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Tecnologia

6 estratégias de gamificação do Octalysis Framework

Por Olívia Baldissera   | 

Quem gamifica engaja (dentro e fora da empresa).

Pelo menos 83% dos colaboradores que participam de treinamentos gamificados sentem-se mais motivados no trabalho, segundo levantamento da TalentLMS de 2019.

Na relação com os consumidores, por sua vez, a gamificação já se mostrou eficaz no aumento das taxas de conversão. Os já conhecidos benefícios da gamificação no relacionamento com clientes estimula um cenário otimista para este mercado, que deve alcançar a marca de US$ 30,7 bilhões em 2025 – hoje ele tem um valor global de US$ 9,1 bilhões, segundo a MarketsandMarkets.

E estas são apenas algumas das estatísticas surpreendentes da gamificação. Com estes números, já deu para perceber que ela não pode ficar de fora do seu hall de ferramentas, não é mesmo?

Mas como aplicar a gamificação na prática? Existem vários modelos disponíveis que garantem um maior envolvimento de colaboradores e clientes. Neste artigo, você conhecerá o Octalysis Framework, modelo desenvolvido por Yu-Kai Chou após 17 anos de pesquisas em game design e comportamento humano.

Quem é Yu-Kai Chou, inventor do Octalysis Framework

Yu-Kai Chou é considerado um dos pioneiros da gamificação, ao desenvolver o conceito de "Lifestyle Gamification" em 2003. Pouco depois ele fundaria a Future Delivery, voltada à consultoria e implementação de estratégias de gamificação em processos seletivos.

Na década de 2010 ele apresentou o Octalysis Framework para o mercado, modelo que já foi traduzido para 16 idiomas e um pré-requisito nas aulas de gamificação em todo o mundo.

A inovação de Yu-Kai Chou fez com que ele ficasse em 1º lugar na lista “Gamification Gurus Power 100” da RISE, além de receber o título de Guru da Gamificação dos anos de 2014, 2015 e 2017, premiação concedida pelo Gamification Congress e pela Gamification Europe Conference.

Em 2015, ele publicou o livro “Actionable Gamification: Beyond Points, Badges and Leaderboards”, em que compartilha o resultado de anos de pesquisas nas áreas da gamificação e no Human-Focused Design.

Hoje Yu-Kai Chou é consultor e palestrante internacional, além de integrar o grupo de experts em gamificação da The Octalysis Group.

Conheça mais detalhes da trajetória de Yu-Kai Chou, o pioneiro da gamificação.

Como funciona o Octalysis Framework

Yu-Kai Chou desenvolveu o Octalysis Framework para entender por que as pessoas se envolviam tanto com os jogos. Ele chegou à conclusão de que o engajamento é o resultado da combinação de core drives específicos e inerentes a todo ser humano. São estes elementos que nos motivam a agir e a nos comprometer com certas atividades.

O modelo Octalysis tem o formato de um octógono para comportar oito core drives, que podem ser combinados para motivar uma pessoa a realizar alguma ação. Pelo menos um deles deve estar presente para que haja o engajamento. Daqui em diante, chamaremos o indivíduo que queremos que realize alguma ação de jogador.

Core drive 1: Significado Épico & Chamado (Epic Meaning & Calling)

O jogador acredita que está fazendo algo mais importante do que os seus objetivos pessoais, como se ele estivesse destinado a atos grandiosos. Esta é uma crença comum entre quem experiencia a famosa "sorte de principiante", fenômeno em que o indivíduo acredita ter um dom ou que é mais sortudo do que os outros.

