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Antecipar o que o futuro do trabalho nos reserva envolve imaginar cenários possíveis para diferentes segmentos da economia. Um deles é a Indústria, a atividade econômica de transformação de matérias-primas em bens e serviços comercializáveis.
Conheça as previsões para a Quinta Revolução Industrial, também chamada de Indústria 5.0:
A Indústria 5.0 é a mais recente fase do desenvolvimento industrial global, “focada em combinar a criatividade e o artesanato dos seres humanos com a velocidade, produtividade e consistência dos robôs”, segundo o Comitê Econômico e Social Europeu (CEE).
Nessa perspectiva, a Indústria 5.0 veio complementar o tecnocentrismo da Indústria 4.0 e fomentar o debate sobre como a indústria pode contribuir para a sociedade. O processo industrial deve ser centrado no ser humano, valorizando todos os stakeholders envolvidos e não apenas os acionistas. Isso significa a promoção de talentos, diversidade e empoderamento entre todos os membros de uma organização.
Aliada ao “humanocentrismo” está a personalização, promovida pelas novas tecnologias que facilitam a inter-relação entre seres humanos e computadores. Essa sinergia se manifesta no co-trabalho entre as partes: os seres humanos são responsáveis pelas atividades que requerem criatividade, enquanto os robôs cuidam do que é repetitivo.
Assim, a Indústria 5.0 explora as possibilidades das interfaces homem-máquina, abordagem bastante estudada por um dos professores convidados da Pós PUCPR Digital , o neurocientista Miguel Nicolelis.
Isso significa uma maior customização de produtos e serviços, maior segurança para as pessoas envolvidas no processo e maior otimização de recursos naturais. Este último ponto compõe um dos pilares da Indústria 5.0, a Bioeconomia: a produção de recursos biológicos renováveis, cujos resíduos possam ser transformados em produtos de valor agregado, promovendo assim um equilíbrio entre economia, ecologia e indústria.
E já podemos dizer que a Indústria 5.0 está sendo colocada em prática?
É difícil dar uma resposta definitiva, já que boa parte do setor industrial, no Brasil e no mundo, ainda está se adaptando às tecnologias da Indústria 4.0.
Podemos apontar alguns precursores, como a Tesla e a Apple, mas nenhum produto ou serviço que tenha chegado à maioria das pessoas. Por enquanto, a Indústria 5.0 está no campo da discussão conceitual.
Esse debate é bastante recente: um marco inicial é a pesquisa “Machine Dreams: making the most of the Connected Industrial Workforce” , realizada em 2016 pela consultoria Accenture. Apesar de não usar o termo “Indústria 5.0”, ela já mostrava a preocupação de executivos em relação ao trabalho conjunto entre seres humanos e máquinas.
O conceito foi sistematizado em 2018, no artigo “Birth of industry 5.0: Making sense of big data with artificial intelligence, ‘the internet of things’ and next generation technology policy” , escrito pelos pesquisadores Vural Özdemir e Nezih Hekim.
A discussão sobre a Indústria 5.0 é resultado de quatro revoluções industriais , marcadas por avanços tecnológicos cada vez mais acelerados.
Confira as principais características de cada uma delas logo abaixo. Lembramos que se trata de um resumo e que nem todos os países passaram por um processo de industrialização semelhante.
Ilustração de uma fábrica têxtil com teares mecânicos, feita em 1835. Domínio Público/Wikimedia Commons.
Com início na década de 1760, a Indústria 1.0 é caracterizada pela geração de energia por meio da água e do vapor. A queima de combustíveis fósseis, como o carvão, se acentua nesse período.
A indústria têxtil e de aço e o transporte ferroviário se destacaram nessa fase. O modelo inglês é o principal representante da Primeira Revolução Industrial.
A energia elétrica e a invenção do motor de combustão interna marcam a transição entre a Indústria 1.0 e a 2.0, na década de 1840. Essas tecnologias permitiram a implantação de linhas de montagem nas fábricas, o que fomentou a produção em massa.
O modelo fordista das indústrias dos Estados Unidos são o principal exemplo dessa fase.
Foto ilustrativa do Sistema de Produção da Toyota. Lenny Kuhne/Unsplash
Nas décadas de 1960 e 1970, a automação de processos na indústria ganha força, graças às tecnologias da informação.
O Toyotismo é o principal sistema de produção dessa fase da Revolução Industrial. Os ideais do Lean Thinking que nortearam os processos da fabricante japonesa são referência até hoje na indústria.
Foto ilustrativa de data center, representando o conceito de Computação em Nuvem. Ian Battaglia/Unsplash.
A quarta fase da Revolução Industrial é caracterizada pela interface entre o mundo físico e o virtual, por meio de tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Computação em Nuvem e Internet das Coisas (IoT).
Ela também engloba o uso de fontes de energia renováveis, como a eólica e solar. Tudo isso com o objetivo de aumentar ainda mais a produtividade, porém de forma mais sustentável.
Enquanto a Indústria 4.0 se concentra na digitalização de processos para aumentar a eficiência da produção, a Indústria 5.0 foca incorpora valores sociais e humanos no processo industrial, sem ter como principal objetivo o lucro.
Por isso dissemos que a Indústria 5.0 veio complementar a 4.0. A crescente automação fez com que governos e organizações se preocupassem com a desumanização da indústria, o que poderia gerar um contingente de profissionais não-empregáveis, como explica o professor convidado da Pós PUCPR Digital , Yuval Harari.
Isso não significa que os avanços tecnológicos serão deixados de lado. Eles são primordiais para a concretização dos pressupostos da Indústria 5.0.
O co-trabalho entre seres humanos e máquinas só é possível graças a um conjunto de novas tecnologias:
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Por okleina
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