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Negócios e Gestão

Os 6 D’s de uma organização exponencial. Quantos você conhece?

Por Olívia Baldissera   | 

Hierarquia rígida, formalidade na comunicação, decisões centralizadas. Estas são as principais características de uma organização linear, estrutura mais simples adotada pelas empresas. E também bastante antiga.

Hoje, para sobreviver à transformação digital, uma empresa precisa adotar um modelo que acompanhe as mudanças constantes do mercado. O conceito de “organização exponencial” foi desenvolvido para atender esta demanda, por isso empreendedores e gestores precisam conhecê-lo.

Neste artigo, explicaremos o que é este tipo de empresa, com base no livro "Organizações Exponenciais", escrito por Salim Ismail, Yuri Van Geest e Michael S. Malone em 2014. A publicação inspira até hoje empresários e startups que buscam se destacar em seus segmentos.

Se você já ouviu falar neste termo, nos próximos parágrafos irá se aprofundar no que caracteriza um negócio como exponencial, além de conhecer as maiores organizações exponenciais do mundo.

Ao final da leitura, você estará apto a reconhecer se o lugar onde você trabalha pode ser definido como exponencial ou não. Vamos lá?

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O que é uma organização exponencial

Uma organização exponencial (ExO, na sigla em inglês) é aquela que tem um impacto ou resultado pelo menos dez vezes maior do que a concorrência (em um período de 4 ou 5 anos), devido à adoção de técnicas organizacionais que alavancam tecnologias aceleradas. Ela não precisa contar com centenas de colaboradores nem com instalações gigantescas, pois utiliza as tecnologias de informação para transferir o que antes era material para o mundo digital sob demanda. Isso garante flexibilidade para operar enquanto as margens de lucros não decolam.

Outra diferença entre uma organização linear e uma exponencial está na posse de ativos. Enquanto a primeira tem ativos e mão de obra à disposição, que precisam oferecer um retorno de forma incremental, a segunda alavanca recursos externos para alcançar seus objetivos. Ou seja, ela se utiliza de recursos de terceiros para crescer – é o caso do Waze, que usa as leituras do GPS já embutidas nos smartphones do usuário para oferecer um serviço.

Para uma ExO, a informação é seu maior ativo, por ter o potencial de crescer regularmente. Ao ter acesso a recursos de terceiros e habilitá-los para a informação, uma organização exponencial reduz os custos marginais para zero.

Ainda, uma ExO mantém diálogo com clientes e comunidades online a todo instante, da concepção do produto ao desenvolvimento de aplicativos.

Os autores de "Organizações Exponenciais" explicam que o crescimento em escala geométrica nas empresas é possível graças aos avanços tecnológicos dos últimos 50 anos, que tampouco seguem uma lógica linear de desenvolvimento. É só reparar em como a internet, os smartphones e os algoritmos mudaram rapidamente o nosso dia a dia.

O marco inicial das organizações exponenciais é março de 2006, quando a Amazon lançou o Amazon Web Services (AWS) e ofereceu um serviço de cloud computing de baixo custo para pequenas e médias empresas.

Em suma, no mundo das organizações exponenciais, o tempo de existência, porte, reputação e vendas não garantem mais a sobrevivência de uma empresa. Se ela se apegar a estruturas lineares e a um plano de negócios estático, corre grandes riscos de ir à falência – como a Kodak, que não aderiu à fotografia digital e fechou as portas oficialmente em 2012.

Os atributos internos e externos de uma organização exponencial

Salim Ismail, Yuri Van Geest e Michael S. Malone analisaram as características das 100 startups que mais crescem no mundo para identificar os traços comuns de toda organização exponencial. Eles chegaram à conclusão de que todas têm um Propósito Transformador Massivo (PTM) que as orienta, além de atributos internos (IDEAS) e externos (SCALE).

Para ser considerada uma ExO, uma empresa deve demonstrar pelo menos 4 destes atributos. Conheça a seguir cada uma das características de uma organização exponencial:

Propósito Transformador Massivo (PTM)

A transformação radical que a empresa propõe realizar. A PTM não indica o que uma organização faz, mas o que aspira realizar. As ExOs conquistam o coração e as ambições das pessoas de dentro e de fora da organização, iniciando movimentos culturais e criando comunidades.

Atributos internos de uma ExO (IDEAS)
  • Interfaces: processos de filtragem e comparação que fazem a migração dos atributos externos para os internos, de forma manual ou automatizada.
  • Dashboards: organização e apresentação dos dados para avaliar o desempenho da empresa e, assim, tomar decisões mais assertivas. Estabelecimento de KPIs a serem acompanhados rotineiramente.
  • Experimentação: produtos e serviços são submetidos a testes com consumidores, sendo modificados de acordo com os feedbacks. Possibilita a melhoria contínua do que é entregue ao cliente final.
  • Autonomia: as equipes são multidisciplinares e são auto-organizadas, operando com uma autoridade descentralizada.
  • Social: diálogo constante com colaboradores, por meio de e-mail, intranet e redes sociais internas. Redução da distância entre a obtenção de informação e a tomada de decisão, além de estimular novas ideias.
Atributos externos de uma ExO (SCALE)
  • Equipe sob demanda: times compostos por colaboradores temporários, que trazem novas ideias para a organização. Maneira de garantir agilidade, funcionalidade e flexibilidade. Esta é uma das principais características do futuro do trabalho.
  • Comunidade e multidão: a comunidade é composta pela equipe principal, antigos colaboradores, fornecedores, clientes, usuários e fás, que de alguma forma cooperam para a ExO alcançar seus objetivos. A multidão é composta por pessoas de fora destes círculos, que são atraídas por meio de um incentivo.
  • Algoritmos: organizações exponenciais sabem aproveitar os benefícios do machine learning e do deep learning. Geralmente, desenvolvem um algoritmo próprio.
  • Ativos alavancados: em vez de ter ativos, a ExO aluga-os ou compartilha-os com outras empresas. Exemplos são a locação de galpões ou a terceirização da produção de chips.
  • Engajamento: as ExOs criam um vínculo emocional com os usuários por meio de atributos como transparência de avaliação, autoeficácia, comparação social e recompensas.

