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Ainda há espaço para o atendimento humanizado na saúde? [Pós PUCPR Digital Trends]

mfernandes • 31 de maio de 2022

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    Devido às novas tecnologias na área, ainda há espaço para o atendimento humanizado na saúde?  

    No dia 30/05/2022, aconteceu a primeira noite do Pós PUCPR Digital Trends: prepare-se para o pós , um evento que trará a contribuição de professores e profissionais renomados em diversas áreas sobre o que esperar dos próximos anos.  

    E na segunda fala da noite, tema deste artigo, tivemos uma aula ministrada pela Dra. Luana Araújo e uma mesa redonda composta por Gustavo Meirelles e Cláudio Giulliano . O evento foi apresentado e ministrado por Matheus Pannebecker .  

    Durante a fala, tivemos uma discussão muito rica sobre humanização e tecnologia.  

    Dentre os assuntos abordados estão como a tecnologia e a humanização impactam os brasileiros, como melhorar a humanização na saúde pública e quais são os ganhos da tecnologia combinada com a humanização para a gestão de saúde.  

    Neste artigo, você encontrará uma síntese dos assuntos abordados pelos convidados no evento.  

    “Humanização e Tecnologia”, com a Dra. Luana Araújo  

    A Dra. Luana Araújo é médica infectologista e se transformou na voz que o Brasil precisa ouvir.  

    Ela foi a primeira brasileira a receber a prestigiosa bolsa Sommer no mestrado em Saúde Pública na Universidade Johns Hopkins, nos EUA.  

    Dra. Luana já desenvolveu projetos de saúde pública para organizações supranacionais no Brasil e em países como Coreia do Sul, Guiné-Bissau e Cabo Verde.  

    Em sua fala no Pós PUCPR Digital Trends: prepare-se para o pós , Dra. Luana trouxe provocações sobre humanização e tecnologia através de perspectivas individuais e coletivas.  

    Sua aula buscou tentar entender como utilizar a tecnologia existente não apenas para trazer resultados, mas para fazer com que tenhamos uma melhor relação humana entre as pessoas, visando especialmente o setor da saúde.  

    Para isso, Dra. Luana começa com um exemplo que, infelizmente, se tornou familiar para muitos brasileiros nos últimos anos.  

    Ela conta o caso clínico do Sr. Mauro (personagem de história real, mas nome fictício) que teve uma experiência lastimosa enquanto paciente durante a pandemia. O sr. Mauro, infelizmente, faleceu de COVID-19 depois de uma série de dificuldades enfrentadas em postos de saúde e hospitais .  

    E analisando este caso clínico, Dra. Luana levanta algumas questões importantes sobre brechas que poderiam ajudar a mudar o curso da história do sr. Mauro e a de tantos brasileiros.  

    Dentre as questões estão: onde estão as falhas? O que podemos fazer? Quais recursos foram e não foram utilizados? O que a saúde pública poderia ter feito de diferente? O que a governança poderia ter feito de diferente? Como os sistemas poderiam ter sido integrados? Onde a tecnologia poderia ter ajudado a garantir ao sr. Mauro uma história diferente?

    Dra. Luana Araújo durante o evento  

    E além dessas perguntas, Dra. Luana também traz uma outra perspectiva: se pudéssemos perguntar ao sr. Mauro o que era mais importante para ele durante esse processo, o que ele diria?  

    O que você diria, se estivesse no lugar do sr. Mauro? Você diria que o que o sr. Mauro passou, o isolamento dos entes queridos e o sofrimento sem atendimento em tempo hábil, foi desumano?  

    A Dra. Luana pergunta, então: o que seria humano neste caso?  

    É a partir desta pergunta que podemos começar a construir o que é um atendimento humanizado para cada indivíduo que se vê como paciente.  

    Isso porque a construção da humanização, como a Dra. Luana aponta começa pela percepção do indivíduo e depois passa pelo coletivo.  

    E para entender como começar a fazer isso, vamos precisar elencar os principais problemas enfrentados na jornada do sr. Mauro. Confira:  

    • Acesso ao sistema de saúde : quando precisou, sr. Mauro não conseguiu acessar o sistema de saúde. Ele tinha medo, o posto de saúde não tinha vagas, ele não teve atendimento em tempo hábil e nem teve seu diagnóstico.  
    • Atenção preventiva : o sr. Mauro, que era diabético e hipertenso, não teve um atendimento contínuo, mesmo que o sistema de saúde tivesse o conhecimento de que as comorbidades podem deixar o quadro da COVID mais grave.  
    • Acesso a recursos tecnológicos : tanto para acompanhamento de seu caso, mas também para equipamentos. Durante a jornada do sr. Mauro foi sugerido que sua esposa comprasse um oxímetro, porém é um equipamento caro e a família não poderia arcar com o valor.  
    • Falta de informações sobre seu quadro : o sr. Mauro não tinha informações sobre como lidar com sua diabetes e hipertensão, assim como não sabia como lidar com a COVID.  
    • Fluxo de atenção em saúde : quando chegou ao hospital, sr. Mauro era desconhecido para o sistema. Isso porque ele não teve suas informações atendidas em momentos anteriores.  
    • Rotatividade hospitalar : o hospital estava lotado quando o sr. Mauro chegou lá. Ele passou 12 horas tentando acesso a uma consulta até que ele fosse diagnosticado.  
    • Falta de treinamento : a equipe que atendeu o sr. Mauro no hospital e a que atendeu sua esposa no posto de saúde não tinham o treinamento necessário para lidar com os casos.  
    • Efetividade de cuidado : embora prestado, o cuidado não teve a efetividade necessária.  
    • Internação em isolamento : este último ponto é uma necessidade do cuidado com a COVID, porém quando vista pelo olhar do paciente e de sua família é uma situação desgastante porque você fica isolado, com medo, sozinho e sem saber o que está acontecendo.  

