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Futuro do trabalho

O que é inteligência espiritual e por que ela é tão importante para sua carreira

Por Olívia Baldissera   | 

Você provavelmente deve ter feito algum teste de QI ou de inteligência emocional na sua vida. Mas já parou para pensar na sua inteligência espiritual?

Sim, ela existe e é pesquisada por psicólogos e neurocientistas desde a década de 1990.

E não, não tem nada a ver com uma denominação religiosa específica.

A seguir, você vai entender por que desenvolver sua inteligência espiritual é importante para sua vida pessoal e profissional e, assim, se adaptar ao futuro do trabalho.

Confira:

  1. O que significa inteligência espiritual
  2. Quem criou a inteligência espiritual
  3. Os 12 princípios da inteligência espiritual
  4. As características das pessoas com alta inteligência espiritual
  5. A relação entre a inteligência espiritual e sua carreira
  6. Como desenvolver a inteligência espiritual

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O que significa inteligência espiritual

A inteligência espiritual é a capacidade de todo ser humano de questionar o sentido da vida e de se relacionar com o mundo em que vive. Ela permite as adaptações necessárias para lidar com os aspectos imateriais do dia a dia, como valores, propósito e consciência social.

O psicólogo e consultor corporativo Richard Griffiths define a inteligência espiritual como:

“Uma dimensão mais complexa de inteligência que ativa as qualidades e capacidades do verdadeiro ‘self’, na forma de sabedoria, compaixão, integridade, alegria, amor, criatividade e paz. É um senso de significado e propósito, que pode ser combinado com o desenvolvimento de habilidades pessoais e profissionais.”

A definição de Griffith parte da ideia de que existem 3 dimensões ou tipos de inteligência:

  1. Inteligência racional: refere-se à capacidade de resolução de problemas e ao pensamento lógico. Representada pelo Quociente de Inteligência (QI).
  2. Inteligência emocional: capacidade de reconhecer e lidar com as próprias emoções, além de responder adequadamente às emoções das outras pessoas. Representada pelo Quociente Emocional (QE).
  3. Inteligência espiritual: capacidade de dar propósito às ações e dar significado à vida. Representada pelo Quociente Espiritual (QE).

As dimensões não estão isoladas umas das outras no cérebro humano, mas estão interligadas entre si. Uma não existe sem a outra.

Outra conceituação de inteligência espiritual importante é a do psicólogo Richard Wolman:

“Capacidade do indivíduo de atingir um objetivo social ou psicológico por meio da espiritualidade.”

Essa dimensão da inteligência humana se manifesta em atividades, eventos e relacionamentos caracterizados por um senso altruísta.

IMPORTANTE: espiritualidade não é sinônimo de religião. Na Psicologia, ela se refere a “uma atitude, a um movimento interno, a uma expansão da consciência e a uma experiência subjetiva” relacionados ao amadurecimento da personalidade de um indivíduo.

Ou seja, uma pessoa pode desenvolver sua inteligência espiritual sem obrigatoriamente ter que praticar uma religião.

Quem criou a inteligência espiritual

O termo “spiritual intelligence” (ou “inteligência espiritual”, em português) foi cunhado pela filósofa, física e professora de Oxford Danah Zohar, no livro “ReWiring the Corporate Brain” (1997, sem tradução para o português).

Três anos depois, Zohar lançaria ao lado do psiquiatra Ian Marshall o livro que popularizaria o conceito: “Spiritual Intelligence: the Ultimate Intelligence”.

A filósofa, física e professora de Oxford Danah Zohar cunhou o termo "inteligência espiritual". Créditos: Divulgação.A filósofa, física e professora de Oxford Danah Zohar cunhou o termo "inteligência espiritual". Divulgação.

Os 12 princípios da inteligência espiritual

No livro, Danah Zohar e Ian Marshall listaram 12 princípios que permitem que toda pessoa desenvolva a inteligência espiritual:

  1. Autoconsciência: saber com o que se importa, pelo que vive e pelo que morreria;
  2. Espontaneidade: deixar de lado preconceitos, expectativas e problemas de infância para agir no momento presente – e se responsabilizar por essas ações;
  3. Visão baseada em valores e propósito: agir e viver de acordo com os próprios princípios e crenças;
  4. Holismo: enxergar a conexão entre pessoas e coisas, além de sentir que faz parte daquele grupo;
  5. Compaixão: não basta aceitar os sentimentos dos outros, é preciso compreendê-los;
  6. Diversidade: valorizar as pessoas pelas suas diferenças;
  7. Independência de campo: confiar mais nas percepções internas do que nas externas. Formar uma opinião de acordo com os seus valores e depois de ouvir a dos demais, mesmo que isso signifique perder popularidade;
  8. Humildade: assumir que a opinião que você tinha sobre um tópico estava errada. Considerada o outro lado da independência de campo;
  9. Perguntar “por quê”: questionar o porquê das coisas, mesmo que as respostas não sejam fáceis;
  10. Capacidade de reformulação: conseguir dar alguns passos para trás e tentar enxergar o todo, sem reagir imediatamente a uma situação;
  11. Fazer uso positivo da adversidade: aprender e amadurecer a partir de erros, imprevistos e sofrimentos;
  12. Senso de vocação: sentir a necessidade de retribuir à sociedade.

As características das pessoas com alta inteligência espiritual

Lendo até aqui, já dá para imaginar como seria uma pessoa com alta inteligência espiritual, não é mesmo?

