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Você já passou por situações em que sentiu um vazio, como se não houvesse sentido para o que estava fazendo?
Esse sentimento é estudado pela Logoterapia, que tem como foco a busca pelo sentido da vida. Desenvolvida pelo psiquiatra Viktor Frankl, a abordagem terapêutica é praticada em hospitais, clínicas e consultórios há décadas, inclusive no Brasil. O país conta com 8 associações e institutos de pesquisa creditados como membros da Associação Internacional de Logoterapia e Análise Existencial.
A seguir, você vai conhecer a proposta da Logoterapia, o que essa abordagem considera como sentido da vida e as principais técnicas usadas por psicólogos que seguem as ideias de Frankl.
❗ ATENÇÃO: este conteúdo tem caráter informativo e não oferece diagnósticos. Todo processo psicoterapêutico deve ser conduzido por um profissional.
A Logoterapia ou Análise Existencial (LTEA) é uma abordagem da psicologia clínica que tem como foco a busca pelo sentido, considerada a principal motivação de todos os seres humanos. Tem reconhecimento internacional e se baseia em dados empíricos, sem estar associada a uma doutrina religiosa específica.
A mais antiga associação profissional e científica de psicologia, a American Psychological Associaton (APA) , reconhece a Logoterapia como uma abordagem de psicoterapia, definindo-a como:
A Logoterapia é uma abordagem da psicoterapia que foca no “dilema humano”, ajudando o cliente a superar crises existenciais. O processo terapêutico geralmente consiste em examinar três tipos de valores: (a) criativo (ex.: trabalho, conquistas), (b) experiencial (ex.: artes, ciência, filosofia, compreensão, amor) e (c) atitudinal (ex.: lidar com dor e sofrimento). Cada cliente é encorajado a encontrar a própria solução, o que também deve incorporar responsabilidade social e relacionamentos construtivos.
A Logoterapia tem como bases filosóficas:
A Análise Existencial acompanha o nome da abordagem por compor o seu processo psicoterapêutico. Ela consiste na reflexão sobre a existência, considerando a autorresponsabilidade e autorrealização do indivíduo.
Os estudiosos da Logoterapia dividem a Análise Existencial em duas categorias:
Independentemente da categoria, o papel de psicoterapeutas nessa abordagem é mediar a busca das pessoas por um propósito específico e individual. Eles não devem julgá-las nem as persuadir a tomarem uma decisão.
A Logoterapia também é conhecida como Terceira Escola Vienense de Psicoterapia pelo impacto das ideias de seu criador, o psiquiatra e professor da Universidade de Viena Viktor Frankl (1905-1997). A abordagem sucedeu a da Psicologia Individual, do psicólogo Alfred Adler (1870-1937), e a da Psicanálise, de Sigmund Freud (1856-1939).
A Logoterapia parte de 3 conceitos filosóficos e psicológicos: a liberdade da vontade, a vontade de sentido e o sentido da vida.
A definição de liberdade para a Logoterapia é o espaço que um indivíduo tem para moldar a própria vida, dentro dos limites do seu contexto socioeconômico e cultural.
Essa liberdade vem da dimensão espiritual de cada pessoa, entendida como algo que está acima do corpo físico e da psiquê. A dimensão espiritual é essencialmente humana, ou seja, é o que nos diferencia dos demais seres vivos.
Nesse sentido, todo ser humano é livre para decidir e capaz de agir em relação a condições psicológicas, biológicas e sociais. Não somos organismos que apenas reagem ao que acontece ao nosso redor, mas seres autônomos capazes de alterar nossas vidas de maneira ativa.
A liberdade da vontade na Logoterapia é o que possibilita pacientes a tomarem decisões apesar dos impactos dos transtornos mentais em seu dia a dia.
Todo ser humano é livre para alcançar seus objetivos e propósito, o que seria a motivação primária de nossa existência.
Por isso, quando alguém não consegue perceber a “vontade de sentido” em sua vida, é comum experienciar uma sensação de vazio existencial – o que pode prejudicar a saúde mental.
A Logoterapia atua para auxiliar pacientes a entenderem o que os impede de encontrar um sentido da vida, além de auxiliar a identificarem seus propósitos. Estes devem ser percebidos pelos próprios pacientes, por meio do diálogo com o psicoterapeuta.
Na abordagem da Logoterapia, o propósito de um indivíduo faz parte da realidade objetiva. Não é algo ilusório, divino nem generalizante, como pode parecer quando ouvimos a pergunta “qual é o sentido da vida?”.
Toda pessoa sente-se inspirada a oferecer o que tem de melhor para a sociedade, por meio da percepção do significado de diferentes momentos da vida. O propósito não é imutável, alterando-se de acordo com as situações enfrentadas por cada indivíduo.
Nas sessões de Análise Existencial, os pacientes trabalham habilidades socioemocionais como flexibilidade e resiliência. Elas vão ajudá-los a lidar com questões do dia a dia, sem perder de vista seu propósito.
Viktor Emil Frankl foi psiquiatra, neurologista e professor da Universidade de Viena. Seu livro mais famoso sobre a Logoterapia foi publicado após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945): “Em Busca de Sentido” (1946).
Na obra, Frankl narrou suas experiências como o prisioneiro número 119.104 em Auschwitz, o mais conhecido campo de concentração nazista. Durante esse evento traumático, o psiquiatra refletiu sobre temas como morte, finitude, temporalidade e sentido da vida. Ele concluiu que ter um propósito era um fator importante para a sobrevivência dos prisioneiros.
