Como a inteligência artificial na saúde impacta a prática médica
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14 de julho de 2021
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Você já parou para pensar se os seus pacientes concordariam em receber a assistência médica de um robô? Provavelmente boa parte deles responderia que sim.
Pelo menos 54% dos usuários dos sistemas de saúde aceitariam ser atendidos por um robô/inteligência artificial (IA),segundo pesquisa da consultoria PwC de 2016.Foram entrevistadas mais de 12 mil pessoas, de 12 países diferentes, para se chegar a esta conclusão. Para os participantes, as principais vantagens da assistência fornecida pela inteligência artificial na saúde são:
Monitoramento das condições cardíacas e indicação de tratamento;
Orientação de exercícios físicos, dietas e hábitos saudáveis por meio das preferências e do histórico do usuário;
Realização de exames de sangue e análise imediata das amostras.
Não é de se estranhar que pacientes do mundo inteiro não achem a IA algo de outro mundo, pois a disseminação de smartphones colocou esta tecnologia no seu dia a dia. Isso significa que os profissionais de saúde serão substituídos por máquinas?
Nada disso.
Eles se tornarão ainda mais importantes na assistência médica, por terem habilidades que o mais moderno dos robôs não tem. Descubra quais são nos próximos parágrafos, após entender o impacto da inteligência artificial na saúde no trabalho de médicos, enfermeiros e demais profissionais da medicina.
O que é inteligência artificial
O termo "inteligência artificial" refere-se à capacidade de uma máquina realizar atividades de uma forma considerada inteligente. Esse dispositivo deve conseguir simular habilidades humanas como a análise, o raciocínio e a percepção do ambiente.
Apesar de parecer algo futurista, a IA já era discutida na década de 1940, nos trabalhos de Alan Turing, como o artigo “Computing Machinery and Intelligence”. Na medicina, o assunto ganhou destaque na década de 1990, tendo como trabalho mais significativo o artigo “The adolescence of AI in Medicine: Will the field come of age in the '90s?”
, do professor de Stanford Edward H. Shortliffe. Hoje é um campo científico interdisciplinar consolidado, que reúne pesquisadores da Filosofia, Linguística, Biologia, Psicologia e Neurociência, só para citar alguns exemplos.
Agora que você já sabe o que significa o termo, hora de entender como a inteligência artificial na saúde é aplicada na prática. Confira 5 exemplos:
1. Suporte ao diagnóstico
A IA tem uma capacidade incrível de reconhecer padrões ("pattern recognition", em inglês), o que auxilia no diagnóstico de lesões dermatológicas e na produção de laudos de exames de imagem.
A plataforma Watson Health da IBM e o supercomputador Deep Mind da Google, por exemplo, auxiliam no diagnóstico de doenças por meio da identificação de padrões.
A primeira auxilia na detecção de retinopatia diabética, a partir da análise de um banco com 35 mil imagens de retina. Já o segundo identifica sinais de melanoma com mais acurácia do que dermatologistas (76% contra 70,5%).
2. Associação entre sintomas e doenças
O banco de dados de plataformas como a Watson Health auxilia a fazer correlações entre dados como textos, imagens, áudios e vídeos para que o profissional de saúde consiga fazer um diagnóstico mais preciso.
Hoje a inteligência artificial na saúde da IBM conta é alimentada com todas as informações do PubMed e Medline, além dos prontuários de pacientes do Sloan Kettering Memorial Cancer Hospital, de Nova York. Sua base de dados sobre oncologia é referência para especialistas do mundo inteiro.
3. Monitoramento de pacientes
Smartphones e wearables coletam todos os dias dados sobre a saúde de seus donos, como o ritmo cardíaco, a pressão sanguínea, a saturação de oxigênio e o tempo dedicado à atividade física. Estas informações são armazenadas e podem ser consultadas pelo profissional de saúde, que poderá fazer uma orientação mais individualizada ao paciente.
Cabe ressaltar que, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
, as informações relacionadas à saúde de uma pessoa são consideradas dados sensíveis, por isso também devem ser preservadas pelo sigilo médico.
