e artigos para imprensa no livro "21 Lições para o século 21".

    Mais recentemente, Yuval Harari tem dado entrevistas e proferidos palestras sobre a Covid-19. Suas principais ideias sobre a crise sanitária foram reunidas no livro “Notas sobre a pandemia: E breves lições para o mundo pós-coronavírus”.

    Hoje ele dá palestras ao redor do mundo e escreve artigos para os jornais The Guardian, Financial Times, The New York Times, The Wall Street Journal e The Economist. Em 2019, Yuval Harari fundou a Sapienship, instituição de impacto social com projetos nas áreas de entretenimento e educação.

    Você pode aprender ainda mais sobre o poder dos algoritmos com um dos maiores pensadores do século 21. Garanta sua vaga na superclass exclusiva com Yuval Noah Harari na  Pós PUCPR Digital.

    Por okleina

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