Um artigo do professor da Universidade de New Hampshire (EUA), John D. Mayer, resume bem essas características:

  • Indulgente
  • Grato
  • Humilde
  • Empático
  • Contemplativo
  • Busca constante por aperfeiçoamento
  • Tem visão do todo
  • Senso de propósito

A relação entre a inteligência espiritual e sua carreira

Consegue pensar em como a inteligência espiritual impacta o seu dia a dia de trabalho?

Danah Zohar explica como cada um dos 12 princípios ajuda a ter melhores posturas no trabalho, muitas delas relacionadas às soft skills valorizadas no mercado de trabalho:

1. Autoconsciência

  • Foco em objetivos e estratégias de longo prazo;
  • Antecipação do impacto das ações pessoais em outras pessoas;
  • Avaliação das forças e fraquezas pessoais de acordo com a percepção que outras pessoas têm sobre elas.

2. Espontaneidade

  • Estar preparado para fazer experimentações e correr riscos;
  • Estar atento a intuições que possam dar mais valor a uma atividade;
  • Busca por oportunidades de se divertir no trabalho.

3. Visão baseada em valores e propósito

  • Expressar preocupação quando a empresa não age de acordo com os valores organizacionais;
  • Montar seu plano de carreira e tomar decisões profissionais guiado pela vontade de fazer algo de valor;
  • Estar preparado para lutar em questões de princípios.

4. Holismo

  • Encorajar os colegas a entenderem a operação de toda a organização;
  • Antecipar consequências de longo prazo das ações e decisões tomadas no momento;
  • Tentar equilibrar vida pessoal e profissional.

5. Compaixão

  • Considerar a forma como stakeholders externos vão se sentir com as decisões que possam ser tomadas pela organização;
  • Garantir que a organização tenha um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente;
  • Separar um período do dia ou da semana para ajudar a equipe.

6. Diversidade

  • Ouvir o que pessoas das mais diferentes origens sociais têm a dizer antes de tomar uma decisão;
  • Respeitar e considerar ideias que desafiem os padrões;
  • Encorajar os membros da equipe a expressar suas individualidades.

7. Independência de campo

  • Conhecer o ponto de vista de outras pessoas, mas sempre preparado para se responsabilizar por suas decisões e ações;
  • Não se distrair facilmente quando está realizando uma tarefa importante;
  • Estar preparado para defender o seu ponto de vista quando tem certeza de que é o correto.

8. Humildade

  • Sempre dar o crédito aos colegas de equipe pelo trabalho realizado;
  • Explorar o que pode ser aprendido a partir dos próprios erros;
  • Refletir sobre o conhecimento estabelecido e a experiência de outros colaboradores.

9. Perguntar “por quê”

  • Garantir que entendeu as causas de um problema antes de tentar corrigi-lo;
  • Dar aos outros a chance de explicar suas ações antes de dar um feedback negativo;
  • Procurar padrões em problemas e tentar entender por que aconteceram.

10. Capacidade de reformulação

  • Apresentar diferentes abordagens de solução de problemas;
  • Desapegar-se de ideias anteriores que não estão funcionando;
  • Ter novas experiências ao assumir tarefas fora de sua zona de conforto.

11. Fazer uso positivo da adversidade

  • Tentar aprender a partir dos erros em vez de culpar os outros;
  • Persistir em uma tarefa apesar das dificuldades;
  • Não desistir quando algo dá errado.

12. Senso de vocação

  • Perseverar para alcançar melhores resultados;
  • Considerar o trabalho um aspecto importante da vida;
  • Expressar gratidão pelas oportunidades e presentes que recebe no trabalho e em casa.

Desenvolver essas habilidades é ainda mais importante no Brasil, onde 68,7% das demissões estão relacionadas à falta de habilidades sociais, de acordo com a pesquisa “Habilidades 360° América Latina 2020” da Page Personnel.

Como desenvolver a inteligência espiritual

É possível aprimorar sua inteligência espiritual com pequenas atitudes no dia a dia.

O consultor Samuel Pirondi, em coluna para a Veja SP, deu 3 orientações para quem deseja começar esse processo agora mesmo:

  1. Separar um tempo do seu dia para você, seja para meditar, orar ou refletir – o que você se sentir mais confortável;
  2. Tente experimentar algo que nunca fez antes. Pode ser uma atividade manual, aprender um novo idioma ou começar uma pós-graduação. O importante é ter uma postura de lifelong learner;
  3. Faça algo bom para quem precisa. Participe de projetos de voluntariado, organize doações ou simplesmente ligue para aquele amigo que está passando por um momento de dificuldade. Essa atitude ajudará a enxergar como você pode contribuir com o todo.

Também é possível se especializar na área e se tornar uma referência no seu trabalho ou em seu círculo pessoal.

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💡Quer aprender ainda mais sobre inteligência espiritual? Confira as fontes consultadas para este artigo do Blog da Pós PUCPR Digital:

  • MAYER, John D. Spiritual intelligence or spiritual consciousness? The International Journal for the Psychology of Religion, 2000, v. 10, n.1, p. 47–56.
  • OLIVEIRA, Katya Luciane. PASCALICCHIO, Marina Ledler. PRIMI, Ricardo. A inteligência espiritual e os raciocínios abstrato, verbal e numérico. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 29, n. 1, mar. 2012. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2012000100002
  • WOLMAN, Richard. Inteligência espiritual. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
  • ZOHAR, Danah. ReWiring the Corporate Brain: Using the New Science to Rethink How We Structure and Lead Organizations. Oakland: Berrett-Koehler Publishers, 1997, 172 p.
  • ZOHAR, Danah, MARSHALL, Ian. QS: Inteligência Espiritual. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Viva Livros, 2012, 336 p.

Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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