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Tecnologia

O que é governança de TI, uma das áreas mais bem remuneradas da tecnologia

Por Olívia Baldissera   | 

Nenhuma empresa sobrevive sem profissionais de tecnologia. Este fato se reflete em um mercado aquecido se olharmos as estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). Mais de 421 mil postos de trabalho devem ser criados no setor até 2024, o que dá mais de 100 mil vagas por ano. No entanto, os cursos superiores formam menos de 50 mil novos profissionais de TI por ano.

A lacuna profissional só aumenta a disputa por profissionais como cientistas de dados, especialistas em cibersegurança e desenvolvedores. Outro segmento da tecnologia que acompanha a demanda é o de governança de TI, que se tornou essencial para uma empresa alcançar seus objetivos com a transformação digital.

Se você pensa em aproveitar as oportunidades de um mercado aquecido, precisa saber o que é governança de TI e os benefícios de implementá-la nas organizações. Vamos lá?

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O que é governança de TI

A governança de TI é um conjunto de normas e práticas definido por cada organização para seu departamento de tecnologia de informação. Elas são estabelecidas a partir das exigências do setor e dos valores internos da empresa, norteando assim os processos internos. Esses parâmetros também determinam as responsabilidades de cada setor e os resultados esperados para cada uma das atividades executadas pelas equipes.

A governança de TI é um desmembramento da governança corporativa, que se tornou necessário com a massificação da informática na década de 1990. A área assumiu a responsabilidade de alinhar a estrutura de TI aos objetivos estratégicos e metas financeiras de uma empresa.

Na prática, a governança de TI define o orçamento para o setor de tecnologia da empresa, verifica se as normas e políticas estão sendo seguidas pelos colaboradores e dá suporte à tomada de decisões para quem ocupa cargos de chefia.

Benefícios da governança de TI para as empresas

  • Maior segurança da informação
  • Melhoria na comunicação interna
  • Redução de riscos
  • Otimização de recursos
  • Maior confiança dos clientes

A diferença entre governança de TI e gestão de TI

A governança de TI é responsável pela parte mais estratégica de desenvolvimento de objetivos para a área de tecnologia, enquanto a gestão executa as ações necessárias para atingir esses objetivos. Ou seja, enquanto a primeira tem uma visão macro do negócio, a segunda se concentra no dia a dia das atividades.

A diferença entre governança de TI e gestão de TI apresentada acima é a descrita pelo princípio 4 do COBIT 2019, framework de gerenciamento que detalharemos mais adiante.

As 5 grandes áreas da governança de TI

Segundo o Information Technology Governance Institute (ITGI), os profissionais que atuam na governança de TI devem concentrar esforços em 5 áreas foco para entregar valor à empresa e mitigar risco. Conheça cada uma delas:

1. Alinhamento estratégico

Quem atua na governança de TI de uma organização deve fazer com que a estratégia de TI esteja alinhada à dos negócios. Os métodos mais eficazes para criar harmonia entre as duas são a implementação de um modelo de arquitetura corporativa e gerenciamento de portfólio.

2. Entrega de valor

A equipe de governança de TI deve garantir que os investimentos em tecnologia dentro da empresa entreguem o máximo valor comercial possível de acordo com um nível aceitável de risco.

O ITGI publicou a estrutura Val IT para auxiliar a governança de investimentos em tecnologia. Ela é indicada para comunicar de forma mais clara a entrega de valor para as partes interessadas.

3. Gestão de riscos

Além de identificar e avaliar os riscos, a áres de governança de TI deve saber comunicá-los aos setores da empresa e aos clientes. O ideal é criar um quadro de risco que preveja o planejamento de continuidade de negócios, o alinhamento aos requisitos legais e um método de demanda e tolerância para ser usado na tomada de decisões.

4. Gerenciamento de recursos

A governança de TI é responsável por definir e gerenciar o orçamento da área de tecnologia, o que envolve pessoas e infraestrutura. Ela deve fazer a aquisição e gestão de recursos, monitorar fornecedores externos e criar programas de treinamento e desenvolvimento pessoal.

5. Mensuração de desempenho

É preciso fazer uma avaliação frequente da implementação da estratégia, da execução dos projetos e da aplicação dos recursos, para assim direcionar as ações de TI de acordo com as metas da organização. Um método indicado para a governança de TI são os balanced scorecards, que ajudam a visualizar as ações e resultados decorrentes das estratégias.

ISO/IEC 38500 e COBIT: modelos de governança de TI

Assim como desenvolvedores tem o DevOps como modelo de entrega de valor, a governança de TI conta com diretrizes que norteiam o trabalho. As mais utilizadas são a norma ABNT ISO/IEC 38500 e o framework COBIT, que você irá conhecer agora.

