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O que Marc Benioff, CEO da Salesforce, Jack Dorsey, cofundador do Twitter, e Sergey Brin, cofundador do Google, têm em comum? Além de terem revolucionado o mundo da tecnologia, os três incluíram em suas rotinas uma prática que exige dedicação, concentração e silêncio.
É o mindfulness, o estado mental de atenção plena.
A prática não tem sido procurada apenas por empreendedores do Vale do Silício. Pessoas do mundo inteiro tentam incluir a meditação e exercícios de respiração no dia a dia, para assim lidar com o estresse e aumentar a produtividade.
O mindfulness é tema de reuniões em escritórios, lives, cursos e, principalmente, pesquisas científicas.
Seus benefícios já são comprovados pela
neurociência, campo multidisciplinar que estuda o cérebro humano. Neste artigo, você vai descobrir o que a ciência tem a dizer sobre o mindfulness.
O mindfulness é um estado mental caracterizado pela atenção plena nas atividades que estão sendo realizadas.
Todos os sentidos são acionados para experienciar o momento presente de forma intencional e consciente. Isso não significa que pensamentos e sentimentos devam ser ignorados, eles devem ser experienciados conforme acontecem, sem juízo de valor algum.
Ou seja, a atenção plena não é “esvaziar a mente” nem “atingir um estado de iluminação”.
A prática para permanecer no estado mental de atenção plena é como uma atividade física, é preciso treinar e manter uma rotina para sentir os resultados.
Ela pode ser exercitada em atividades simples da rotina, deixando o smartphone de lado e se concentrando na atividade que está fazendo naquele momento. Uma caminhada, uma refeição e até um banho são oportunidades para praticar.
Depois de escolher em qual atividade você irá treinar a atenção plena, direcione seu foco a um dos 5 sentidos (tato, olfato, audição, paladar ou visão) por alguns minutos.
Comece com um minuto, parta para dois e vá aumentando gradativamente. Estas dicas são consideradas “práticas informais” por profissionais especializados em mindfulness e já trazem benefícios para o seu dia a dia.
A busca pela atenção plena é uma prática milenar e tem inspiração no budismo e no taoísmo.
Quem trouxe o mindfulness para o Ocidente e passou a estudá-lo foi o biólogo americano Jon Kabat-Zinn, em 1979. Ele iniciou na faculdade de medicina da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, um programa de redução de estresse, batizado como Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR).
O MBSR foi pioneiro ao deixar o aspecto espiritual de lado e chamar a atenção para a melhora na qualidade de vida decorrente da prática da atenção plena. O programa é composto por 8 aulas de 2h30 de duração, distribuídas ao longo de 8 semanas.
Nos encontros, são ensinadas técnicas como a respiração, o escaneamento corporal, a caminhada e os movimentos com atenção plena. O participante é estimulado a dedicar 45 minutos do dia aos exercícios de mindfulness após a conclusão do MBSR.
O programa de Jon Kabat-Zinn é o mais conhecido, porém existem diversos protocolos indicados por psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da saúde mental. Hoje o mindfulness complementa o tratamento de transtornos mentais como ansiedade generalizada e depressão, por auxiliar no manejo de problemas do dia a dia.
Os efeitos do mindfulness na saúde mental despertaram o interesse de cientistas há alguns anos. Levantamento da Associação Americana de Pesquisa em Mindfulness (AMRA, na sigla em inglês) mostrou que as publicações científicas sobre o tema passaram de 12, em 2000, para 624, em 2015.
Para entender os impactos da prática, pesquisadores se utilizam de exames de neuroimagem, escalas psicológicas e avaliações neurobiológicas.
Dentre estas publicações, uma revisão sistemática se destacou. Cientistas da Universidade John Hopkins realizaram uma meta-análise (análise estatística dos resultados de dois ou mais estudos independentes) de 17.801 citações e 47 testes com 3320 participantes em 2015.
O objetivo era entender se, de fato, os programas baseados em meditação mindfulness contribuíam para a redução de estresse e promoção de bem-estar.
Foram encontradas evidências moderadas de redução de ansiedade, depressão e dor, por isso os pesquisadores alertaram para a necessidade de mais estudos sobre a prática. No entanto, a neurociência já consegue explicar como o mindfulness afeta o cérebro humano.
A neurociência explica os benefícios do mindfulness a partir da análise de quais regiões do cérebro humano são ativadas com a prática. Nosso córtex pré-frontal é dividido em três conjuntos de estruturas cognitivas que podem ser ativadas durante os exercícios de atenção plena:
O cérebro alterna entre estes conjuntos continuamente. Durante a prática de mindfulness, há uma redução nas atividades da rede central, pois ficamos concentrados no tempo presente. As amígdalas cerebrais também apresentam uma atividade menor, o que reduz a intensidade de emoções como medo e ansiedade.
Simultaneamente, há a produção de neurotransmissores que potencializam a sensação de bem-estar, como:
O mindfulness também reduz os níveis de cortisol, hormônio de controle do estresse do corpo humano. A diminuição melhora a qualidade do sono e desacelera o processo de envelhecimento celular, além de impactar a resposta imunológica, os processos inflamatórios e a estrutura do tecido cerebral.
Outro sinal dos efeitos do mindfulness é o aumento no número de neurônios de determinadas regiões do órgão.
A conclusão é de
pesquisadores da Universidade de Harvard, que monitoraram 17 participantes de MBSR. Eles observaram que houve um aumento de massa cinzenta no córtex cingulado posterior, na junção temporoparietal e no cerebelo. Estas regiões estão associadas à capacidade de aprendizado, memória, regulação das emoções, processamento autorreferencial e adoção de novas perspectivas.
Isso acontece graças à neuroplasticidade do cérebro, ou seja, à capacidade do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e moldar-se ao longo da vida de um indivíduo, em um nível estrutural e funcional.
Cabe ressaltar que o mindfulness não deve ser visto como uma cura para todas as enfermidades, mas como um aliado no tratamento de transtornos mentais, doenças crônicas (como diabetes e hipertensão) e dores agudas.
E então, este artigo ajudou na sua jornada de aprendizado sobre o mindfulness? Confira também os artigos abaixo para complementar seus conhecimentos:
Por Olivia Kleina
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