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Tecnologia

O que significa Web3, ideia que promete revolucionar a internet

Por Olívia Baldissera   | 

Uma internet controlada pelos usuários e não pelas gigantes da tecnologia.

Esse é o cerne da proposta da Web3, vista por muitos como uma utopia. A seguir, você vai conhecer as ideias fundamentais desse conceito, além de encontrar uma lista de cursos rápidos que vão te ajudar a lidar com as tecnologias envolvidas na construção dessa nova internet.

Confira:

O que é a Web3
Exemplos de aplicação da Web3
Os diferentes estágios da história da internet
A diferença entre Web3 e Web 3.0 
Cursos para entender mais sobre o futuro da tecnologia

O que é a Web3

A Web3 é um conjunto de características idealizadas que definem uma nova geração da internet. O conceito reúne propostas, valores, tecnologias e tendências.

Isso inclui um ambiente digital descentralizado, transparente e seguro para os dados dos usuários. Esses 3 adjetivos são fundamentais para entender a proposta da Web3:

  • Descentralizado: os dados não são armazenados em um único servidor como acontece hoje. Empresas como Google e Facebook, por exemplo, controlam e monitoram as informações dos usuários;
  • Transparente: todo usuário pode monitorar a própria atividade online, sem depender de intermediários que, muitas vezes, não divulgam o processo de armazenamento e segurança de dados;
  • Seguro: não depender de um único servidor e conhecer os processos dá mais segurança ao usuário.

A proposta da Web3 se baseia na tecnologia blockchain, um tipo de base de dados descentralizada que contém um registro permanente das alterações. Estas são armazenadas em blocos, que são ligados entre si, como em uma cadeia.

A blockchain permitiria tirar o controle dos dados das Big Techs e passar para os usuários, por meio de um servidor descentralizado e autogerenciado pela comunidade. Com a ajuda de uma espécie de carteira cripto, as pessoas decidiriam quem poderia acessar ou não suas informações pessoais.

Alguns exemplos desse cenário hipotético são proibir que o seu histórico de compras online seja usado para personalizar anúncios ou ser remunerado ao clicar em um post patrocinado.

Podemos dizer que a Web3 dá mais autonomia ao usuário. Contudo, ela ainda engatinha, por isso ainda não a experimentamos na prática ao usarmos nossos notebooks e smartphones.

O idealizador da Web3 é o cientista da computação Gavin Wood, cofundador da criptomoeda Ethereum. Ele começou a teorizar sobre uma nova fase da internet em 2014. 

Exemplos de aplicação da Web3

Hoje encontramos os preceitos da Web3 principalmente nos criptoativos, que dependem da tecnologia blockchain para serem negociados.

Os criptoativos são representações de valores que só existem em registros digitais. A transação destas representações é feita entre indivíduos ou empresas sem a intermediação de uma instituição financeira.

Os exemplos mais conhecidos são as criptomoedas BitCoin e Ethereum, mas propriedade intelectual, patentes e marcas também podem ser convertidas para esse tipo de ativo.

Os princípios da Web3 também estão presente nas DAOs, sigla em inglês para “Decentralized Autonomous Organizations”. Elas são instituições nativas da internet de propriedade coletiva, sem uma liderança central, e funcionam por meio da tecnologia blockchain.

As DAOs são uma nova forma de atuação de empresas e organizações, embasada na distribuição do controle, gestão e decisão entre os participantes. Um exemplo é a Krause House DAO, uma comunidade fãs de basquete que tem como objetivo montar um time próprio para disputar a NBA. 

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Os diferentes estágios da história da internet

Como chegamos às propostas da Web3? 

Olhar para o passado ajuda a entender por que a descentralização e a transparência na forma como os dados dos usuários são usados se tornaram um ideal.

Geralmente, a história da internet é dividida em duas fases: a Web 1.0 e a Web 2.0.

Web 1.0 (1991-2004)

O primeiro estágio da internet nasce com a popularização do computador pessoal, em 1991.

Ela tem como base a proposta de protocolos de Tim Berners-Lee, o criador da World Wide Web (WWW). De forma bem resumida, um protocolo é um conjunto de regras para formatação e processamento de dados.

Um exemplo bastante conhecido e que usamos até hoje é o Hypertext Transfer Protocol, o famoso HTTP. É ele que permite a comunicação entre um servidor web e um navegador, o que possibilita o acesso a sites, imagens, vídeos e outros conteúdos na internet.