Core drive 2: Desenvolvimento & Realização (Development & Accomplishment)

O jogador deve sentir que está progredindo de alguma forma, seja passando de fase, desenvolvendo novas habilidades ou superando desafios. Este drive do Octalysis Framework é o mais utilizado em treinamentos corporativos e em estratégias de marketing, por ser o mais fácil de criar. Os recursos mais comuns nesta estratégia são:

  • Pontos
  • Badges (símbolos de realização)
  • Leaderboards
  • Barra de progresso
  • Lutas contra chefões
Core drive 3: Empoderamento da Criatividade & Feedback (Empowerment of Creativity & Feedback)

O jogador participa de um processo criativo em que deve testar diferentes combinações e encontrar soluções. É neste core drive do Octalysis Framework que a pessoa "joga" ou "brinca", pois ele envolve o prazer em realizar a atividade em si. Ao expressar sua criatividade, o jogador precisa ver os resultados do seu trabalho e receber feedbacks constantes.

Core drive 4: Propriedade & Posse (Ownership & Possession)

O jogador sente-se motivado a continuar a realizar determinada atividade devido ao sentimento de posse. Ele sente-se motivado a melhorar o que possui e ainda a aumentar seus bens. Para Yu-Kai Chou, este core drive explica o comportamento de colecionadores de selos e aficionados por quebra-cabeças.

Os recursos de gamificação mais comuns são:

  • Avatar
  • Coleções de skins
  • Troca de pontos
  • Acúmulo de bens virtuais ou materiais.
Core drive 5: Influência Social & Afinidade (Social Influence & Relatedness)

Este core drive reúne todos os elementos sociais que engajam pessoas, como a mentoria, a aceitação, as respostas sociais, o companheirismo e a competição. Ele também envolve o desejo de se conectar com grupos e pessoas com quem compartilhamos interesses em comum.

Core drive 6: Escassez & Impaciência (Scarcity & Impatience)

O jogador deseja algo porque não consegue tê-lo naquele exato instante. Esta coisa pode ser algo raro, exclusivo ou difícil de ser obtido.

Core drive 7: Imprevisibilidade & Curiosidade (Unpredictability & Curiosity)

Sabe aquela curiosidade de saber o que vai acontecer em seguida? É disso que se trata este core drive do Octalysis Framework, que experimentamos na leitura de romances ou em séries da Netflix.

Core drive 8: Perda & Prevenção (Loss & Avoidance)

O último core drive do Octalysis Framework se refere às tentativas de evitar que algo negativo aconteça, em especial se tivermos trabalhado tanto para conquistá-lo.

Os motivadores intrínsecos e extrínsecos no Octalysis Framework

Todos estes core drives são divididos em em dois drives maiores, chamados por Yu-Kai Chou de Cérebro Esquerdo (Left Brain) e Cérebro Direito (Right Brain). O inventor do Octalysis Framework ressalta que esta denominação é apenas didática, pois a neurociência já demonstrou que a divisão do cérebro humano em uma parte racional e outra emocional é um mito.

As principais características do Cérebro Esquerdo são:

  1. Abrange os core drives 2, 4 e 6;
  2. É associado à lógica, cálculo e posse;
  3. É estimulado por motivadores extrínsecos, ou seja, o jogador sente-se motivado a obter alguma coisa, seja ela um objetivo, um bem ou algo que os outros não conseguem ter.

E as do Cérebro Direito são:

  1. Abrange os core drives 3, 5 e 7;
  2. É associado à criatividade, autoexpressão e aspectos sociais;
  3. É estimulado por motivadores intrínsecos, ou seja, o jogador sente-se realizado ao usar a própria criatividade, passar um tempo com os amigos ou ter novas experiências. A própria atividade é uma premiação.

No longo prazo, empresas devem se concentrar em oferecer motivadores intrínsecos aos consumidores e colaboradores. Utilizar apenas motivadores extrínsecos acaba por diminuir o engajamento ao longo do tempo, pois o jogador alcança o objetivo, ganha uma premiação e se dá por satisfeito.

Gamificação White Hat e Black Hat

No Octalysis Framework, os core drives do topo são considerados motivadores positivos, enquanto os de baixo são vistos como negativos. Técnicas baseadas no primeiro grupo são chamadas de Gamificação White Hat e as no segundo, de Gamificação Black Hat.