A norma ABNT ISO/IEC 38500

É uma norma internacional de governança de TI publicada pela International Organization for Standardization (ISO), em parceria com a International Electrotechnical Commission (IEC). A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a representante oficial da ISO no país e disponibiliza a ISO/IEC 38500 em português.

A norma ISO/IEC 38500 pode ser seguida por empresas de todos os segmentos e tamanhos, além de órgãos públicos, entidades governamentais e organizações sem fins lucrativos. Ela estabelece 6 princípios para uma boa governança de TI:

1. Responsabilidade

Todos os colaboradores e equipes da organização devem saber quais são suas atribuições no fornecimento de TI. Eles devem ter autonomia e poder de decisão ao lidarem com a tecnologia.

2. Estratégia

Executivos, gestores e colaboradores devem compreender qual a capacidade da área de TI, que também deve ter consciência das necessidades atuais da empresa como um todo. Ou seja, a governança de TI deve acompanhar a elaboração da estratégia, sua execução e como ela impacta os planos para o futuro dos negócios.

3. Aquisição

Deve haver equilíbrio e transparência nos investimentos da área de TI. Toda aquisição tem um motivo, que deve ser explicitado para a empresa, indicando benefícios, oportunidades, custos e riscos.

4. Desempenho

O monitoramento do desempenho da área de tecnologia dentro de uma organização deve ser constante. A governança de TI deve garantir que a área presta o suporte adequado às necessidades da empresa.

5. Conformidade

Os analistas e gestores da área de governança de TI devem estar atentos se processos e operações estão de acordo com a legislação e regulamentação do setor.

6. Comportamento humano

Uma boa governança de TI é feita por pessoas, por isso todas as relações humanas envolvidas no processo devem ser respeitosas e éticas.

Control Objectives for Information and related Technology (COBIT)

O COBIT é um framework que ajuda profissionais de tecnologia a entenderem, criarem e implementarem a gestão e governança de TI de uma empresa. Ele foi lançado em 1996 pela ISACA e sua versão mais recente é o COBIT 2019.

A versão de 2019 expandiu os princípios de governança de TI e separou-os em dois grupos, um dedicado ao sistema de governança e outro a um framework de governança.

Os 6 princípios de um sistema de governança são:

  1. Prover valor para as partes interessadas;
  2. Abordagem holística;
  3. Sistema de governança dinâmico;
  4. Governança distinta do gerenciamento;
  5. Adaptar-se às necessidades da empresa;
  6. Sistema de governança fim-a-fim.

Já os princípios do framework de governança são:

  1. Baseado em um modelo conceitual;
  2. Aberto e flexível;
  3. Alinhado com principais padrões.

O COBIT 2019 ainda traz listas de componentes de sistema, áreas de foco, fatores de desenho, cascateamento de metas e objetivos de governança de TI. É bastante coisa, né? Por isso que, se você deseja atuar na área, é importante buscar cursos de COBIT e de outros modelos de governança. O curso Governança de TI, Segurança Digital e Gestão de Dados da Pós PUCPR Digital, por exemplo, tem uma disciplina que trata apenas do COBIT.

O que faz um analista de governança de TI

Agora que você já sabe conceitos e ferramentas, deve estar se perguntando como é o dia a dia de quem atua na área. Dentro de uma organização, o analista de governança de TI é responsável por:

  • Avaliar o uso atual e futuro da Tecnologia de Informação dentro da empresa;
  • Identificar, planejar e executar mudanças no orçamento e nos recursos da área de tecnologia;
  • Planejar e criar políticas e regras que auxiliem a empresa a alcançar os objetivos de negócio por meio da TI;
  • Monitorar a execução do plano e o cumprimento das regras por parte dos colaboradores;
  • Prever e analisar riscos para criar cenários hipotéticos;
  • Criar e padronizar processos que sejam adequados às políticas definidas.

Quanto ganha um analista de governança de TI

Segundo o Glassdoor, um analista de governança de TI júnior ganha, em média R$ 4.062,00 por mês no Brasil. Já um profissional mais sênior, com especialização na área, pode receber até R$ 10 mil, em média.

Para você ter uma ideia da valorização deste profissional de tecnologia, o salário de um especialista em governança de TI é semelhante ao do mercado de arquitetura de software, que também está aquecido com a transformação digital. Um arquiteto de software também ganha R$ 10 mil, em média, de acordo com o Glassdoor.

Deu para perceber que a governança de TI é uma especialização em alta, concorda? Espero que este artigo tenha ajudado a enxergar mais oportunidades para sua carreira.

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Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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