    A Dra. Luana aponta que, de acordo com esta listagem superficial, conseguimos perceber, pelo menos, dez pontos em que as intervenções humana e tecnológica poderiam ter feito a diferença.  

    A partir destes pontos, podemos listar algumas propostas de humanização. Nada teórico, como a Dra. Luana diz, mas prático, a primeira coisa que nos vem à cabeça.

    Ela aponta as seguintes propostas:  

    • Gostaria de saber exatamente o que está acontecendo no sentido de quadro clínico , gostaria de ter acesso ao que os médicos e enfermeiros estão pensando, o que os exames estão apontando e o que isso significa daqui para a frente.  
    • Gostaria de ter acesso fácil a equipes de saúde no momento em que precisasse. No caso de sentir uma dor, qualquer dor, que lugar deveria procurar? O posto de saúde, um pronto atendimento, um hospital? Como podemos ter essa informação? Em um aplicativo, algum sistema tecnológico?  
    • Gostaria de ser ouvida com atenção pelas equipes de saúde , que elas tivessem tempo para ouvir, avaliar os sintomas e entender o que está acontecendo sem a correria de precisar atender muitas outras pessoas. Gostaria que as queixas trazidas fossem respeitadas e que o profissional de saúde pudesse parar para analisar exatamente o que está acontecendo.  
    • Gostaria de ser acolhida na preocupação trazida e no medo sentido , que as equipes pudessem ter treinamento suficiente para conseguir entender o lugar de onde vem o medo e que também tivesse treinamento para ajudar a apaziguar esse medo.  
    • Gostaria de ter acesso a exames e medicamentos , mesmo sem ter dinheiro para ter acesso a esses exames e comprar medicamentos.  
    • Gostaria que todas essas soluções evitassem que uma pessoa precisasse ir ao hospital , gostaria de poder ficar em casa, perto da minha família e, ainda assim, receber o tratamento necessário. E ainda que precisasse ir ao hospital, gostaria que minha família ficasse perto de mim o tempo todo.  
    • E para finalizar, gostaria que tudo isso tivesse um final satisfatório e que eu terminasse o tratamento sabendo que estou bem e que deixei toda aquela fase para trás.  

    Mas esta listagem é o que a Dra. Luana acredita ser um atendimento humanizado. E para você, o que falta nesta lista?

    “Como a humanização, tecnologia e saúde se relacionam”, com Gustavo Meirelles e Cláudio Giulliano  

    Após a aula da Dra. Luana, Gustavo Meirelles e Cláudio Giulliano participaram junto ao mediador, Matheus, de uma mesa redonda a fim de aprofundar um pouco mais as questões trazidas e para responder as perguntas dos espectadores.  

    Gustavo Meirelles é vice-presidente médico do Grupo Alliar. Tem doutorado na Unifesp, pós-doutorado no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, é presidente da I2A2 e é sócio e mentor da Ambra Saúde, Datalife.ia e Brightmed.  

    Cláudio Giulliano é médico, mestre e doutor em Informática em Saúde e é certificado em gestão de sistemas de informação em saúde pela HIMSS nos Estados Unidos (CPHIMS). Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), seu desafio atual é liderar a FOLKS, especializada em transformação digital na saúde e parceira oficial Premier da HIMSS para América Latina.  

    O mediador Matheus Pannebecker e os convidados, Cláudio Giulliano e Gustavo Meirelles durante a mesa redonda no evento  

    Durante a mesa redonda no Pós PUCPR Digital Trends: prepare-se para o pós , os profissionais discutiram sobre a relação entre humanização e tecnologia, políticas de saúde pública brasileira, os pilares do atendimento humanizado e os ganhos da humanização para a gestão.  

    Confira os principais tópicos abordados por Gustavo e Cláudio:  

    O que significa ter saúde?  

    Quando falamos sobre o que é ter saúde, muitas pessoas acreditam que é a falta de doenças. Porém, a saúde é um aspecto que leva muito mais em conta, explica Cláudio Giulliano.  

    A principal definição de saúde é estar bem. E isso envolve não apenas estar bem fisicamente, mas estar bem socialmente e psicologicamente.  