Na Gamificação White Hat, o engajamento é fruto da sensação de significado, o jogador sente-se bem e poderoso. E a Black Hat é o oposto, o medo e a angústia predominam, o que não necessariamente é ruim. Este tipo de gamificação é bastante usado em aplicativos de exercícios físico e dieta, por exemplo.

Como usar o Octalysis Framework na prática em 6 estratégias

Ficou curioso em ver o Octalysis Framework na prática? Você pode fazer experimentos na ferramenta gratuita desenvolvida por Yu-Kai Chou e entender como contrabalancear cada um dos 8 core drives.

Também preparamos uma lista com 8 estratégias baseadas no modelo Octalysis para você se inspirar e implementar a gamificação na sua equipe, em treinamentos e onboardings. Vamos lá?

1. Inclua uma causa social entre os prêmios do seu projeto de gamificação

Antes de iniciar um projeto de gamificação, é preciso conhecer o perfil dos jogadores. Quais são os valores deles? O que os faria se sentirem parte de algo maior? E como eles gostariam de expressar este sentimento?

As respostas a estas perguntas ajudarão a definir quais elementos do jogo serão usados no treinamento, bem como a plataforma de gamificação. Também é necessário construir uma narrativa envolvente, que transforme os módulos de conteúdo em desafios.

Caso você inclua pontos ou badges no seu projeto de gamificação, é possível convertê-los em prêmios que ajudem causas sociais e, assim, fazer com que a equipe sinta que está contribuindo com um bem maior.

2. Use um recurso que torne a evolução do trabalho visível para todos

Badges, pontos de experiência e barras de desenvolvido são recursos comuns de gamificação para aumentar a produtividade da equipe. Em um treinamento, estes elementos denotam o avanço por cada etapa de aprendizado.

3. Estimule a criatividade e o feedback com clubes e quizzes

Existem diferentes estratégias para estimular a criatividade, a inovação e a expressão da individualidade da equipe para alcançar um determinado objetivo, como a abordagem do design thinking.

Em um treinamento, você pode permitir que os participantes customizem suas jornadas de aprendizado e compartilhem suas experiências com os demais colegas. Como se estivessem reunidos em clube, os membros da equipe podem trocar entre si textos, imagens e estudos de caso. Várias ferramentas permitem fazer esta troca no ambiente remoto, como o Microsoft Teams, o Slack e o Workplace from Facebook.

Já os quizzes são ótimas ferramentas para criar um ciclo de feedbacks a curto prazo. Assim os participantes do treinamento têm uma ideia do conteúdo que já dominam e o que ainda precisa ser aprimorado.

4. Trabalhe o sentimento de posse por meio da personalização do treinamento

Lembra que falamos sobre permitir que os participantes do treinamento customizem as jornadas de aprendizado? Esta opção faz com que eles se sintam mais integrados ao processo.

5. Estimule as conexões entre os membros da equipe

Esta estratégia é essencial em tempos de home office. Uma equipe engajada mantém conexões sociais entre seus membros, que podem acontecer em forma de mentorias ou feedbacks.

Você também pode criar um ambiente em que seu time se sinta confortável para conversar sobre assuntos não relacionados ao trabalho. Uma ferramenta que estimula este tipo de conexão é a Donut, criada para fortalecer os vínculos entre times remotos.

6. Deixe o treinamento disponível por um curto período de tempo

Sim, determinar um prazo para que toda a equipe realize um treinamento é uma estratégia de gamificação, ao trabalhar o core drive da escassez. Você ainda pode incluir badges disponíveis por tempo limitado.

Conheça mais técnicas de gamificação para motivar sua equipe.

Incrível, não é? E o Octalysis Framework oferece ainda mais possibilidades. Você acabou de conhecer estratégias de nível 1. Nos próximos níveis a jornada do jogador é mais bem explorada, bem como os diferentes perfis dos participantes.

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Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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