4. Cirurgias assistidas por IA
Procedimentos cirúrgicos são aprimorados com a aliança entre robótica e IA. A tecnologia permite a análise de registros médicos pré-operatórios e, assim, orientar o cirurgião em tempo real sobre quais instrumentos usar durante a intervenção. Ela também oferece informações sobre novas técnicas cirúrgicas e estudos de casos.
Na área da ortopedia, por exemplo, a adoção da inteligência artificial na saúde reduziu em um quinto o número de complicações pós-cirúrgicas, se comparado o número de cirurgias realizadas com e sem assistência de robôs. Ainda, a tecnologia reduziu em 21% o tempo de internamento de pacientes. A conclusão é de um estudo de 2017
, que comparou os dados de 379 pacientes ortopédicos de nove centros cirúrgicos dos Estados Unidos.
5. Informações acessíveis ao corpo clínico em um só clique
A IA auxilia na busca de informações sobre pacientes e conhecimento médico em geral. Assim todo o corpo clínico de um hospital poderá conhecer o histórico médico de um paciente e, quando ele for atendido por diferentes profissionais, não precisará relatar várias vezes a mesma queixa. É o que acontece em hospitais digitais
, que têm todos os setores integrados.
A inteligência artificial na saúde mudará o dia a dia dos profissionais
A adoção da IA nos sistemas de saúde público e privado só irá aumentar. Ela é um dos sinais de um fenômeno mais amplo, o da Saúde 4.0
, que integra as novas tecnologias ao setor da saúde.
Adoção
cada vez mais frequente dos Prontuários Eletrônicos do Paciente (PEPs), que se utilização de sistemas de processamento de linguagem natural (PLN) para registrar dados.
Interação
entre médico e paciente por meio do computador e smartphone continuará, a telemedicina, após a medicina. Saiba agora mesmo como fazer uma teleconsulta de qualidade.
Acompanhamento
de pacientes com doenças crônicas por meio de wearables e smartphones;
Exames de imagem
analisados com a ajuda da IA na identificação de padrões;
Decisão médica
baseada em dados, que auxiliarão a estabelecer um diagnóstico, solicitar exames e prescrever tratamentos;
Cirurgias
realizadas com o apoio de robôs;
Pacientes
cada vez mais ativos nas consultas, por terem mais acesso a informações médicas com a ajuda do Google.
Se a inteligência artificial oferece o know-what, o profissional de saúde deve indicar o know-why
Sim, a inteligência artificial na saúde traz vantagens incríveis para pacientes e médicos. Porém a tecnologia não oferece o mais importante em uma consulta médica: explicar à pessoa o motivo de sua queixa e ajudá-la a aliviar a angústia.
Em outras palavras, a IA é uma ótima ferramenta para apontar possíveis problemas de saúde, ao identificar lesões na pele ou analisar padrões de imagem. Ela oferece o know-what, sem explicar o porquê de determinados sintomas terem aparecido. Cabe ao médico aliar a tecnologia às suas habilidades comunicacionais para oferecer um know-why aos pacientes. Dessa forma, o profissional de saúde adquire o caráter de um agente terapêutico, ao orientar de uma forma humanizada o indivíduo.
Por isso a Associação Americana de Medicina (AMA, na sigla em inglês) defende que a formação de um profissional de saúde deve abranger também as soft skills, as habilidades sociocomportamentais. A entidade publicou o relatório“Creating a Community of Innovation – The work of the AMA accelerating change in medical education”, elaborado a partir de pesquisa com mais de 19 mil estudantes de medicina de 32 universidades dos Estados Unidos. O documento propõe que a formação do profissional aborde:
Estudos de sistemas de saúde, ciências básicas e clínicas;
Estudo dos determinantes sociais da saúde;
Desenvolvimento de trabalho em equipe multidisciplinar e liderança;
Desenvolvimento de habilidades comunicacionais para transpor barreiras de cultura e linguagem;
Adaptação às novas tecnologias na saúde, como telemedicina e PEPs;
Cursos flexíveis baseados em competências;
Estímulo ao hábito de estudo e de autoavaliação.
Tenha em mente que estas habilidades para oferecer uma boa assistência aos seus pacientes podem ser desenvolvidas ao longo da vida, não apenas na faculdade. Você pode trabalhá-las nas atividades cotidianas, em workshops e em cursos de pós-graduação, por exemplo.