    Por conta disso, este acaba sendo um conceito muito individualizado, como aponta Cláudio, porque estar bem para uma pessoa não significa o mesmo para outra.  

    Gustavo Meirelles complementa a fala trazendo a questão de que o sistema de saúde hoje preocupa-se muito mais em detectar doenças do que detectar saúde.  

    Além disso, ele também comenta sobre como a saúde individual também precisa estar atenta ao coletivo.   Se uma pessoa está bem física e mentalmente, mas seu entorno não está, será que ela está bem mesmo?  

    Em termos de humanização, o que a pandemia nos trouxe?  

    Para Gustavo, o principal aprendizado foi a nova importância que o coletivo ganhou, como agora se torna mais difícil pensar em uma pessoa isolada, uma comunidade isolada e um país isolado.  

    Vivemos em um mundo globalizado não apenas no sentido de cultura, mas em todos os sentidos.

    O convidado também aponta a importância das vacinas e como elas se tornam muito mais relevantes no contexto.  Assim como a telemedicina, terceiro ponto trazido por ele.

    Gustavo Meirelles durante o evento

    A humanização combinada com a tecnologia chega a todos os brasileiros?  

    Para Gustavo, a tecnologia chega, mas com custos.  

    Nesse sentido, ele acredita que o trabalho de organizações não governamentais tem tido papel importante na inovação, mas também fala sobre como é essencial que haja investimento público na tecnologia.  

    Complementando a fala, Cláudio diz que a tecnologia traz equidade.  

    Nesse sentido, utilizar a tecnologia para levar o atendimento onde antes não se conseguia acessar é ampliar a atuação do sistema de saúde, seja com telemedicina ou com um sistema mais eficiente.  

    Para Cláudio, a tecnologia ajuda o SUS, principalmente, a cumprir seus princípios básicos, o que, por sua vez, ajuda a trazer humanização para a saúde brasileira.  

    Cláudio Giulliano durante o evento

    O que se entende como sendo os pilares do atendimento humanizado na saúde?  

    Gustavo Meirelles traz exemplos de alguns problemas que podem ajudar a entender o que seriam os pilares.  

    Um destes problemas é a falta de escuta ativa e visão humanista, isso porque, segundo dados do sistema de saúdem norte-americano, um profissional da saúde interrompe o paciente nos primeiros segundos de consulta.  

    Outro problema seria o médico estar imerso em diversas outras atividades que não seja olhar para o paciente.  

    Por exemplo, segundo os mesmos dados, o profissional passaria 25% de seu tempo com o paciente e 75% fazendo tarefas burocráticas, como acessar dados do paciente no computador ou inserindo dados do paciente no computador.  

    E isso traz a questão de que estamos buscando novas tecnologias, mas deixando a escuta ativa e visão humanista para trás, segundo complemento de Cláudio para o assunto.  

    Para ele, a culpa não é da tecnologia em si, mas de como ela é aplicada.  

    Cláudio também aponta a escuta ativa como o principal pilar de um atendimento humanizado na saúde.  

    E isso ele traz como um problema que existe antes mesmo da inserção da tecnologia nos consultórios. Isso porque antes do computador, era no prontuário em papel que o médico tomava notas.  

    Para ambos os palestrantes convidados, a solução estaria em melhorar a escuta ativa.

    Como se preparar para o pós com a Pós PUCPR Digital  

    Gostaríamos também de convidar você para conhecer a Pós PUCPR Digital, uma pós-graduação que conta com a chancela de uma das maiores e mais respeitadas instituições educacionais do país.  

    A Pós PUCPR Digital conta com um corpo docente diferenciado, com professores convidados que são referência no Brasil e no Mundo.  

    E como hoje nós falamos sobre saúde, confira os cursos que a Pós PUCPR Digital oferta na área:  

    Além dos cursos de pós-graduação citados acima, você também pode conferir cursos em outras áreas, como gestão, direito, finanças, comunicação, humanidades e tecnologia.  

    Só na Pós PUCPR digital você tem acesso direto às mentes mais brilhantes do Brasil e do mundo de onde você estiver, no tempo que você tiver.  

    Confira aqui todos os cursos oferecidos.  

    Sobre o Pós PUCPR Digital Trends

    Entre os dias 30 de maio e 2 de junho, aconteceu o Pós PUCPR Digital Trends , um evento que reuniu especialistas renomados para discutir tendências nos campos da inovação, tecnologia e gestão.

    Durante esses dias, o público teve acesso a 7 aulas exclusivas com Yuval Harari, Martin Lindstrom, Jurgen Appelo, Luana Araújo, Patrícia Peck, Marina Cançado e Marcelo Leite, além de ter a chance de participar de mesas de discussão com especialistas, que responderam perguntas dos participantes.

    O Pós PUCPR Digital Trends foi 100% online e gratuito, com emissão de certificados. Confira as principais ideias discutidas nos quatro dias de evento:

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    Por mfernandes

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