A Web 1.0 foi marcada pela internet discada, pelos navegadores rudimentares (como o Netscape), pela conexão lenta e pelas páginas estáticas. Havia pouca regulamentação do espaço digital. 

Tim Berners-Lee, criador do protocolo WWW, em 1994. Créditos: ITU Pictures CC BY 2.0. Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web (WWW), em 1994. ITU Pictures CC BY 2.0

Web 2.0 (2004-)

A difusão da banda larga deu início à Web 2.0, tendo como marco oficial o ano de 2004. É considerada a fase atual da internet.

Os primeiros anos desse estágio ficaram caracterizados pela interação entre as pessoas, por meio de fóruns, chats e blogs. Os usuários passaram a criar e compartilhar conteúdo sem precisar dominar ferramentas avançadas.

Outro avanço da Web 2.0 é o desenvolvimento de aplicativos web que funcionam diretamente nos navegadores, o que acabou com a necessidade de instalar um software no computador.

É nessa fase que empresas de tecnologia crescem a ponto de serem chamadas de Big Techs, como a Google, a Amazon e o então Facebook.

Também é o período em que as redes sociais se popularizam e os usuários passam a trocar dados pessoais por comodidade e conteúdo. As informações eram (e ainda são) usadas para personalizar experiências e direcionar anúncios.

Por muito tempo, essa troca não era transparente. Ainda há um processo de regulamentação para garantir a privacidade dos usuários – aqui no Brasil, por exemplo, temos a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

A produção de conteúdo nas redes sociais feita pelos usuários marca a Web 2.0. Créditos: Brett Jordan/Unsplash.A produção de conteúdo nas redes sociais feita pelos usuários marca a Web 2.0. Brett Jordan/Unsplash

A diferença entre Web3 e Web 3.0

Web 1.0, Web 2.0... O próximo estágio será a Web 3.0, certo?

Essa lógica faz surgir uma certa confusão entre as propostas, mas a Web 3.0 e a Web3 não são a mesma coisa.

A Web 3.0 é uma concepção de internet semântica de Tim Berners-Lee, que defende que tudo o que está online deve se conectar entre si, nos níveis mais puros do dado.

Hoje os links e as URLs nos dão acesso a documentos, não aos dados em si, o que, na visão de Lee, gera silos de informação. Um exemplo prático: quando atualizamos nosso currículo no LinkedIn com um certificado de pós-graduação, essa informação não é automaticamente inserida em nosso perfil do Instagram, já que as duas redes sociais não estão conectadas.

A proposta da Web 3.0 é conectar todos os dados para que o usuário tenha que atualizá-las apenas uma vez. Isso resultaria em uma maior precisão das informações que estão online, além de democratizar ainda mais o conhecimento.

Para isso, seria necessário armazenar todos os dados em um único lugar, chamado por Lee de Solid Pod. Assim como o CPF, cada pessoa teria um WebID único para se identificar e acessar serviços, como se conectar ao TikTok.

Já deu para perceber uma das principais diferenças entre a Web 3.0 e a Web 3, não é?

Mas não significa que os usuários não teriam controle sobre os próprios dados pessoais e sobre quem teria acesso a eles. O projeto Solid liderado por Tim Bernes-Lee, que reúne os fundamentos da Web 3.0, inclui esse valor.

Tanto a Web 3.0 quanto a Web3 propõem um novo modelo de internet que coloque o usuário no controle dos próprios dados, mas por diferentes caminhos e tecnologias.

A Web 3.0 quer aproveitar as informações que já estão online e linká-las entre si, por meio de tecnologias de troca de dados, como RDF, SPARQL, OWL e SKOS. O foco é construir uma internet mais eficiente e inteligente.

Já a Web3 parte da tecnologia blockchain para construir uma internet descentralizada e segura, que empodere o usuário.

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Cursos para entender mais sobre o futuro da tecnologia

Será que um dia a internet seguirá os ideais da Web3?

É difícil dizer. Até que haja uma resposta, é preciso acompanhar os avanços tecnológicos e o debate em torno do uso ético de dados pessoais.

Manter-se atualizado sobre a discussão é essencial para quem atua na área de TI, Direito e Mercado Financeiro. Por isso, a Pós PUCPR Digital desenvolveu uma série de cursos rápidos sobre as últimas tendências na área de tecnologia:

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Sobre o autor

Olívia Baldissera

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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