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Tontura, falta de ar, dores pelo corpo. O que parecem sintomas de uma doença causada por alguma infecção muitas vezes podem ser o alerta de um quadro psicossomático. Pelo menos 20% das pessoas atendidas na atenção primária sofrem algum grau de somatização, segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizado em 15 países, inclusive no Brasil.
A maior compreensão da relação entre o bem-estar psicológico e sintomas físicos veio dos avanços da psicossomática, ciência da saúde interdisciplinar que estuda os efeitos dos fatores sociais e psicológicos sobre os processos orgânicos do corpo de um indivíduo. Ou seja, ela mostra que não existe separação entre a saúde mental e a física.
A partir desta perspectiva, cada vez mais profissionais e instituições de saúde têm adotado o modelo biopsicossocial para ajudar os pacientes, além de ter sido adotado como base para a International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) pela OMS em 2002. Mas o que este termo significa? No que ele difere na forma como os pacientes são atendidos atualmente? Você irá descobrir a seguir.
O modelo biopsicossocial é uma abordagem multidisciplinar que compreende as dimensões biológica, psicológica e social de um indivíduo:
A proposta do modelo biopsicossocial é oferecer assistência ao paciente de uma forma holística e não apenas se concentrar no tratamento da doença. Isso envolve uma troca de palavras no vocabulário médico: em vez de “tratar uma doença”, deve-se “cuidar de alguém”. O cuidado acontece por meio de ações integradas de uma equipe de saúde que deve ser composta por especialistas de cada uma das dimensões listadas acima. Alguns exemplos são psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e sociólogos.
A saúde deixa de ser monopólio uma única especialidade médica, pois o estado de doença passa a ser multifatorial. No modelo biopsicossocial, "saúde” é definida como um estado completo de bem-estar físico, mental e social do indivíduo, mesma concepção empregada pela OMS.
O modelo se originou na medicina psicossomática e ganhou destaque entre os profissionais da saúde em 1977, com a publicação de um artigo científico na Revista Science. Em "The need for a new medical model: a challenge for biomedicine" , o psiquiatra George Libman Engel propôs o modelo biopsicossocial no lugar do biomédico, por considerá-lo insuficiente para lidar com as queixas dos pacientes.
Ao contrário do modelo biopsicossocial, o biomédico define "saúde" como ausência de doença, dor ou defeito. Ele se concentra na patologia, bioquímica e fisiologia ao estudar uma doença, sem considerar aspectos sociais ou de subjetividade. O médico é o protagonista do sistema, que é altamente especializado, fragmentado e hospitalocêntrico.
Outra característica marcante é a separação entre corpo e mente, como se o estado de um não impactasse o outro. Apesar das críticas existentes ao modelo biomédico, ele é o predominante nos sistemas públicos e privados de saúde.
Antes de falar mais sobre o modelo biopsicossocial, é necessário definir o que se entende por “cuidado em saúde”. A expressão se refere ao tratar, respeitar, acolher e atender o ser humano em sofrimento, com qualidade e resolutividade de suas queixas. O cuidado já começa na atenção básica, que abrange também o atendimento de questões de saúde mental.
Uma perspectiva holística auxilia na oferta de uma assistência humanizada, que coloca o paciente no centro do atendimento. Na prática, os profissionais de saúde que adotam o modelo biopsicossocial devem desenvolver as seguintes habilidades:
No contato com o paciente, o modelo biopsicossocial pressupõe algumas boas práticas que devem ser seguidas por todos os profissionais de saúde.
A saúde mental ganhou mais atenção nos últimos anos com a promoção do modelo biopsicossocial em universidades e instituições de saúde do sistema público e privado. Por isso profissionais de saúde especializados no assunto são cada vez mais valorizados no mercado. A pós-graduação oferece conhecimento atualizado para ajudar pacientes de uma forma realmente significativa, a partir da promoção de ações de intervenção em diferentes contextos.
Por okleina
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