A Lei de Moore

A lógica das organizações exponenciais é inspirada na Lei de Moore, que defende que o número de transistores que poderiam ser colocados em um chip dobraria a cada 18 meses, mantendo-se o mesmo custo de fabricação.

Ela foi proferida em 19 de abril de 1965 pelo presidente e cofundador da Intel, Gordon Earle Moore, com base nas projeções para a indústria dos computadores. As previsões do executivo de tecnologia foram publicadas em artigo científico na revista Eletronic Magazine.

A Lei de Moore transpôs as barreiras do setor dos computadores e hoje é conhecida em todos os segmentos da economia que, de alguma forma, dependem da tecnologia da informação. Como clientes finais, percebemos o poder desta lógica exponencial no número de lançamentos de produtos que vemos hoje.

Os 6 Ds da organização exponencial

A vasta quantidade de lançamentos também é explicada por Peter Diamandis, que tornou a Lei de Moore mais adequada às ExOs atuais. Diamandis é cofundador da Singularity University (SU) e trabalhou lado a lado dos autores do livro "Organizações Exponenciais".

Ele desenvolveu o modelo dos 6 D's, que explica o crescimento acelerado das novas tecnologias e ExOs por meio de etapas. Conheça cada uma delas logo abaixo:

1. Digitalização

Surge a possibilidade de digitalizar um produto ou serviço (ou até um segmento inteiro). Uma organização exponencial abraçará esta oportunidade, pois tem consciência de que o que é digital é mais acessível ao cliente final e se propaga em uma velocidade maior. Empresas que não se adaptam à digitalização correm o risco de deixar de existir, como a Kodak e a Blockbuster.

2. Decepção

Um crescimento exponencial não é sinônimo de imediato. O início do desenvolvimento e lançamento de uma nova tecnologia é linear, ou seja, não traz retorno financeiro de uma hora para outra.

Nesta fase, a organização exponencial vê a tecnologia em que investiu dobrar sua capacidade ou lucro. Porém eles podem ser tão diminutos que o dobro não parecerá nada. Pense nas câmeras digitais: a princípio, passar de uma resolução de 0,01 megapixel para 0,02 não parece um grande avanço. Quando o número chega a 1 megapixel e dobra em escala geométrica, aí sim a tecnologia pode ser chamada de disruptiva.

3. Disrupção

Esta fase das organizações exponenciais se caracteriza pelo desenvolvimento de uma nova tecnologia que abala todo um segmento do mercado. No começo, a revolução que ela promete parece significante, porém uma hora ela chega: os consumidores adotam esta tecnologia e as vendas começam a crescer. É o caso da Netflix, cujo serviço de streaming chacoalhou o mercado de videolocadoras.

4. Desmonetização

Calma, não são as empresas que deixam de ganhar dinheiro. Na verdade, este D se refere à capacidade do produto de uma organização exponencial de oferecer algo sem custo. Pense o quanto você economizou ao não precisar mais revelar filmes, alugar DVD's ou comprar CD's.

5. Desmaterialização

Nesta etapa, a nova tecnologia domina o mercado e a antiga deixa de existir – ou vira item de colecionador. Serviços de streaming como Spotify, Netflix e Amazon Prime Video estão aí para provar. O setor financeiro é outro que sente o impacto da transformação digital, com as fintechs que não param de crescer.

6. Democratização

Na última fase, a organização exponencial consegue oferecer seu produto ou serviço a preços acessíveis. É o caso dos smartphones, que estão no bolso de mais de 5,22 bilhões de pessoas em todo o mundo. O Google e o YouTube também permitiram o acesso à informação.

Exemplos de organizações exponenciais

Ao longo deste texto, mencionamos alguns exemplos de organizações exponenciais. Mas aposto que na sua cabeça apareceram vários outros nomes. Afinal, elas fazem parte do nosso cotidiano e, muitas vezes, estão na palma da nossa mão, em nossos celulares. Mas algumas têm um potencial maior de escalabilidade do que outras.

Saiba quais são as 10 maiores organizações exponenciais do mundo, segundo a OpenExO:

  1. GitHub
  2. AirBnB
  3. Uber
  4. Indiegogo
  5. Google
  6. Quirky
  7. Kaggle
  8. Pinterest
  9. Reddit
  10. Tumblr

Isso não significa que a sua empresa precisa estar no Vale do Silício para ser considerada exponencial. É preciso ter em mente qual é o PTM dela e, o mais importante: ter paciência, pois a mudança para o modelo exponencial não acontece em um estalar de dedos.


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Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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