Mas o fundador da Logoterapia já lidava com questões existenciais antes de passar pelos campos de concentração. Nascido em Viena, em uma família de cultura judaica, Frankl questionava-se sobre o sentido da vida já na adolescência, quando proferiu uma conferência sobre o assunto na Universidade Popular da capital.
A primeira menção à expressão “Logoterapia” aconteceu em 1926, em uma conferência em Berlim. A ideia de Análise Existencial viria em 1933, no artigo “Philosophy and Psychotherapy: on the Foundation of an Existential Analysis”, com o desenvolvimento de uma prática terapêutica preventiva para ajudar os jovens austríacos a lidarem com os impactos da crise econômica pós-Primeira Guerra.
Ao longo de sua carreira, entrou em contato com as ideias dos filósofos Max Scheler, Kal Jaspers, Martin Heidegger, Ludwig Binswanger e Martin Buber. A perspectiva da antropologia filosófica contribuiu para delinear a abordagem psicoterapêutica de Frankl.
Fora da academia, Frankl atuou em centros de aconselhamento para adolescentes e no hospital psiquiátrico de Viena. Em 1937, abriu um consultório de neurologia e psiquiatria. Seria deportado para um campo de concentração cinco anos depois, junto com a família.
Após a Segunda Guerra, ocupou por 25 anos o cargo de diretor da Policlínica Neurológica de Viena. Em 1949 se tornou professor de Neurologia e Psiquiatria da Universidade de Viena e, a partir de então, dedicou-se à docência.
Viktor Frankl faleceu em 2 de setembro de 1997, aos 92 anos. O Viktor Frankl Institut, de Viena, contabiliza 43 livros escritos pelo psiquiatra ao longo da vida.
Já falamos do sentido da vida como um dos pilares da Logoterapia. Agora vamos detalhar mais esse conceito.
O sentido da vida se expressa na relação de um indivíduo com o mundo. Toda pessoa busca um propósito para sua existência ao interagir com a realidade, processo que também constitui a experiência de ter um sentido.
Por isso somos capazes de questionar nossa própria existência e procurar um significado para ela. A possibilidade de ver a si mesmo é o que nos dá uma dimensão noética do ser humano, que tem consciência e uma espiritualidade a ser desenvolvida.
Em outras palavras, é com a busca pelo sentido da vida que conseguimos interpretar e lidar com a realidade, com o mundo exterior.
Do ponto de vista da Logoterapia, é o sentido da vida que nos torna humanos. Uma pessoa só se faz humana quando se dedica a uma determinada tarefa, a um propósito, não se concentrando apenas em si mesma ou prestando um serviço para outras pessoas.
Para Viktor Frankl, a sensação da falta de um sentido da vida, o “vazio”, é uma prova da humanidade de uma pessoa. Isso não significa que o vazio existencial seja uma doença ou um transtorno.
A Logoterapia oferece uma série de técnicas para o processo de psicoterapia. As mais conhecidas são a derreflexão, a intenção paradoxal e o diálogo socrático.
Mas se você quiser conhecer mais técnicas dessa abordagem, o curso Inteligência Espiritual, Carreira e Sentido da Vida da Pós PUCPR Digital oferece um módulo dedicado à Logoterapia.
O professor convidado é Gustavo Arns , criador do Centro de Estudos da Felicidade e idealizador do Congresso Internacional de Felicidade.
As aulas são 100% online e a pós-graduação é reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Além de contar com o selo de qualidade da PUCPR, você vai aprender a lidar com as questões da sociedade contemporânea com uma metodologia de ensino exclusiva.
Confira a seguir as características das 3 principais técnicas da Logoterapia, de acordo com o Dicionário de Psicologia da APA.
Indicada para pessoas que estão em um estado de auto-observação excessivo, pensando de forma obsessiva em um problema ou situação. Esse fenômeno é conhecido como ruminação na Psicologia.
A derreflexão consiste em desviar a atenção do paciente de si mesmo para um assunto diferente, geralmente relacionado a algo mais importante no contexto da sua vida futuro. O objetivo é interromper o ciclo retroalimentado pela hiperintenção (busca exagerada) e pela hiper-reflexão (atenção exagerada).
O paciente é orientado a imaginar uma situação estressora de forma exagerada, dando um aspecto cômico à cena. Assim ele se distancia dos sintomas associados a esse momento e, aos poucos, percebe que as consequências catastróficas de que tem tanto medo dificilmente vão acontecer.
A intenção paradoxal foi desenvolvida por Viktor Frankl, originalmente, para o tratamento de fobias. Hoje é indicada para transtornos de ansiedade de forma geral.
Também chamada de “modificação de atitudes” , a última técnica da Logoterapia se baseia na investigação de conceitos e valores que norteiam as atividades e os julgamentos do paciente. Isso é feito por meio do diálogo entre duas ou mais pessoas.
Há situações em que o psicólogo faz perguntas estratégicas para ajudar o paciente a entender as próprias crenças e sentimentos. No caso da terapia cognitiva, as questões servem para identificar distorções nas interpretações que o paciente tem sobre determinadas situações.
💡Quer aprender ainda mais sobre Logoterapia? Confira uma lista de livros de Viktor Frankl e as fontes consultadas para este conteúdo do Blog da Pós PUCPR Digital :
Por okleina
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